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avaliar se os resultados encontrados compaginam com ósseo e de partes moles, com janelas adequadas à
os resultados de estudos anteriores; e finalmente, iii) definição da fronteira entre a pele do canal auditivo
avaliar se pressão variável na nasofaringe (em vaso externo/mucosa da cavidade timpânica e o ar (Figura 1).
comunicante com o exterior, pela fossa nasal), dificulta Estas imagens foram posteriormente reformatadas
a passagem de água no tubo quando em submersão. no plano sagital perpendicular ao longo eixo do canal
auditivo externo direito, usando o programa SyngoVia,
MATERIAL E MÉTODOS com espessura de 1.0 mm e intervalo de 1.0 mm.
Para a construção do modelo definimos os limites do Foi delimitado o contorno do canal auditivo externo e
canal auditivo externo e da cavidade timpânica usando da cavidade timpânica em cada uma das imagens da
a geometria obtida por imagens de uma TC de ouvidos, reformatação. A sobreposição da informação das várias
efectuada a uma criança de 3 anos, por otomastoidite secções foi utilizada para construir a geometria do
esquerda. modelo, através do programa de desenho tridimensional
Para este efeito utilizaram-se as imagens centradas ao AutoCAD® (Figura 2).
ouvido direito, considerado clinicamente são e sem Guiámo-nos pelos acidentes ósseos do canal auditivo
alterações com significado patológico na avaliação externo e o umbo para definir o perímetro da membrana ARTIGO DE REVISÃO REVIEW ARTICLE ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
imagiológica. timpânica no modelo, na qual inserimos a geometria do
Preferimos recorrer a uma tomografia em idade tubo transtimpânico.
pediátrica por a miringotomia ser maioritariamente O modelo de tubo escolhido foi o mais comum, que
realizada nesta idade, e assim ser mais pertinente uma é o tubo tipo Shepard de 1,14 mm de calibre e 2,4
eventual generalização de resultados. mm de comprimento, e “botão” de 2,4 mm em cada
O exame foi adquirido em equipamento Siemens extremidade.
Definition AS, por técnica helicoidal com colimação de Por abstracção, a parede lateral do canal auditivo externo
0,6mm, com 120Kv, 35mA e apresentado em algoritmo foi definida por um plano que passa pelo antélix, tragus
e anti-tragus (incluindo a fossa conchal na avaliação da
FIGURA 1 dinâmica de fluidos no canal). As cavidades mastoideias
Imagem coronal de TC de ouvido direito usada para definição não foram incluídas no modelo.
da geometria do canal auditivo externo e cavidade timpânica A superfície deste sólido foi então dividida em
necessária para a construção do modelo pequenos poliedros que constituem volumes finitos
e que permitiram simplificar o estudo posterior desta
superfície orgânica irregular.
Nesta fase, o desenho tridimensional foi melhorado
através de um tratamento de regularização da sua
superfície com recurso ao o programa de acesso livre
Blender®, o que lhe conferiu um aspecto mais natural
e orgânico (Figura 3). Foi também verificado, elemento
a elemento, que o conjunto estava estanque, o que
permitiu nas fases seguintes simular a inundação do
canal durante a submersão.
Uma vez obtido o continente, recorremos ao programa
Ansys–Fluent® para simular as condições de exposição
à água e as diversas condições de pressão que
correspondem às profundidades crescentes.
FIGURA 2
a) Imagem Autocad da geometria do modelo com o canal auditivo externo incluindo o tímpano e tubo e b) e c) pormenores da geometria
do tubo inserido na membrana timpânica.
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