Page 36 - Revista SPORL - Vol 59. Nº2
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dos casos (40%) de desbridamento de pequenas bridas deste tipo de cirurgia a rinossinusite crónica em 86,5%
ou tecido de granulação através de instrumentação dos doentes, sendo que os restantes 13,5 % dos doentes
durante o follow-up, com endoscopia nasal de controlo. foram operados por mucocelos ou patologia tumoral. A
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A técnica cirúrgica Outside-In foi utilizada em 6 doentes disparidade da nossa amostra em relação à maioria das
(54%) e a técnica Inside-Out nos restantes 5 doentes séries descritas pode ser justificada pela diferenciação
(46%). Em 4 dos casos de técnica Inside-Out, o Draf 3 da equipa cirúrgica em termos de patologia tumoral
foi realizado num contexto de acesso para realização de nasossinusal e de base do crânio que é realizada quase
craniectomia endoscópica. exclusivamente em centros de referência e serviços mais
Como complicações cirúrgicas ou da patologia subjacente, diferenciados. Por outro lado, a maioria dos doentes
apenas se registou uma sinusite frontal (9%) e um caso com rinossinusite crónica com envolvimento do seio
de recidiva tumoral (9%), concluindo-se que em 82% dos frontal têm sido controlados com resolução sintomática
casos não ocorreram complicações. e sem complicações associadas, através de sinusotomias
Quanto a patologias associadas, 36% tinham polipose frontais menos alargadas.
nasal (4 doentes) e 18% eram asmáticos (2 doentes). 46% (n=5) das cirurgias realizadas foram cirurgias
Quanto a comorbilidades associadas, 18% tinham alergia de revisão. No subgrupo dos doentes operados por
(2 doentes), 9% hipersensibilidade ao AAS (1 doente) e rinossinusite crónica, todos os casos foram revisões
36% trauma craniofacial (4 doentes). Foram registados cirúrgicas, por falência terapêutica de sinusotomias
hábitos tabágicos em 18% (2 doentes). Nenhum doente frontais mais simples. Desta forma reforça-se a indicação
necessitou de revisão cirúrgica do Draf 3 realizado. deste tipo de sinusotomia mais alargada em casos
selecionados de patologia inflamatória nasossinusal
DISCUSSÃO crónica e recidivante após falência de terapêutica médica
Na amostra deste estudo foram submetidos a sinusotomia e/ou de sinusotomias frontais mais simples, como
Draf 3 doentes de todas as faixas etárias e sem Draf 2A ou 2B. Os resultados desta amostra estão em
predominância significativa de género. Várias foram as paralelo com a meta-análise acima descrita, que refere
indicações que levaram à realização deste procedimento, que em 673 doentes submetidos a sinusotomia Draf
sendo que a mais frequente foi a patologia tumoral 3 por rinossinusite crónica, todas as cirurgias foram
(46%), seguida dos mucocelos (36%) e rinossinusite revisões, não havendo casos em que o Draf 3 tenha sido
crónica recidivante (18%). Numa meta-análise que inclui considerada uma abordagem primária.
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11 séries de doentes submetidos a Draf 3, num total Num período médio de 15,5 meses de follow-up
de 778 doentes operados, Abuzeid et al identificaram registou-se uma melhoria dos sintomas em 91% dos
como principal indicação cirúrgica para a realização casos. Objectivou-se a patência do ostium do seio frontal
FIGURA 1 e 2
Figura 1 – Imagem de cirurgia sinusotomia DRAF 3 após realização de septectomia e incisão bilateral para descolamento da mucosa,
exposição da área frontonasal e ambas as goteiras olfactivas com identificação dos primeiros filetes olfactivos.
Figura 2 – Após descolamento de retalho mucoso identificação dos primeiros filetes olfactivos em ambas as goteiras olfactivas. (GO
– goteira olfactiva; PL – parede nasal lateral; SN – septo nasal; setas – incisão para descolamento de retalho mucoso e exposição
da área frontonasal do tecto etmoidal e ambas as goteiras olfactivas; BF – bico do frontal; * - primeiro filete olfactivo esquerdo; # -
primeiro filete olfactivo direito)
114 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO