Page 31 - Revista SPORL - Vol 58. Nº2
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FIGURA 13 etiologias, implicando na análise dos tratamentos a CASO CLÍNICO CASE REPORT
Aumento de volume em hemiface serem escolhidos. Toda laceração facial profunda que
atravessa a zona horizontal imaginária entre o trago e
FIGURA 14 o lábio superior acarreta risco de lesão das estruturas
Pós-operatório de 6 meses parotídeas, como ocorreu no caso dois (tabela 1)6.
Nos casos de fratura com deslocamento medial, a
indicação de redução cirúrgica é adotada como primordial,
sendo possível a adoção de abordagens intraoral, pré-
auricular ou retromandibular. O acesso retromandibular
é comumente realizado devido à possibilidade de
visualização direta, entretanto inclui a sialocele como um
desdobramento a ser avaliado3. Nos acessos cirúrgicos,
próximos à região parotídeomassetérica, como os
que objetivam acessar o côndilo mandibular, o acesso
retromandibular é realizado com uma incisão vertical na
pele de 1 a 2 cm, posterior ao ramo mandibular até a
profundidade do músculo platisma, assim como realizado
no caso um (tabela 1). Nas proximidades estão estruturas
ricas associadas à glândula parótida, a sialocele consiste
então em uma complicação pós-operatória esperada13.
Como opções ao acesso retromandibular podem ser
utilizados os acessos pré-auricular, submandibular,
endaural e acesso para ritidectomia. Cada um deles
com pontos positivos e negativos. O bloqueio maxilo-
mandibular e terapia funcional com elásticos também
pode ser uma opção nesses casos.
A sialolitíase também consiste em uma das causas comuns
de sialocele, que se dá pela presença de partículas
mineralizadas (sialólito) nos ductos das glândulas
salivares, como no paciente do caso três (tabela 1). O
sialólito impede a secreção pelo ducto, promovendo o
acúmulo de saliva, que acaba extravasando da cápsula e
provocando a sialocele14.
Se o manejo cirúrgico da sialocele é negligenciado,
poderá haver fibrose dos tecidos adjacentes, inflamação
crônica e formação de tecido cicatricial indesejado,
além de aumentar o risco de lesão do nervo facial7. Os
tratamentos são divididos em conservadores e cirúrgicos.
A modalidade conservadora consiste na aspiração,
curativo compressivo e administração de antisialogogos,
assim como radioterapia e toxinas. Quando o manejo
conservador não é efetivo, o tratamento cirúrgico é
indicado (reconstrução do ducto, criação de fístula
interna controlada, parotidectomia superficial ou total,
desnervação parassimpática e ligadura ductal15. Nos
casos em que foram necessárias várias drenagens, não se
optou pela marsupialização, que normalmente é utilizada
para cistos ou tumores benignos, em procedimentos
onde se deseja reduzir o tamanho da lesão para posterior
enucleação total da mesma, sem maiores danos às
estruturas circunvizinhas.
Fato importante é a orientação para que os pacientes
não façam uso de alimentos que estimulem a produção
de saliva durante o tratamento da sialocele. Nesse
contexto, pode-se contra indicar o uso de frutas cítricas
e também do hábito da goma de mascar. A via oral
foi escolhida devido à facilidade do uso, ausência de
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