Page 39 - Revista SPORL - Vol 59. Nº2
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TABELA 3                                          seio  frontal,  quer  por  via  Outside-In ou  Inside-Out.  De
          Comparação entre cirurgias realizadas por patologia   forma  sucinta,  na  técnica  Outside-In,  a  instrumentação
          oncológica e não oncológica                       é  realizada  de  posterior  para  anterior,  sendo  iniciada
                                                            com  a  identificação  de  ambos  os  ostia  frontais  e  com
                               Patologia     Patologia      totalização  da  sinusotomia  com  progressão  de  lateral
                              Oncológica  Não Oncológica
                                (46%)         (54%)         para  medial.  Na  técnica  Inside-Out,  a  dissecção  é  feita
                                                            de anterior para posterior, identificando-se inicialmente
          Idade Média         57,8 (35-81)  48,6 (13-65)    as  primeiras  fibras  olfactivas,  com  posterior  brocagem
           Asma                   0          2 (33,3%)      do bico do frontal na linha média até alcançar o interior
          Polipose nasal          0          4 (66,6%)      do  seio  frontal,  progredindo  depois  lateralmente  até
          Alergia                 0          2 (33,3%)      incorporar ambas as cavidades do seio frontal. Em todos
          Tabagismo               0          2 (33,3%)      os  casos  foi  usado  sistema  de  neuronavegação  intra-
                                                            operatória, especialmente nos casos de patologia tumoral
          Trauma craniofacial   1 (20%)      3 (50%)        com  extensão  à  base  do  crânio,  de  modo  a  optimizar
          SNOT22 pre op médio    22,6         36,3          os  resultados  cirúrgicos,  evitando  complicações  intra-     ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
          SNOT22 pos op médio    13,2         20,7          operatórias.
          Técnica Outside-In      0          6 (100%)       A  técnica  Outside-In  foi  realizada  em  6  doentes  (todos
                                                            eles  com  patologia  não  oncológica).  Nos  5  doentes
          Técnica Inside-Out   5 (100%)         0           oncológicos foi realizada técnica Inside-Out.
          Cirurgias prévias     2 (40%)      3 (50%)        De modo a excluir qualquer complicação pós-operatória,
                                                            todos os doentes realizaram TC controlo 24-48h após a
          então  tratar-se  de  um  factor  de  mau  prognóstico  da   cirurgia, sendo que a detecção precoce de complicações
          doença e do sucesso da intervenção cirúrgica em casos   e  a  confirmação  do  sucesso  terapêutico  da  cirurgia
          de patologia não oncológica. (tabela 4)           podem  optimizar  os  resultados  cirúrgicos.  Os  doentes
          Em todos os doentes foi realizado estudo imagiológico   foram todos submetidos a um regime de corticoterapia
          com  TC  para  avaliação  pormenorizada  da  patologia   sistémica e tópica nasal, tal como aconselhadas lavagens
          do  seio  frontal  e  para  avaliação  da  anatomia  do  seio   nasais  frequentes,  de  modo  a  melhorar  a  cicatrização
          frontal  para  planeamento  do  procedimento  de  Draf  3;   e evitar a acumulação de crostas e estabelecimento de
          exequibilidade  do  mesmo  ou  necessidade  de  recurso   bridas ou estenoses cicatriciais.
          a  abordagens  externas  combinadas.  Dados  como  a   Durante  o  período  de  follow-up  optou-se  sempre  que
          avaliação do diâmetro antero-posterior do seio frontal,   possível por vigilância endoscópica apertada, permitindo
          a  extensão  lateral  do  seio  frontal,  conformação  do   o  desbridamento  de  pequenas  bridas  ou  de  tecido  de
          recesso frontal, extensão da patologia no plano sagital   granulação  que  a  longo  prazo  poderiam  progredir  para
          do seio, necessidade de abordagem de patologia intra-  estenose  cicatricial  do  seio  frontal.  Na  nossa  amostra,
          craniana concomitante foram tidos em consideração no   apesar  de  uma  eficácia  de  91%  na  patência  do  seio
          planeamento  dos  doentes.  A  selecção  destes  doentes   frontal, em 4 dos casos (36%) houve o desenvolvimento
          passa também pelo planeamento da técnica que melhor   de pequenas bridas pós-operatórias cujo desbridamento
          se enquadrará na abordagem da patologia específica do   permitiu  a  manutenção  da  integridade  da  patência  da
                                                            sinusotomia  realizada,  evitando  risco  de  estenose  da
          TABELA 4                                          cavidade e eventual insucesso cirúrgico.
          Comparação variáveis entre cirurgias primárias e revisões   Assim,  os  dados  da  nossa  amostra  puderam  reforçar  a
          cirúrgicas                                        ideia  já  previamente  defendida  noutras  séries,  de  que
                                                            em  casos  seleccionados  de  patologia  do  seio  frontal,  a
                                Cirurgia     Revisão        sinusotomia frontal Draf 3 é uma cirurgia eficaz, segura,
                               primária      cirúrgica      associada a baixa morbimortalidade e a baixas taxas de
                                 (54%)        (46%)         complicações.
          Idade Média         64,3 (47-81)  38,8 (13-63)
           Asma                1 (16,7%)      1 (20%)       CONCLUSÃO
          Polipose nasal       2 (33,3%)      2 (40%)       A  sinusotomia  frontal  Draf  3  tem-se  tornado  um
          Alergia                 0           2 (40%)       procedimento  cirúrgico  fundamental  na  resolução  de
                                                            múltiplas  patologias  do  seio  frontal.  Neste  estudo,
          Tabagismo            1 (16,7%)      1 (20%)       a  eficácia  cirúrgica,  objectivada  pela  resolução  dos
          SNOT22 pre op médio    27,3          33,4         sintomas  e  patência  do  seio  frontal,  foi  alcançada  na
          SNOT22 pos op médio    14,2          21           maioria  dos  doentes,  não  se  registando  complicações
          Técnica Outside-In    3 (50%)       3 (60%)       intra-operatórias ou no pós-operatório imediato. Assim,
                                                            esta técnica permitiu alcançar uma melhoria sintomática,
          Técnica Inside-Out    3 (50%)       2 (40%)       com morbilidade mínima e sem necessidade de revisões


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