Page 28 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 49. Nº3
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doentes  com  antecedentes  de  patologia  rinossinusal   Referências bibliográficas:
         não  corrigida,  a  taxa  de  sucesso  da  DCR  baixou  para   1.Klap P, Bernard JA, Cohen M, Ameline V et al. Dacryocystorhinostomie
         73,9%. O tempo médio de internamento foi semelhante   endoscopique. In: Encycl Méd Chir, Techniques chirurgicales – Tête et
         ao  da  literatura ,  mas  as  complicações  foram  menos   cou, Paris, Elsevier. 2003; 46-185:pp1-14.
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         graves e em menor número.                          2.Fernandes SV. Dacryocystorhinostomy. 2008; www.emedecine.com.
         No  subgrupo  “Recidiva”,  constatou-se  que  60%   Acedido em Abril 1, 2010.
         dos  doentes  apresentavam  patologia  nasossinusal   3.Nussbaumer M, Schreiber S, Yung M. Concomitant nasal procedures
         concomitante,  tendo  sido  efectuada  a  correcção   in  endoscopic  dacryocystorhinostomy.  Journal  of  Laryngology  and
         cirúrgica  da  mesma  na  primeira  DCR  apenas  num   Otology. 2004 Apr; 118:267-269.
         doente  (16,6%).  Não  se  verificou  aparente  relação
         da  recidiva  com  idade,  quadro  clínico  inicial  (epífora
         ou  dacriocistite)  ou  lateralidade,  nem  com  o  nível  de
         obstrução documentado na dacriocistografia.
         A  taxa  de  sucesso  cirúrgico  foi  inferior  na  revisão
         (embora superior à cirurgia de revisão da DCR externa,
         segundo a literatura ). Tal pode relacionar-se com um
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         nível  de  obstrução  tendencialmente  mais  alto,  como
         se  confirmou  nas  dacriocistografias  subsequentes,
         ou  com  alterações  da  cicatrização  da  mucosa,  sujeita
         a  agressão  repetida.  Houve  necessidade  de  efectuar
         procedimentos concomitantes em 50% destes doentes,
         sendo novamente a correcção do desvio do septo nasal
         e  da  hipertrofia  do  corneto  médio  as  patologias  mais
         frequentemente corrigidas (perfazendo um total de 56%
         dos procedimentos cirúrgicos concomitantes). O tempo
         de internamento e as complicações não aumentaram.

         CONCLUSÃO
         Ao longo deste trabalho, ficou patente a reduzida amostra
         do subgrupo “Recidiva” (semelhante à da literatura), o que
         condiciona a significância das conclusões apuradas. Não
         foi determinada significância dos factores idade, sexo,
         quadro clínico inicial, lateralidade e nível de obstrução
         inicial na dacriocistografia para a ocorrência de recidiva.
         Constatou-se que o factor de risco aparentemente mais
         significativo  era  a  existência  de  patologia  rinossinusal
         concomitante  (especial  relevância  do  desvio  do  septo
         nasal e hipertrofia do corneto médio), desde que não
         corrigida  simultaneamente.  Os  procedimentos  para
         a  correcção  cirúrgica  deste  antecedente,  quando
         efectuados durante a DCR endoscópica, aumentaram a
         taxa de sucesso da mesma.
         Assim, e atendendo à elevada prevalência de patologia
         rinossinusal  concomitante  e  à  importância,  nestes
         doentes,  da  realização  simultânea  de  procedimentos
         cirúrgicos  nasais  de  correcção  para  diminuir  os  casos
         de  insucesso  na  dacriocistorrinostomia,  advoga-se  a
         atenção  cuidada  do  especialista  de  ORL  no  despiste
         e  caracterização  deste  tipo  de  patologia,  com  vista  a
         terapêutica  cirúrgica  atempada.  Mais  estudos  e  com
         maior amostra de doentes são necessários para definir
         seguramente factores preditivos de recidiva.




     154 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL
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