Page 25 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 51. Nº2
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FIGURA 2
          Classificação de Angle










                                                                                                                   ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE











          Exames Complementares de Diagnóstico              a 2 ciclos respiratórios, independentemente da dessaturação
          A Polissonografia nível 1 (PSG) é considerada o exame Gold   de O , e acompanhada de esforço respiratório. A hipopneia
                                                                2
          Standard no diagnóstico da SAOS, permitindo discriminar as   ocorre  quando  há  redução  ≥  50%  do  fluxo  de  ar  durante
          diferentes perturbações da respiração ligadas ao sono, bem   um período mínimo correspondente a 2 ciclos respiratórios
          como identificar outros distúrbios do sono. 5,10,14,15  A AASM   associada  a  dessaturação  ≥  a  3%.  A  apneia  mista  quando
          definiu diferentes níveis de estudos do sono: Nível 1, estudo   ocorre um evento combinado de apneia central que precede
          supervisionado por técnico, realizado em laboratório de sono   uma apneia obstrutiva com duração de pelo menos 2 ciclos
          e que inclui a Electroencefalografia (EEG), Electrooculografia   respiratórios. Quanto aos resultados do estudo do sono,
          (EOG), Electromiografia mento e membros (EMG),    adoptámos a classificação de Katz e Marcus: SAOS ligeira se
          Electrocardiograma (ECG), avaliação esforço respiratório do   IAH (Índice de Apneia Hipopneia) entre [1, 5[, moderada se
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          tórax e abdómen, cânula de pressão nasal e/ou termistor oral,   IAH entre [5, 10[ e severa se ≥ a 10 eventos/hora.
          cintos abdominais e torácicos de avaliação esforço respiratório   Uma vez que a hipertrofia adenoamigdalina é uma das
          e oximetria de pulso; Nível 2, estudo semelhante ao nível 1   principais etiologias tanto da SAOS infantil como da otite
          mas sem supervisão e com um mínimo de 7 canais; Nível 3,   média com efusão (OME) e como a hipoacúsia pode agravar
          estudo poligráfico do sono com registo mínimo de 4 canais e   as dificuldades de aprendizagem já existentes devida à SAOS,
          que deve incluir pelo menos avaliação do esforço respiratório   incluiu-se no protocolo o audiograma, se houver colaboração
          e fluxo de ar, frequência cardíaca ou ECG e oximetria; Nível IV,   da criança, e timpanograma.
          avalia apenas 1 ou 2 parâmetros, a oximetria e/ou fluxo de ar. 4  As crianças com perturbações respiratórias do sono apresentam
          Em 2008, Álvarez et al16 publicaram em 2008 um estudo   alterações do desenvolvimento maxilomandibular, com
          com 53 crianças demonstrando que a taxa de concordância   consequente alongamento do terço inferior da face, palato
          diagnóstica do estudo poligráfico do sono (Nível III) quando   estreito e arqueado, hipoplasia e retroposicionamento da
          comparado com a Polissonografia Nível I foi de 85%, sem   mandíbula, com consequente má-oclusão dentária, que devem
          diferenças estatisticamente significativas nos valores de IAH   ser tidas em conta na indicação para adenoamigdalectomia e
          obtidos, considerando um método válido para o diagnóstico   referenciação a estomatologia. 10,19  Incluiu-se por esse motivo
          de SAOS na criança. No nosso protocolo optámos por incluir   no protocolo de SAOS infantil, a avaliação cefalométrica
          o Estudo Poligráfico do Sono Nível 3, realizado em laboratório   de perfil da face e nasofaringe, com registo das medições
          do sono, por ser de execução mais fácil, permitir maior   representadas na Figura 3.
          conforto e colaboração da criança. O estudo poligráfico do   Conforme representado na Figura 4 utilizámos o cálculo da
          sono realiza-se em todas as crianças referenciadas à consulta   relação entre o diâmetro antero-posterior da coluna área
          de ORL por Distúrbio da Respiração durante o Sono, em que a   relativamente ao da nasofaringe após traçar uma recta
          anamnese, exame físico e outros exames complementares de   tangencial à sincondrose esfeno-occipital e que intersecta
          diagnóstico levem à suspeita de SAOS ou nos casos em que há   o  palato  mole.  Diversas  medidas  cefalométricas  têm  sido
          discordância entre a anamnese e o exame objectivo.   propostas, incluindo a de Johanneson (espessura adenóideia
          Há muito controvérsia sobre a interpretação dos estudos de   como recta que une o tubérculo faríngeo ao ponto de
          sono da criança e os resultados que devem ser considerados   convexidade máximo das adenóides); por Fujoka (ratio entre
          patológicos. Utilizaram-se os dados normativos da AASM   a medida anterior e uma recta traçada entre o limite posterior
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          para a definição dos critérios polissonográficos . Assim   do palato duro e a sincondrose esfeno-occipital); por Cohen
          considera-se apneia obstrutiva quando há redução de fluxo   e Konak (ratio entre a largura da via aérea com a do palato
          de ar ≥ a 90% durante um período mínimo correspondente   mole, entre o ponto de convexidade máximo das adenóides e

                                                                                       VOL 51 . Nº2 . JUNHO 2013 91
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