Page 29 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 48 Nº4
P. 29
GRÁFICO 5 envolvido no tratamento destes doentes em casos de
Exames complementares de diagnóstico pedidos odinofagia/disfagia grave e compromisso da via aérea .
19
No estudo realizado foram consultados os processo de 87
doentes internados com o diagnóstico de mononucleose,
constatando-se que se tratavam na maioria de doentes
em idade pediátrica (51% dos doentes tinha idade inferior
a 12 anos), o que não está de acordo com a gravidade
de sintomas que normalmente é mais característico da
mononucleose em adolescentes e adultos jovens . O
7
número de internamentos permaneceu estável durante os
anos incluídos no estudo, o que contraria a suposição de
que a gravidade das manifestações da mononucleose tem
aumentado nos últimos anos assim como a necessidade
8
de internamento hospitalar . ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
A maioria dos doentes encontrava-se já medicada
TABELA 4 quando recorreu ao serviço de urgência, nomeadamente
Motivo para a necessidade de internamento nos doentes com com antibioterapia, sem melhoria dos sintomas, o que
mononucleose infecciosa normalmente se relaciona com o facto de se realizar um
Motivo de internamento % diagnóstico primário de amigdalite aguda , com necessidade
13
Odinofagia 35 da revisão deste diagnóstico subsequentemente.
Hepatite/esplenomegalia 35 Dado tratar-se de uma infecção sistémica, a sintomatologia
Adenopatias 20 encontrada na admissão foi variada. Apesar da tríade
clássica de sintomas (febre, adenopatias e odinofagia) ser a
Febre 16
mais frequente, pode-se encontrar também manifestações
Dificuldade respiratória 9
dermatológicas (rash cutâneo associado a administração
Trombocitopenia 8 de antibioterapia em 19% dos doentes), respiratórias
Meningoencefalite 5 (dificuldade respiratória em 11% dos doentes, tosse em
Rash 4 5%), neurológicas (cefaleias em 14% dos doentes). No que
Leucopenia/leucocitose 4 respeita aos achados no exame físico, de forma semelhante,
Derrame pleural 3 encontrou-se mais frequentemente exsudado/rubor
amigdalino, adenopatias dispersas e febre na maioria dos
Anemia 1
doentes, constatando-se frequentemente a presença de
TABELA 5 atingimento hepático (hepatoesplenomegalia em 53% dos
Terapêutica instituída durante o internamento doentes internados, icterícia em 9%).
Terapêutica instituída % Analiticamente, as alterações encontradas foram
1-2
Analgesia 89 típicas da mononucleose , com linfomonocitose (82%) e
presença de linfócitos atípicos (64%). Registou-se citólise
Antibioterapia 26
hepática em mais de metade dos doentes (51%), o que se
Corticoterapia 9
relaciona com a hepatoesplenomegalia encontrada em
Outros 7 muitos deles. Anemia e trombocitopenia (27 e 22%) foram
Antivírico 3 também achados e motivos para a admissão hospitalar. A
ecografia abdominal para estudo hepático e esplénico foi
DISCUSSÃO o exame complementar mais pedido, o que está de acordo
A mononucleose infecciosa é uma doença normalmente com as alterações hepáticas também frequentemente
2
autolimitada e benigna, causada pelo vírus Epstein- encontradas .
Barr, e caracterizada por febre, astenia, adenopatias, O diagnóstico de mononucleose infecciosa foi clínico, sem
20
odinofagia e hepatoesplenomegalia , que resolve num isolamento de agente, em 31% dos casos, dada a sugestiva
1
período de semanas a meses sem sequelas significativas . impressão clínica. Na maioria das vezes, o monospot
Ocasionalmente, pode complicar-se com manifestações teste foi o teste utilizado para o diagnóstico (positivo em
10
diversas e atingimento de múltiplos órgãos e sistemas 36% dos casos), sendo a forma mais rápida e simples .
e obrigar a uma vigilância mais apertada em regime de De realçar que também se encontraram outros agentes
internamento. O otorrinolaringologista é normalmente etiológicos para a mononucleose neste grupo de doentes,
VOL 48 . Nº4 . DEZEMBRO 2010 199

