Page 31 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 49. Nº3
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FIGURA 4                                          FIGURA 6
          Antecedentes pessoais relevantes                  Abcesso periepiglótico










                                                                                                                   ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE












          (29%), faringe (19%) e úvula (6%). Quarenta por cento
          dos doentes apresentava-se febril (figura 5). Todos os
          doentes  estudados  foram  internados  para  vigilância
          de  dificuldade  respiratória,  realizando  antibioterapia   DISCUSSÃO
          (cefalosporina  na  maioria  dos  casos),  corticoterapia,   A supraglotite aguda tem-se tornado cada vez mais uma
          e terapêutica inalatória. O tempo de internamento foi   doença  dos  adultos,  provavelmente  como  resultado
          em média de 3,5 dias (mín – 1; máx – 9 dias). Como   da  imunização  global  das  crianças  para  Haemophilus
          complicações,  a  registar  um  abcesso  periepiglótico   influenzae  tipo  b.  Na  revisão  bibliográfica  efectuada,
          (figura  6)  com  necessidade  de  traqueotomia  e  um   verificou-se um aumento da incidência desta patologia
          doente com necessidade de intubação orotraqueal para   nos adultos, o que se poderá dever a um diagnóstico
          segurança da via aérea. Não houve casos fatais.   precoce  e  mais  eficaz  desta  patologia,  bem  como  ao
                                                            uso  indiscriminado  de  antibióticos  e  emergência  de
          FIGURA 5                                          resistências polimicrobianas .  Nos  dados  recolhidos
                                                                                    3,4
          Alterações observadas no exame ORL de doentes internado
          por supraglotite aguda                            do grupo de doentes estudados, verificou-se não haver
                                                            um aumento significativo da incidência, o que poderá
                                                            ser explicado pelo curto período de tempo estudado.
                                                            Também  não  houve  uma  sazonalidade  evidente,  com
                                                            casos presentes ao longo de todo o ano, embora mais
                                                            frequentes nos meses de Janeiro e Julho. Na população
                                                            estudada,  houve  um  predomínio  de  atingimento  do
                                                            sexo masculino (1:2,5) e a idade média foi de 47,3 anos.
                                                            Estes dados estão de acordo com a literatura .
                                                                                                 1,3
                                                            Os  sintomas  reportados  na  apresentação,  odinofagia
                                                            (78%),  disfagia  (67%)  e  dispneia/estridor  (42%),  são
                                                            similares a outros estudos, assim como a duração dos
                                                            sintomas,  que  foi  de  2,7  dias .  Contudo,  de  realçar
                                                                                      3,4
                                                            que  existem  também  apresentações  atípicas,  como
                                                            a sensação de corpo estranho faríngeo ou história de
                                                            traumatismo químico ou térmico, e que apenas um alto
                                                            índice de suspeição poderá levar ao diagnóstico 9,10 .
                                                            Co-morbilidades  sistémicas  subjacentes  e  factores  de
                                                            risco subjacentes podem ter algum papel no curso de
                                                            uma supraglotite aguda, nomeadamente a associação
                                                            de diabetes com a necessidade de intervenção na via
                                                            aérea 1 e o aumento desta patologia nos doentes com
                                                            imunodeficiência . No estudo realizado, verificou-
                                                                          5


                                                                                      VOL 49 . Nº3 . SETEMBRO 2011     157
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