Page 26 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 49. Nº3
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maior controlo visual da área lacrimo-nasal, assim como TABELA 1
o tratamento de uma eventual patologia concomitante Caracterização demográfica dos doentes
das fossas nasais, tornando-a a técnica de eleição na Sexo (%) Idade
revisão de dacriocistorrinostomias por via externa . M F Média Desvio Mediana
1-3
As taxas de sucesso aproximam-se da via externa , Padrão
1-3
embora com necessidade frequente de procedimentos Recidiva (n=10) 40,0 60,0 57,9 18,3 61,0
cirúrgicos simultâneos (nomeadamente, correcção de Não Recidiva 28,1 71,9 63,0 13,6 64,0
3
desvios do septo ou patologia dos cornetos), para um (n=64)
melhor acesso à via lacrimal e a prevenção de sinéquias Total (n=74) 29,7 70,3 62,3 14,3 64,0
entre as paredes externa e interna das fossas nasais.
A recidiva da patologia das vias lacrimais após frequentes (figura 1). Destes, 6 doentes pertenciam
DCR endoscópica persiste em 10 a 15% dos casos , ao subgrupo R e 17 ao subgrupo NR (60% e 26,6%,
1
encontrando-se habitualmente associada a 1) defeitos respectivamente).
de cicatrização da mucosa – sinéquias, aderências
ou granulações, condicionadas por exposição óssea FIGURA 1
Distribuição da patologia rinossinusal
desprovida de revestimento mucoso; 2) osteotomias (Frequência Absoluta – FA)
pequenas ou limitadas à porção inferior do saco
lacrimal; 3) ausência de abertura da agger-nasi, que
permanece em contacto com a parede óssea da loca
lacrimal em 85% dos casos, sendo causa frequente de
restrição à drenagem lacrimal na fossa nasal.
Na perspectiva de rever procedimentos e boas práticas
cirúrgicas, assim como identificar a existência de
possíveis factores preditivos de recidiva, procedeu-
-se a um estudo retrospectivo de revisão do resultado
cirúrgico dos doentes submetidos a DCR endoscópica
no Serviço de Otorrinolaringologia (ORL) do Hospital de
São José nos últimos quatro anos.
A maioria dos doentes (48,6%) apresentava dacriocistites
de repetição como motivo de consulta em ORL, sem
MATERIAL E MÉTODOS
Efectuou-se um estudo retrospectivo observacional diferenças significativas entre os dois subgrupos. Da
analítico dos doentes sujeitos a DCR endoscópica mesma forma, não se verificaram diferenças entre
de Janeiro de 2005 a Dezembro de 2009, através da os subgrupos quanto à lateralidade, com uma ligeira
consulta de processos, com avaliação das variáveis preponderância global à direita (45,9% versus 36,5% à
demográficas, antecedentes pessoais, apresentação esquerda e 17,6% bilateralmente). Efectuaram-se 122
clínica, exames complementares efectuados e evolução exames complementares de diagnóstico para estudo
após a cirurgia. Foram definidos e caracterizados dois destes doentes (uma média aproximada de 1,6 exames
subgrupos, com base no sucesso cirúrgico destes por doente), sendo a dacriocistografia (DCG) o exame
doentes – os que recidivaram (“Recidiva” – R) e os que mais requisitado (figura 2).
o não fizeram (“Não Recidiva” – NR). FIGURA 2
Distribuição dos exames efectuados (Frequência Relativa – FR)
RESULTADOS
Observaram-se 74 doentes, dos quais 22 do sexo
masculino (29,7%) e 52 do sexo feminino (70,3%), com
idade média de 63,3 anos (desvio padrão 14,3). Dez
doentes recidivaram, o que perfaz uma taxa de sucesso
cirúrgico global de 86,5%.
A distribuição por idade e sexo era semelhante entre
os dois subgrupos (ver tabela 1). Relativamente
a antecedentes pessoais, 23 doentes (31,1%)
apresentavam patologia rinossinusal, sendo o desvio
do septo e a rinossinusite crónica os problemas mais
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