Page 80 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº4
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RECONSTRUÇÃO FARINGO E SOFÁGICA COM ANSA DE JEJUNO EM TUMORES AV ANÇADOS DA FARINGE.
Para a micro-anastomose venosa, o tronco zação do estado da ansa, é laqueado e
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tiro-lingo-facial e a veia jugular externa são os ressecado ao 7 dia.
preferidos podendo, no entanto, a veia jugular Suspende-se anticoagulação.
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interna (geralmente de forma termino-lateral), • 7 · 1 02 Dias: Execução de trânsito eso-
ou mesmo a veia cervical transversa ser igual- fágico contrastado (sistemática) (Fig 3).
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mente utilizados • • • 12 Dia: Retoma alimentar gradual.
As anastomoses são executadas com pro- A sonda nasa-gástrica só é mobilizada
Iene 9/ 0, agulha 3/ 8 e com auxílio de lu- após retoma alimentar gradual bem suce
pas/ microscópio, obedecendo às regras bási- dida.
cas de microcirurgia, podendo desenvolver-se
de forma termino-terminal ou termino-lateral.
Embora os autores desclampem os vasos as- DISCUSSÃO:
sim que as anastomoses são realizadas, visuali-
zando precocemente a boa viabilidade/colora- A técnica cirúrgica apresentada pelos auto-
ção do retalho, incluindo a constatação de um res tem sido usada com frequência em tumores
activo peristaltismo, diversos trabalhos advo- faríngo-laringeos avançados, mas ressecáveis,
gam a manutenção dos clampes vasculares até quer no que respeita aos seus limites quer no
à reconstrução digestiva estar terminada, sem que respeita ao estado físico do doente.
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que contudo se perceba a vantagem associada . Posto isto será necessário precisar quais os
Após desclampagem, e durante alguns minu- doentes que se devem sujeitar a estes procedi-
tos, avalia-se a potência dos pedículos e a mo- mentos, quer no que respeita à patologia em
bilidade da ansa, nomeadamente em resposta causa, quer no que respeita a dados de natu-
ao toque com a pinça (a ansa reflexamente reza clínica sistémica .
contrai). As indicações oncológicas para reconstru-
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Avalia-se igualmente a coloração do retalho. ção faringo-esofágica são :
A evolução durante o período pós-opera- • Tumores Hipofaríngeos extensos (T3 ou T4),
tório imediato é cuidadosamente monitoriza- ou seja, todos os tumores que justifiquem
da, servindo-se, os autores, de um protocolo uma exérese faringe-laríngeo na sua tota-
que, embora flexível, é importante não só para lidade ou quase total.
melhor comparação de resultados, mas tam- • Tumores da junção faringo-esofágica .
bém por se ter revelado o mais eficaz de entre • Tumores múltiplos da hipofaringe e esófago.
os protocolos já utilizados. • Tumores que constituem uma surpresa peri-
Assim temos essencialmente cinco major steps, -operatória, no que respeita a maior ver-
que nos cumpre referir: tente infiltrativa e de extensão loco-regional.
• Dia 0: O doente inicia medicação com • Tumores que constituem recidivas tumorais
anticoagulantes, nomeadamente com he- pós-RT de uma lesão hipofaringea extensa.
parinas de baixo peso molecular.
• Ás 24 horas: Realização de Doppler A plastia para correcção de fístula faríngea
cervical para avaliação do pedículo. pos-operatória - também nos casos supracita-
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• Do 1 ao 7 dia: monitorização bidiá- dos - constitui uma indicação frequente na ca-
ria cuidada do patch de ansa superficia- suística dos autores, embora não executada no
lizado na sutura cutânea. mesmo tempo cirúrgico.
• Ao r- Dia: O pequeno segmento- patch- Para se dar seguimento a um procedimento
de jejuno pediculado, superficializado tão associado a elevadas taxas de morbi-morta-
em relação à pele para melhor monitori- lidade, os autores preconizam um exame exaus-
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