Page 39 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 62. Nº1
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revisão, reconstrução da parede póstero-          v 28.0. A comparação estatística entre os
          superior do canal auditivo externo (CAE), tipo    resultados audiométricos pré e pós-operatório
          de  timpanoplastia  segundo  classificação        foi realizada utilizando o teste ANOVA. Foi
          Wüllstein  e  sua  versão  modificada  por        considerada    existência   de   significância
          Merchant, recidiva de colesteatoma, tempo         estatística quando p-value <0,05.
          de  follow-up,  achados  intraoperatórios  e      Relativamente à técnica cirúrgica, esta foi
          resultados audiométricos pré e pós-cirúrgicos.    executada  por  cirurgiões  diferentes  e,  no
          Os critérios de exclusão incluíram doentes em     geral, ocorreu da sob anestesia geral com
          idade pediátrica (< 18 anos), mastoidectomias     visualização   microscópica.   Sempre     que
          via técnica anterógrada, tempo de  follow-        necessário foi realizada avaliação do ouvido
          up pós-cirurgia inferior a 12 meses e registos    médio, nomeadamente do seio timpânico,
          clínicos incompletos.  Após a aplicação destes    com otoendoscopia. A decisão de manter
          critérios a coorte final incluiu 45 ouvidos. Como   cavidade de mastoidectomia ou reconstruir
          recidiva de colesteatoma consideraram-se os       a parede póstero-superior do CAE dependeu
          casos de colesteatoma residual após cirurgia      da extensão do colesteatoma, idade e adesão
          e o desenvolvimento de novo colesteatoma          esperada do doente aos cuidados propostos.
          decorrente  de  retrações  da  membrana
          timpânica reconstruída. Como audiograma           Resultados
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          tonal pré-operatório considerou-se o último       Foram incluídos no estudo 45 ouvidos (22
          audiograma antes da cirurgia e pós-operatório     ouvidos direitos e 23 ouvidos esquerdos)
          o primeiro após cirurgia, habitualmente entre     submetidos a mastoidectomia via técnica
          os 3 e 6 meses. O gap aéro-ósseo (AO) médio       retrógrada.   Foram    intervencionados    44
          pré e pós-operatório foi calculado recorrendo     doentes.  Observou-se  maior  incidência  no
          à média do limiar tonal (LTM) da via aérea (VA)   sexo feminino, com 25 ouvidos referentes
          e da via óssea (VO) nas frequências de 500,       ao sexo feminino e 20 ouvidos referentes
          1000, 2000 e 4000Hz. O ganho audiométrico         ao  sexo  masculino  e  a  idade  média  à  data
          correspondeu à diferença entre o gap AO pré       da cirurgia foi de 51,58 anos, com IC(95%)=
          e o gap AO pós-operatório.                        ]46,30; 56,85[ e desvio padrão ơ  de 17,55 anos.
           A classificação de timpanoplastia de Wüllstein   Os  pacientes  apresentavam  à  otoscopia
          pressupõe  cinco  tipos  e  neste  estudo         perfuração  da  membrana  timpânica  e/ou
          utilizámos a sua versão modificada proposta       retração  atical  grau  IV  de  Tos  &  Poulsen ,
                                                                                                          15
          por Merchant   para o tipo III:                   lamelas epidérmicas e otorreia purulenta de
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          -Tipo  III:  Reconstrução    da   membrana        odor fétido. Relativamente ao tempo cirúrgico,
          timpânica com necessidade de ossiculoplastia      73,3%  (n=33) dos  casos  corresponderam  a
          associada. Subdivide-se em: columela menor        cirurgia primária e 26,7% (n=12) dos casos
          quando lesão no martelo ou bigorna e estribo      a cirurgia de revisão. Após a realização da
          intacto e móvel. Realizada reconstrução           mastoidectomia  via  técnica  retrógrada  foi
          ossicular com prótese aloplástica parcial de      realizada reconstrução da parede póstero-
          titânio (PORP) ou materiais ósseos autólogos.     superior do canal auditivo externo em 37,8%
          Columela    maior    quando    ausência    de     dos ouvidos operados. O tempo de follow-up
          supraestrutura do estribo e platina móvel.        médio no estudo foi de 28,31 ± 14,19 meses.
          Realizada reconstrução ossicular com prótese      O tempo de follow-up mínimo e máximo foi
          aloplástica total de titânio (TORP).  Columela    de 12 e 56 meses, respetivamente. A tabela 1
          estribo quando estribo intacto e móvel.           sumariza a caracterização da amostra em
          Reconstrução ossicular com cartilagem e           estudo. Relativamente à localização e extensão
          fáscia temporal sobre a cabeça do estribo.        da OMC colesteatomatosa, observou-se no
          O tratamento estatístico dos dados foi            período intraoperatório envolvimento isolado
          realizado com recurso ao software IBM SPSS        do ático em 9 casos (20,0%); envolvimento



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