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ATRÉSIA CONGÉNITA DAS CHOANAS - CASO CLÍNICO E REVISÃO  DA TERAPÊUTICA.




               principais a remoção e redução do septo ósseo         No entanto, com  o  advento da via  transna-
               posterior, com  ou  sem  preservação de retalhos   sal endoscópica,  é apenas utilizada em alguns
               de mucosa, e remoção da placa atrésica, quer       casos em  crianças mais velhas, após os 6 anos
                                                                           1
               seja  com  recurso  a  pinças  de  preensão  e cor-  de idade , e cirurgias de revisão.
               te  retrógrado,  quer  seja  usando  "microdebri-     As  complicações  mais  frequentes desta  téc-
               ders  11 1,2,6.
                                                                  nica  cirúrgica  são  as  perturbações  no  cresci-
                 A  maioria dos autores defende a  colocação      mento dentário e do palato,  sindrome de malo-
               de um  "stent"  pós-operatório, durante cerca  de   clusão  dentária  em  50%  dos  casos,  fístulas
               3  a  6  semanas,  para  prevenir a  possibilidade   oronasais,  maior tempo operatório e maior ris-
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               de reestenose · · .                                co de hemorragia intraoperatória · .
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                 Mas Schoem et al demonstrou que a correc-           A  via transantral é utilizada em  casos  re-
              ção  cirúrgica  por  via  endoscópica,  tanto  na   fratários,  uma  vez  que  permite  abrir  as  cho-
               atrésia  unilateral  como  bilateral,  pode  ser  efi-  anas numa cavidade comum  com o  seio maxi-
              caz  sem  a  colocação  dos  "stents",  uma  vez    lar1 .
              que a  boa visualização da placa  atrésica  per-      A  abordagem transseptal tem  sido  consi-
               mite  uma  correcção  mais  ampla  e com  menos    derada para correcção de atrésia unilateral em
              trauma  para a  mucosa,  o  que  reduz  a  forma-  crianças mais velhas.
              ção de tecido de granulação e  portanto reduz         A  remoção de uma  parte posterior do septo
              a  reestenose.                                      nasal  permite  criar  uma  janela  entre  as  duas
                 Além  disso, especialmente nas atrésias bila-   cavidades nasais, o que se apresenta como uma
              terais,  uma  vez que  se  trata  de crianças  muito   solução  fácil  e  rápida  em  alguns  casos  selec-
              pequenas, os  "stents" causam desconforto, infec-  cionados.
              ção e  ulceração locais,  formação de tecido ci-      Se a correcção fõr efectuada muito posterior-
              cratricial  e  lesões  nos  tecidos  normais  circun-  mente,  poderá  ser  criada  uma  única  choana
              dantes4.                                           central  que previne a  reestenose.
                 No  pós-operatório  imediato  é  de  extrema       Foi  descrita  por Muntz  et  ai  em  1998  uma
              importância  as  lavagens  nasais  com  solução    técnica  similar  à  septoplastia  de  Cottle,  com
              salina  e  a  realização  de  endoscopias  nasais   preservação  da  mucosa  e  a  possibilidade  de
              periódicas para limpeza das fossas  nasais.        incisão  sublabial,  com  recolocação  da  mu-
                 Alguns  autores  defendem  ainda  a  adminis-   cosa  na neochoana, sob visualização endoscó-
              tração  de  medicação antirefluxo  nas crianças    pica6.
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              com  refluxo  gastro-esofágico ,  uma  vez que a      A  remoção do septo ósseo pode ser efectua-
              existência  de refluxo  aumenta  a  incidência  de   da  por broca ou  pinça  de osso  e  finaliza-se  a
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              reestenose, e a  utilização de corticoterapia tó-  cirurgia com colocação de stent .
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              pica nasal durante  1 mês .                           Finalmente, alguns autores têm  descrito a uti-
                 Holland  e  McGuirt  demonstraram  que  a       lização de laser de C02 ou  Nd-YAG  na abor-
              aplicação  de  mitomicina  C  tópica  intraoper-   dagem transnasal.
              atória  reduz  o  risco  de  reestenose  na  correc-  O  laser C02 tem  sido aplicado  com  bons
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              ção da atrésia das choanas , mas mais estudos      resultados  no  pós-operatório  para  a  remoção
              são  ainda  necessários  para  confirmar  esta     de tecido de granulação ou de cicatrização.
              observação.                                           As  limitações  desta  técnica  são  o  acesso,
                 A via transpalatina estava tradicionalmen-      particularmente  em  doentes  com  desvios  do
              te indicada para as atrésias ósseas e bilaterais,   septo  ou  palato arciforme,  e  a  dificuldade de
              pois permitia um  excelente acesso para visuali-   abordagem do osso sem atingir os tecidos mo-
                                                                                6
              zação directa.                                     les circundantes .

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