Page 77 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº4
P. 77
HENRIQUES PEREIRA, RICARDO; PORTUGAL, EDITE; BRANQUINHO, FRANCISCO; GUIMAR ÃES, ARNAL DO;
CARDOSO, AZENHA; HENRIQUES PEREIRA, JOÃO
No entanto a progressão verificada no O facto de estarem indelevelmente associa-
campo das técnicas cirúrgicas de reconstrução, dos a tempos operatórios múltiplos, hospitali-
e na estabilização em unidades de cuidados zações prolongadas, e a retoma de alimen-
intensivos, possibilita nos dias de hoje ressec- tação per os tardia (70- 90 dias pós-op), con-
ções alargadas e reconstrução em tempo úni- dicionou a acomodação a tais procedimen-
co, com pós-operatórios simples e de melhor tos3.
1 2
prognóstico loco-regional • • A evolução técnica deu-se então no sentido
Se as plastias viscerais ou cutâneas pedicu- das plastias de retalhos miocutâneos pedicula-
1 5
ladas mantêm ainda indicações • , a utilização dos, destacando-se o retalho do músculo gran-
de retalhos livres da mesma natureza permite de peitoral (Ariyan, 1978), com tempo opera-
reparações rápidas, elegantes e com pouca tório único,hospitalização e retoma a limentar
morbilidade, num único tempo cirúrgico e mes- mais favoráveis, mantendo, no entanto, uma
1 2 34
mo após radioterapia · · · • morbilidade importante - 1 0% necroses; 20%
Nestes casos há a considerar a capacidade estenoses; 1 1% fístulas; retoma alimentar ao
de resistência à RT e a vantagem de se trans- 20º dia, mas impossível em 20% dos casos
ferir tecido não irradiado. (Murakami) -, e revelando-se um retalho pouco
É de realçar, no entanto, que constituem so- plástico e de difícil posicionamento e molda-
luções terapêuticas pesadas em casos clínicos gem.
de prognóstico vital, sempre reservado, e pre- Outros retalhos foram igualmente usados,
conizadas após ponderação no campo do con- embora menos bem sucedidos, como sejam o
3
forto e esperança de vida. retalho do Grande Dorsal ou do Trapézio .
Deve ser, no entanto, e a título de nota, que Perante um tal quadro, e tentando obter re-
também são usados retalhos livres de ansa pa- sultados mais satisfatórios, alguns cirurgiões a-
ra reconstrução faríngea em casos de fístulas postaram em plastias pediculadas e, mais
faríngeas extensas por outro motivo que não a tarde, livres, que já eram conhecidas desde o
exerese de cancro faringeo, cu jo prognostico inicio do século XX, embora tecnicamente
se apresenta muito mais razoavel, tornando pouco exequíveis, mas que só na segunda
a inda mais aliciante dominar esta técnica de metade do século se tentaram generalizar,
reconstrução. devendo-se em grande medida ao inicio da uti-
lização da micro-ci rurgia, com cada vez me-
Evolução histórica: lhores resultados.
As faringoplastias cutâneas foram as primei- O transplante digestivo mais utilizado tor-
ras técnicas usadas para resolver exéreses fa- nou-se a plastia da 3º ansa jejunal, com o seu
ríngeas alargadas. pedículo mesentérico superior (Figura 1 ).
Negu, em 1950, bem como Conley, Edger- Outros transplantes são, mais ou menos es-
3
ton , Wookey, em 1948 (entre outros) , descreve- poradicamente, usados.
ram, apoiados em diversas séries clínicas, a pro- São disso exemplo a plastia de tubolização
gressão então objectivada na resolução de um gástrica - Gastric pu/1-up- e o retalho pedicula-
problema até então muito difícil de ultrapassar. do de sigmóide ou jejunal.
Já na década de sessenta, os retalhos com Com Yang , em 1979 - aproveitando o tra-
pedículo cervico-torácico marcam um notável balho de Salmon ( 1936), a precisar a boa
avanço, com o retalho deito-peitoral com vascularização pela artéria radial da pele do
pedículo torácico (Bakamjian, 1965 ) a apre- antebraço - surge uma nova forma de plastia:
sentar bons resultados à data: 1 0-12% necro- o retalho antebraquial livre (também designa-
13
ses; 6-1 2% estenoses; 30-40% fístulas. do por retalho chinês) • .
---- 412 -------------------------------------------------------------

