Page 88 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº4
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ATRÉSIA CONGÉNITA DAS CHOANAS - CASO CLÍNICO E REVISÃO DA TERAPÊUTICA.
principais a remoção e redução do septo ósseo No entanto, com o advento da via transna-
posterior, com ou sem preservação de retalhos sal endoscópica, é apenas utilizada em alguns
de mucosa, e remoção da placa atrésica, quer casos em crianças mais velhas, após os 6 anos
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seja com recurso a pinças de preensão e cor- de idade , e cirurgias de revisão.
te retrógrado, quer seja usando "microdebri- As complicações mais frequentes desta téc-
ders 11 1,2,6.
nica cirúrgica são as perturbações no cresci-
A maioria dos autores defende a colocação mento dentário e do palato, sindrome de malo-
de um "stent" pós-operatório, durante cerca de clusão dentária em 50% dos casos, fístulas
3 a 6 semanas, para prevenir a possibilidade oronasais, maior tempo operatório e maior ris-
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de reestenose · · . co de hemorragia intraoperatória · .
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Mas Schoem et al demonstrou que a correc- A via transantral é utilizada em casos re-
ção cirúrgica por via endoscópica, tanto na fratários, uma vez que permite abrir as cho-
atrésia unilateral como bilateral, pode ser efi- anas numa cavidade comum com o seio maxi-
caz sem a colocação dos "stents", uma vez lar1 .
que a boa visualização da placa atrésica per- A abordagem transseptal tem sido consi-
mite uma correcção mais ampla e com menos derada para correcção de atrésia unilateral em
trauma para a mucosa, o que reduz a forma- crianças mais velhas.
ção de tecido de granulação e portanto reduz A remoção de uma parte posterior do septo
a reestenose. nasal permite criar uma janela entre as duas
Além disso, especialmente nas atrésias bila- cavidades nasais, o que se apresenta como uma
terais, uma vez que se trata de crianças muito solução fácil e rápida em alguns casos selec-
pequenas, os "stents" causam desconforto, infec- cionados.
ção e ulceração locais, formação de tecido ci- Se a correcção fõr efectuada muito posterior-
cratricial e lesões nos tecidos normais circun- mente, poderá ser criada uma única choana
dantes4. central que previne a reestenose.
No pós-operatório imediato é de extrema Foi descrita por Muntz et ai em 1998 uma
importância as lavagens nasais com solução técnica similar à septoplastia de Cottle, com
salina e a realização de endoscopias nasais preservação da mucosa e a possibilidade de
periódicas para limpeza das fossas nasais. incisão sublabial, com recolocação da mu-
Alguns autores defendem ainda a adminis- cosa na neochoana, sob visualização endoscó-
tração de medicação antirefluxo nas crianças pica6.
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com refluxo gastro-esofágico , uma vez que a A remoção do septo ósseo pode ser efectua-
existência de refluxo aumenta a incidência de da por broca ou pinça de osso e finaliza-se a
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reestenose, e a utilização de corticoterapia tó- cirurgia com colocação de stent .
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pica nasal durante 1 mês . Finalmente, alguns autores têm descrito a uti-
Holland e McGuirt demonstraram que a lização de laser de C02 ou Nd-YAG na abor-
aplicação de mitomicina C tópica intraoper- dagem transnasal.
atória reduz o risco de reestenose na correc- O laser C02 tem sido aplicado com bons
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ção da atrésia das choanas , mas mais estudos resultados no pós-operatório para a remoção
são ainda necessários para confirmar esta de tecido de granulação ou de cicatrização.
observação. As limitações desta técnica são o acesso,
A via transpalatina estava tradicionalmen- particularmente em doentes com desvios do
te indicada para as atrésias ósseas e bilaterais, septo ou palato arciforme, e a dificuldade de
pois permitia um excelente acesso para visuali- abordagem do osso sem atingir os tecidos mo-
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zação directa. les circundantes .
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