Page 32 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 48 Nº4
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computadorizada, pode ser útil ao revelar alterações da mucosa   50-59  anos,  respectivamente.  Após  os  60  anos,  a  prevalência
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          ao  nível  do  complexo  ostiomeatal  e/ou  seios  perinasais.  A   diminui para 4.7% .
          sintomatologia deverá ter uma duração superior a 12 semanas.   Na  patofisiologia  desta  entidade  estão  implicadas  algumas
          Apesar de poderem existir exacerbações, nunca se constata uma   situações,  sendo  as  mais  relevantes  a  existência  de  um
          resolução completa das queixas .                  compromisso do arejamento e drenagem dos seios perinasais, a
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         FIGURA 1
         Mucosa nasossinusal com epitélio pseudoestratificado ciliado normal. Observam-se células ciliadas com algumas células goblet dispersas. (Ampliação
         5000x mag, 15000x mag e 50000x mag, respectivamente).



















          A gravidade da doença pode ser documentada recorrendo a uma   alteração da clearance muco-ciliar e a ocorrência de inflamação/
          escala visual analógica (0-10 cm), em que o doente quantifica   infecção 1,5,8,9 .
          na escala de que forma os sintomas de rinossinusite crónica o   Certas variações anatómicas, como desvio do septo, hipertrofia
          incomodam no seu quotidiano. A doença pode, desta forma, ser   dos cornetos inferiores, concha bulhosa ou apófise unciforme
          classificada em ligeira (0-3), moderada (4-7) ou severa (8-10) . 1  deslocada têm sido implicadas como um potencial factor de risco
          Apesar  da  elevada  prevalência  e  da  morbilidade  significativa   para o desenvolvimento de rinossinusite crónica ao causarem um
          da  rinossinusite  crónica,  a  epidemiologia  desta  patologia  não   obstáculo ao arejamento e drenagem dos seios perinasais 1,6,8,9 .
          é conhecida com exactidão dada a ausência de uniformização   Apesar de não existir evidência de uma correlação causal entre
          na  definição  de  rinossinusite  crónica .  Estima-se  que  afecta   as variações anatómicas nasais e a incidência de rinossinusite
                                     1,3
          15-16%  da  população  norte-americana.  A  prevalência  é   crónica,  constata-se  frequentemente  a  resolução  das  queixas
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          substancialmente maior no sexo feminino, numa proporção sexo   nasossinusais  após  cirugia .  Alguns  autores  têm  constatado
          feminino/masculino de 6/4. A prevalência aumenta com a idade,   que  perante  as  mesmas  condições,  apenas  alguns  doentes
          com uma média de 2.7% e 6.6% nas faixas etárias dos 20-29 e   desenvolvem  rinossinusite  crónica.  Desta  forma,  doentes

         FIGURA 2
         Células ciliadas destruídas, dispostas horizontalmente sobre a mucosa nasossinusal






























     202 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL
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