Page 42 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 62. Nº1
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Gráfico 2
Distribuição dos casos de recidiva
de revisão. Relativamente ao local original cavidade de mastoidectomia ou reconstruir a
do colesteatoma, em 2 casos envolvia o ático, parede baseou-se na confiança do cirurgião
mastoide e cavidade timpânica; 2 casos na remoção total da matriz de colesteatoma,
envolvia o ático e cavidade timpânica; e em na extensão da doença, idade e capacidade
2 casos envolvia o ático, cavidade timpânica, funcional do paciente e reserva auditiva.
mastoide e seio timpânico. O gráfico 2 ilustra Utilizou-se otoendoscopia para avaliação
a distribuição dos casos de recidiva consoante do seio timpânico, uma vez que a exposição
a realização ou não de reconstrução da parede é difícil mesmo com mastoidectomia via
do CAE. técnica retrógrada. No nosso estudo não
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realizámos “second-look”, contudo quando
Discussão se verificaram dúvidas quanto à presença
A abordagem cirúrgica é o tratamento de de recidiva ou doença residual optou-se por
escolha da OMC colesteatomatosa, com realizar ressonância magnética com difusão.
intenção curativa através da remoção total A taxa de recidiva neste trabalho foi de 13,3%,
da matriz de colesteatoma. A preservação semelhante ao reportado na literatura. Dentro
ou não da parede póstero-superior do CAE dos casos em que foi realizada reconstrução
continua um tema em debate. Na nossa série da parede do CAE ocorreu recidiva em 11,
de mastoidectomia via técnica retrógrada, a 8% enquanto no subgrupo que manteve
reconstrução da parede póstero-superior do a cavidade aberta ocorreu recidiva em
CAE foi realizada com cartilagem da concha. 14,3%, no entanto esta diferença não foi
A cartilagem da concha cymba é considerada estatisticamente significativa. Após eliminar
ideal para reconstrução pela sua espessura a doença e restaurar a anatomia do CAE
e concavidade, contudo muitos autores quando indicado, o objetivo secundário da
descrevem a utilização de cartilagem tragal. 4,12 cirurgia é restaurar a acuidade auditiva do
Idealmente, a cartilagem para reconstrução paciente. Observou-se que quando realizada
da parede do CAE deverá permanecer em reconstrução da parede póstero-superior do
contacto com a membrana timpânica CAE o ganho audiométrico foi superior, com
reconstruída, para prevenir a ocorrência de significância estatística, relativamente aos
retrações da membrana timpânica. Hatano doentes que mantiveram cavidade aberta.
et al, descreveu a utilização de tecidos Desta forma, a reconstrução da parede parece
moles (pele do CAE e fáscia temporal) ser recomendada para melhores resultados
para reconstrução da parede do CAE em audiométricos e para facilidades relativas
crianças. Relativamente ao pós-operatório, ao pós-operatório. Durante a cirurgia, foi
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os cuidados são similares aos realizados na realizada reconstrução ossicular na maioria
mastoidectomia CWU. A opção de manter (73,3%) dos pacientes. A utilização de próteses
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