Page 14 - Portuguese Journal - SPORL - Vol 55 Nº2
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FIGURA 5
Traçado dos transitórios de gradientes de pressão na tuba auditiva de acordo com o tempo de exposição a sucessivas pressões. A linha
tracejada vermelha define o gradiente necessário para a abertura passiva da tuba auditiva no nosso modelo.
FIGURA 6
Reconstrução cinemática tridimensional do canal auditivo externo exposto a aumento de pressão a 30 cm sem aumento paralelo da pressão
na nasofaringe (que se mantém atmosférica), permitindo escape de ar da cavidade timpânica. Visão ântero-posterior do canal auditivo
externo e cavidade timpânica, em que se pode observar a progressão da fase líquida no canal auditivo externo, com água a atravessar o
tubo transtimpânico e a inundar a cavidade timpânica.
fracções de segundo encontramos gradientes de representação simplificada da realidade e não a uma
pressão suficientes para levar à abertura passiva da mensuração. Os modelos constituem uma alternativa
tuba auditiva, mesmo para a pressão de 30 cm de água. razoável, por vezes até mesmo imprescindível, em casos
Estes achados significam que, se não houver aumento em que a natureza do objecto em estudo é demasiado
de pressão na nasofaringe a acompanhar o aumento no complexa ou em que a instalação de instrumentos
canal auditivo externo, ou se o incremento de pressão de medida seria impossível ou perturbaria o seu
for apenas localizado ao canal auditivo externo, a tuba comportamento.
auditiva permite muito precocemente o escape de ar. No caso do canal auditivo e ouvido médio não é
A reconstrução cinemática tridimensional com possível colocar instrumentos de medida, e, mesmo
exposição a água ilustra o que sucede no modelo, em que o fosse, não seria ético expor o ouvido de uma
que a tuba permite o escape de ar numa exposição a 30 criança saudável a este tipo de testes, pelo que para
cm de pressão com água no canal auditivo externo. Na o estudo do comportamento da água no ouvido com
Figura 6 vemos exemplificadas com sucessivas iterações tubo transtimpânico é necessário recorrer a modelos.
desta animação tridimensional a progressão no canal da Podemos recorrer a modelos físicos reais, como os que
fase líquida até ao tímpano, permitida pelo escape do foram já descritos na literatura (11,12,13,14) , ou modelos
ar pela tuba auditiva. Rapidamente observamos a água numéricos, como o modelo multifásico de CFD que
a atravessar o tubo e a inundar a cavidade timpânica. propusemos no nosso trabalho.
A utilização de modelos reais seria sempre extremamente
DISCUSSÃO complexa e onerosa, dado que teria que recriar uma
A utilização de um modelo numérico para inferir o anatomia sobreponível ao ouvido de uma criança
comportamento de estruturas reais corresponde a uma (com membrana timpânica, canal auditivo externo,
76 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL

