Page 38 - Revista SPORL - Vol 59. Nº2
P. 38

FIGURA 7 e 8
          Exposição de neocavidade frontal que abarca ambos os seios e recessos frontais após brocagem do osso até aos seus limites
          anatómicos. (GO – goteira olfactiva; PL - parede lateral nasal; setas a preto – goteiras septoconchais no local da identificação dos
          primeiros filetes olfactivos; RF – recessos frontais; S – septo interfrontal; SF – seio frontal; FCA – limite anterior da fossa craniana
          anterior)































          endoscópica. Assim, na nossa amostra conclui-se que a   Apenas 2 doentes apresentaram complicações decorrentes
          taxa de sucesso cirúrgico global se situa nos 91%.   da cirurgia ou patologia subjacente (18%). Um dos doentes
          Shih  et  al ,  numa  meta-análise  com  1205  doentes   operado por mucocelo frontal apresentou um episódio
                   4
          submetidos a Draf 3 e com um período de follow-up médio   de sinusite frontal aguda 2 meses após a cirurgia, que
          de 29 meses, quantificou uma resolução sintomática em   reverteu  totalmente  com  terapêutica  médica.  O  outro
          86,5%  dos  doentes,  com  patência  do  seio  frontal  em   doente  apresentou  recidiva  tumoral  pós-operatória.
          90,7%,  confirmando-se  os  excelentes  resultados  desta   Contudo é de realçar que não ocorreram complicações
          técnica cirúrgica. Nesta meta-análise também se concluiu   no período intra-operatório ou pós-operatório imediato.
          que  a  ausência  de  melhoria  sintomática  ou  estenose   As taxas de complicações desta técnica cirúrgica não são
          do seio frontal se registou principalmente em casos de   negligenciáveis, registando-se taxas de risco de fístulas
          patologia tumoral, tendo sido também na nossa amostra   de líquor em cerca 2,5% dos doentes. 3
          o único caso de insucesso.                        Quando  comparamos  os  doentes  com  patologia
          Nenhum dos doentes realizou cirurgia de revisão de Draf   oncológica  e  não  oncológica,  percebemos  que  no
          3, sendo que em 91% foi alcançado o objectivo primário   segundo grupo há um conjunto de várias comorbilidades
          da cirurgia. A taxa de revisão cirúrgica de Draf 3 é baixa   presentes em vários doentes. Nos doentes com patologia
          situando-se  entre  os  9-12,6%  em  várias  meta-análises,   não  oncológica  66,6%  apresentavam  polipose  nasal,
          o  que  contrasta  com  a  complexidade  dos  casos  que   50%  traumatismo  craniofacial  (todos  mucocelos  pós-
          geralmente são tratados por esta técnica.         traumáticos)  e  33,3%  apresentavam  alergias,  asma  ou
                                           3,4
          Apenas  um  dos  doentes  se  encontrava  assintomático   hábitos  tabágicos.  De  salientar  que  nenhuma  destas
          previamente  à  cirurgia,  tendo  sido  diagnosticado   comorbilidades  se  encontrava  presente  nos  doentes
          incidentalmente um fibroma ossificante juvenil etmoidal   oncológicos,  podendo  estes  ser  factores  preditivos  de
          com invasão da base do crânio anterior. Na nossa série, os   doença inflamatória mais complexa ou recidivante com
          sintomas mais frequentes previamente à cirurgia foram a   necessidade  de  realização  de  uma  sinusotomia  mais
          obstrução nasal em 91% e a cefaleia frontal/ dor facial   ampla. (tabela 3)
          em 46%, sendo que tiveram altas taxas de resolução após   Na amostra não se verificaram diferenças significativas
          cirurgia, mantendo os mesmos sintomas apenas 27% e   entre  as  variáveis  dos  doentes  que  foram  submetidos
          9%  dos  doentes,  respectivamente.  A  epistáxis  estava   a  cirurgia  primária  e  os  doentes  submetidos  a  revisão
          presente  em  36%  dos  doentes  previamente  à  cirurgia,   cirúrgica.  Excepção  apenas  para  as  alergias,  presentes
          todos eles com patologia tumoral, sendo que 3 meses   em  40%  dos  doentes  submetidos  a  cirurgia  de  revisão
          após  a  cirurgia  nenhum  dos  doentes  mantinha  esta   (todos eles em doentes não oncológicos), mas ausentes
          queixa.                                           nos  doentes  submetidos  a  cirurgia  primária.  Poderá


      116  REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
   33   34   35   36   37   38   39   40   41   42   43