Page 13 - Portuguese Journal - SPORL - Vol 55 Nº2
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para  abertura  espontânea  da  tuba  em  nenhuma  das   Submetemos então o modelo CFD a aumento de pressão
          profundidades sucessivamente testadas (i.e., a pressão   no  canal  auditivo  externo,  mas  mantendo  pressão
          externa  da  imersão  foi  transmitida  igualmente  e   atmosférica  no  lado  faríngeo  da  tuba,  simulando  um
          sincronamente a ambas as extremidades da tuba pelo   canal  auditivo  externo  já  com  água  no  interior,  em
          canal auditivo externo e pela nasofaringe). Desta forma,   que  a  pressão  no  canal  aumenta  sem  imersão,  como
          não se observou a saída de ar pela tuba auditiva, nem a   por exemplo se houver manipulação do canal auditivo
          consequente passagem de água no tubo transtimpânico   externo (nomeadamente ao colocar um tampão). Neste
          do canal auditivo externo para a cavidade timpânica.  cenário,  e  nas  condições  do  modelo  (com  exposição
          A  reconstrução  cinemática  tridimensional  desta   instantânea  e  abertura  imediata  da  tuba  quando
          exposição  a  água  em  imersão  ilustrou  os  resultados   há  diferença  de  pressão  suficiente),  obtivemos  uma
          obtidos  pela  avaliação  de  pressão,  não  tendo   abertura da tuba auditiva quase imediata em todas as
          documentado   passagem   de   água   pelo   tubo   pressões (Tabela 1 e Figura 5). Encontramos sombreadas
          transtimpânico para a cavidade timpânica em nenhuma   a  azul  na  Tabela  1  as  circunstâncias  com  gradiente
          das profundidades testadas. Na Figura 4 são ilustradas   superior ao necessário para a abertura passiva da tuba
          várias  iterações  desta  animação  tridimensional  na   auditiva  no  nosso  modelo,  evidenciando  que,  mesmo      ARTIGO DE REVISÃO REVIEW ARTICLE     ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
          exposição a 50 cm de profundidade nas condições do   para  pressões  pouco  superiores  à  atmosférica,  basta
          modelo, onde observamos a ondulação da fronteira das   menos de um segundo para levar a esta abertura.
          fases, sem que haja penetração para a porção medial do   O mesmo se pode evidenciar se traçarmos a evolução
          canal auditivo externo.                           das transitórias (Figura 5), em que desde as primeiras
          FIGURA 4
          Exposição do modelo CFD a água a 50 cm de profundidade, com aumento de pressão transmitido simultaneamente ao canal auditivo
          externo e nasofaringe (através das fossas nasais). Visão ântero-posterior do canal auditivo externo e cavidade timpânica, em que se pode
          observar a ausência de água na porção medial do canal auditivo externo.













          TABELA 1
          Evolução do gradiente de pressão (em pascal) na tuba auditiva de acordo com o tempo de exposição a sucessivas pressões (em cm de água).
          Sombreadas a azul estão as circunstâncias com gradiente superior ao necessário para a abertura passiva da tuba auditiva no nosso modelo,
          evidenciando que mesmo para pressões pouco superiores à atmosférica, basta menos de um segundo para levar a esta abertura

           Tempo\Pressão   30 cm      40 cm      50 cm       60 cm       70 cm       80 cm       90 cm
          0,0001 s      00Pa       00Pa        00Pa       00Pa        00Pa        100Pa       100Pa
          0,0002 s      300Pa      300Pa       400Pa      500Pa       600Pa       600Pa       700Pa
          0,0003 s      700Pa      900Pa       1100Pa     1300Pa      1400Pa      1600Pa      1800Pa
          0,0004 s      1100Pa     1400Pa      1700Pa     2100Pa      2400Pa      2700Pa      300Pa0
          0,0005 s      1600Pa     2100Pa      2600Pa     3100Pa      3500Pa      3900Pa      4400Pa
          0,0006 s      2200Pa     2900Pa      3500Pa     4100Pa      4700Pa      5300Pa      5800Pa
          0,0007 s      2800Pa     3600Pa      4400Pa     5100Pa      5800Pa      6500Pa      7200Pa
          0,0008 s      3400Pa     4300Pa      5300Pa     6200Pa      700Pa0      7900Pa      8700Pa
          0,0009 s      3900Pa     500Pa0      6100Pa     7200Pa      8200Pa      9100Pa      10000Pa
          0,0010 s      4400Pa     5700Pa      6900Pa     8000Pa      9100Pa      10200Pa     11200Pa
          0,0011 s      4800Pa     6200Pa      7600Pa     8800Pa      10100Pa     11300Pa     12400Pa
          0,0012 s      5200Pa     6700Pa      8100Pa     9500Pa      10900Pa     12200Pa     13400Pa
          0,0013 s      5400Pa     7100Pa      8600Pa     10100Pa     11500Pa     12900Pa     14300Pa
          0,0014 s      5600Pa     7300Pa      900Pa0     10600Pa     12100Pa     13600Pa     15100Pa
          0,0015 s      5700Pa     7500Pa      9200Pa     10900Pa     12500Pa     14100Pa     15600Pa


                                                                                       VOL 55 . Nº2 . JUNHO 2017 75
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