Page 23 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 51. Nº2
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e que permita no futuro predizer quais os aspectos clínicos TABELA 2
mais relevantes no seu diagnóstico e prognóstico, bem como Questionário realizado aos pais sobre os sinais e sintomas de
avaliar o impacto do tratamento cirúrgico na sua resolução e Distúrbios
na qualidade de vida destas crianças. Este protocolo aplica-se Sinal / Sintoma Sim Não
a crianças com história de distúrbios respiratórios do sono
com pelo menos 3 meses de evolução, sem dismorfias - Ressonar
craniofaciais, perturbações psiquiátricas major ou doenças - Apneias
neuromusculares, uma vez que essas últimas necessitam - Hábito bucal nocturno
de história, observação e orientação específicas consoante
os síndromes apresentados e têm alterações da qualidade - Respiração ofegante
de vida já pela sua patologia base. As crianças realizam - Salivação durante o sono
estudo Poligráfico do Sono em laboratório do sono, estudo - Esforço respiratório aumentado (Tiragem/
nível III segundo a AASM. Esta consulta conta também com Adejo nasal)
a colaboração do serviço de Imagiologia na tentativa de - Hiperextensão cervical
estabelecer medidas cefalométricas objectivas que possam - Flexão dos joelhos sob o tórax ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
ter algum valor preditivo na severidade da patologia e/
ou do sucesso terapêutico, bem como a colaboração - Decúbito dorsal
estreita de outras especialidades tais como a Pediatria e a
Imunoalergologia. - Sono Agitado
- Despertares nocturnos
Anamnese - Choro nocturno
A história clínica de uma criança com suspeita de um Distúrbio - Terrores nocturnos
da Respiração durante o Sono deve ser feita de forma - Sonambulismo
sistematizada, questionando os pais sobre sintomas e sinais da
criança, muitos dos quais não são associados pelos cuidadores - Hipersudorese
ao distúrbio respiratório. Até aos 3 anos, os sintomas e sinais - Enurese
mais frequentemente descritos pelos pais são a roncopatia,
a respiração ruidosa, sono agitado ou fragmentado, acessos - Hábito bucal diurno
de choro ou terror nocturno, hipersudorese nocturna, - Obstrução nasal
respiração oral, atraso de crescimento, recusa alimentar,
infecções das vias aéreas superiores (IVAS) de repetição e - Recusa Alimentar
episódios de apneia testemunhados. Entre os 3 e os 6 anos,
predominam os sintomas de roncopatia regular e intensa, - Bruxismo
hábito bucal, salivação durante o sono, sono agitado, - Cáries dentárias
despertares confusionais, sonambulismo, terrores nocturnos,
hipersudorese, adopção de posições características durante - Xerostomia matinal
o sono (decúbito dorsal, hiperextensão cervical, flexão dos - Halitose
joelhos sob o tronco), enurese, alterações comportamentais
(tais como agressividade, hiperactividade, défice de atenção - Agressividade
e fadiga), dificuldade em acordar de manhã, cefaleia matinal, - Fadiga excessiva
necessidade de dormir a sesta, atraso de crescimento, recusa
alimentar e IVAS frequentes. Por último, as crianças em idade -Défice de Atenção/Hiperactividade
escolar, além das queixas anteriores também são frequentes - Dificuldade em acordar
as queixas de insónia, sonolência diurna, síndrome de - Cefaleia matinal
défice de atenção e hiperactividade, agressividade, timidez - Necessidade de dormir a sesta
e humor depressivo, dificuldades de aprendizagem, atraso - Sonolência diurna
pubertário e problemas estomatológicos (nomeadamente
má oclusão dentária, desalinhamento dentário, bruxismo). - Humor Depressivo
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O bruxismo está associado a microdespertares durante o - Timidez/ Falta de auto-estima
sono, surgindo como reflexo motor autónomo, pelo que a
sua prevalência está aumentada na SAOS. O questionário rinossinusite aguda complicada, rinossinusite crónica e
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sobre sinais e sintomas da criança com suspeita de SAOS patologia alergológica, incluindo asma, eczema atópico e
aplicado na nossa consulta encontra-se representado na rinite alérgica, bem como história de traumatismo nasal. Há
Tabela 2. Quanto aos antecedentes pessoais é importante claramente um risco acrescido de Distúrbio da Respiração
questionar sobre a presença de infecções das VAS frequentes, durante o Sono quando outro membro da família é afectado,
nomeadamente amigdalites de repetição, otites de repetição, pelo que a história familiar nomeadamente dos familiares
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