Page 14 - Portuguese Journal - SPORL - Vol 54 Nº2
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cultural positivo para Pseudomonas aeruginosa sensível Conflito de interesses
à ciprofloxacina e nos casos de exame cultural negativo, Os autores declaram não ter nenhum confito de
sendo que a dose não requer ajuste em doentes idosos interesses relativamente ao presente artigo.
com disfunção renal , sempre que os doentes cumpram
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critérios para tratamento em ambulatório. Propomos Fontes de financiamento
a utilização de antibioterapia sistémica prolongada Não existiram fontes externas de financiamento para a
durante um período mínimo de 6-8 semanas, devido à realização deste artigo.
presença de osteomielite . Este esquema terapêutico
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foi utilizado em 66.7% dos casos no presente estudo, Referências bibliográficas:
1.Chen YA, Chan KC, Chen CK, Wu CM. Differential diagnosis and
tendo-se observado evolução clínica favorável em todos treatments of necrotizing otitis externa: a report of 19 cases. Auris
os doentes. Contudo, tem-se observado uma resistência Nasus Larynx. 2011 Dec;38(6):666-70
crescente da Pseudomonas aeruginosa à ciprofloxacina 2.Rubin Grandis J, Branstetter BF 4th, Yu VL. The changing face of
malignant (necrotising) external otitis: clinical, radiological, and
(37.1%) , pelo que nestes casos e na presença de anatomic correlations. Lancet Infect Dis. 2004 Jan;4(1):34-9
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refractariedade ao esquema anterior propomos a 3.Patmore H, Jebreel A, Uppal S, Raine CH, et al. Skull base infection
utilização de ciprofloxacina IV na dose de 750 mg de presenting with multiple lower cranial nerve palsies. Am J Otolaryngol.
2010 Sep-Oct;31(5):376-80
12/12h em combinação com uma cefalosporina de 4.Bock K, Ovesen T. Optimised diagnosis and treatment of necrotizing
terceira geração (como por exemplo a ceftazidima) ou external otitis is warranted. Dan Med Bull. 2011 Jul;58(7):A4292
com um aminoglicosídeo. 5.Illing E, Olaleye O. Malignant otitis externa: a review of aetiology,
presentation, investigations and current management strategies.
Embora não existam estudos randomizados e controlados WebmedCentral OTORHINOLARYNGOLOGY 2011;2(3):WMC001725
relativamente à eficácia da oxigenoterapia hiperbárica 6.Hariga I, Mardassi A, Belhaj Younes F, Ben Amor M, et al. Necrotizing
no tratamento da OEN , a mesma tem vindo a ser usada otitis externa: 19 cases’ report. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2010
19
Aug;267(8):1193-8
como terapêutica adjuvante nesta forma severa de otite 7.Guss J, Ruckensteisn MJ. Infections of the External Ear. In: Flint PW,
externa, pelo que defendemos nas guidelines propostas Haughey BH, Lund VJ, et al, eds. Cummings Otorhinolaryngology - Head
o carácter opcional da sua utilização nas formas and Neck Surgery. 5th ed. Philadelphia, PA: Mosby; 2010:1944-1949
8.Rubin J, Yu VL. Malignant external otitis: insights into pathogenesis,
refractárias. clinical manifestations, diagnosis, and therapy. Am J Med. 1988
O papel do tratamento cirúrgico na OEN tem sido Sep;85(3):391-8
amplamente discutido. A cirurgia tem indicação 9.Escada PA, Capucho MC, Correia JP, Pacheco T, et al. Otite externa
maligna micótica: abordagem diagnóstica e terapêutica de uma
inequívoca na drenagem de abcessos e no desbridamento situação rara. Revista Portuguesa de Otorrinolaringologia e Cirurgia
de sequestros ósseos . Contudo, apresenta um papel Cérvico-Facial. 1999;37(2):145-157
1,6
limitado no tratamento da osteomielite da base do crânio, 10.Sudhoff H, Rajagopal S, Mani N, Moumoulidis I, et al. Usefulness of
CT scans in malignant external otitis: effective tool for the diagnosis,
devendo ser evitadas ressecções extensas pelo risco de but of limited value in predicting outcome. Eur Arch Otorhinolaryngol.
exposição de osso saudável ao processo infeccioso e 2008 Jan;265(1):53-6
consequente progressão mais agressiva da doença . 11.Kwon BJ, Han MH, Oh SH, Song JJ, et al. MRI findings and spreading
1,6
patterns of necrotizing external otitis: is a poor outcome predictable?
As guidelines de diagnóstico e de tratamento propostas Clin Radiol. 2006 Jun;61(6):495-504
para a OEN encontram-se sistematizadas na Figura 2. 12.Grandis JR, Curtin HD, Yu VL. Necrotizing (malignant) external otitis:
prospective comparison of CT and MR imaging in diagnosis and follow-
up. Radiology. 1995 Aug;196(2):499-504
CONCLUSÃO 13.Carfrae MJ, Kesser BW. Malignant otitis externa. Otolaryngol Clin
A OEN continua a ser uma entidade potencialmente North Am. 2008 Jun;41(3):537-49
fatal, que requer um diagnóstico e um tratamento 14.Stokkel MP, Boot CN, van Eck-Smit BL. SPECT gallium scintigraphy
in malignant external otitis: initial staging and follow-up. Case reports.
urgentes. Revela-se, deste modo, essencial a publicação Laryngoscope. 1996 Mar;106(3 Pt 1):338-40
de guidelines para OEN. Acreditamos que a utilização 15.Weber PC, Seabold JE, Graham SM. Evaluation of temporal and
dos critérios e das orientações propostas permitirá um facial osteomyelitis by simultaneous In-WBC/Tc-99m-MDP bone SPECT
scintigraphy and computed tomography scan. Otolaryngol Head Neck
diagnóstico mais atempado e um tratamento mais eficaz Surg 1995;113:36–41.
desta forma agressiva de otite externa. 16.Parisier SC, Lucente FE, Som PM, Hirschman Sz, et al. Nuclear
scanning in necrotizing progressive ‘‘malignant’’ external otitis.
Laryngoscope 1982;92:1016–9.
Protecção de pessoas e animais 17.Jacobsen LM, Antonelli PJ. Errors in the diagnosis and management
Os autores declaram que os procedimentos seguidos of necrotizing otitis externa. Otolaryngol Head Neck Surg. 2010
estavam de acordo com os regulamentos estabelecidos Oct;143(4):506-9
18.Jones ME, Karlowsky JA, Draghi DC, Thornsberry C, et al. Antibiotic
pelos responsáveis da Comissão de Investigação Clínica susceptibility of bacteria most commonly isolated from bone related
e Ética e de acordo com a Declaração de Helsínquia da infections: the role of cephalosporins in antimicrobial therapy. Int J
Associação Médica Mundial. Antimicrob Agents. 2004 Mar;23(3):240-6
19.Phillips JS, Jones SE. Hyperbaric oxygen as an adjuvant tratment
for malignant otitis externa. Cochrane Database Syst Rev. 2013 May
Confidencialidade dos dados 31;5:CD004617
Os autores declaram ter seguido os protocolos do seu centro
de trabalho acerca da publicação dos dados de doentes.
84 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL

