Page 30 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 49. Nº3
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tecido linfóide reactivo, têm menor risco de obstrução FIGURA 1
que as crianças, porém não existe consenso quanto à Nº de internamentos por Supraglotite Aguda nos últimos 6
anos
necessidade e momento de intervenção na via aérea . A
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ocorrência de abcesso periepiglótico é uma complicação
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rara .
No diagnóstico diferencial de supraglotite aguda
podemos considerar várias etiologias, incluindo
patologia infecciosa, mas também traumática, química,
térmica, auto-imune ou neoplásica 4, 6-10 .
Os sintomas na apresentação variam, desde febre,
odinofagia e disfagia até sialorreia e dificuldade
respiratória marcada, com dor à palpação cervical
anterior . Nos adultos, a visualização da epiglote pode
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ser realizada por laringoscopia indirecta e, sempre
que possível, através de nasoendoscópio flexível. A FIGURA 2
utilização de radiografia cervical para o diagnóstico de Nº de internamentos por Supraglotite Aguda por mês
supraglotite apresenta uma baixa sensibilidade (38%) e
especificidade (76%) .
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O tratamento de supraglotite aguda é controverso,
incluindo antibioterapia e tratamento de suporte, mas
sem consenso no que respeita à monitorização em
cuidados intensivos e à agressividade na manutenção da
permeabilidade da via aérea .
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O objectivo deste trabalho foi estudar a apresentação
clínica e tratamento efectuado em doentes com
patologia infecciosa supraglótica, nomeadamente a
sazonalidade, curso clínico, manutenção da via aérea e
complicações desta patologia.
FIGURA 3
MATERIAL E MÉTODOS Sintomas na apresentação
Foi realizado um estudo retrospectivo dos processos de
78 doentes internados com o diagnóstico de supraglotite
aguada e epiglotite aguda entre 2004 e 2009 através
de pesquisa informática na base de dados hospitalar
com o diagnóstico principal “Supraglotite aguda” ou
“Epiglotite aguda”.
RESULTADOS
A população estudada consistiu em 78 doentes, 56 (72%)
homens e 22 (28%) mulheres, com uma média de idades
de 47,3 anos (mín 17; máx 85 anos). Constatou-se que
nos últimos seis anos o número de internamentos por
supraglotite aguda permaneceu estável, variando entre
10 e 16 internamentos por ano (figura 1). Os meses em (figura 3). No que concerne aos antecedentes pessoais,
que se verificou maior número de internamentos foram 15% dos doentes eram fumadores, 10% eram diabéticos
Janeiro e Julho (figura 2). O tempo médio de evolução e 8% apresentavam hipertensão e dislipidemia. Cinco
dos sintomas na apresentação foi de 2,7 dias (mín – 1; por cento dos doentes eram asmáticos ou apresentavam
máx – 15 dias). Os sintomas mais frequentes foram a alergias associadas (figura 4). No exame físico (observação
odinofagia (78%), disfagia (67%) e dispneia/estridor da boca e orofaringe, laringoscopia indirecta e/ou
(42%), mas também se reportaram outros sintomas nasofibroscopia), a região laríngea mais atingida era a
como disfonia (15%), sensação de corpo estranho epiglote (74%), muitas vezes com atingimento de outras
faríngeo (13%) e traumatismo em 5% dos doentes
estruturas, como as pregas aritenoepiglóticas
156 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL

