Page 52 - Portuguese Journal - SPORL - Vol 53 Nº1
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TABELA 1
Algoritmo de atuação em caso de rutura da carótida
e infiltração inflamatória, perda da adventícia, aterosclerose arterial sendo o método preferencial pela capacidade de
secundária e perda de suporte dos tecidos circundantes. 2 tratamento simultâneo de lesões selecionadas. 2,3,5
A utilização destas técnicas como método temporário é eficaz,
mantendo a patência da carótida e evitando complicações Otimização dos tratamentos de radioterapia
imediatas decorrentes da oclusão vascular, permitindo o A radioterapia tem um papel significativo no tratamento
planeamento de uma solução terapêutica mais permanente do cancro da cabeça e pescoço. É utilizada em diferentes
com controlo mais eficaz dos riscos. protocolos terapêuticos, em combinação com quimioterapia
1,2
Sabendo a incidência da rutura da carótida nestes doentes, e cirurgia. 6
uma sistematização do modo da atuação perante esta situação Em virtude da sua proximidade com os gânglios linfáticos, os
pode ser útil na otimização do tratamento. 3 grandes vasos do pescoço são geralmente incluídos no volume
(Tabela 1) total irradiado, recebendo uma dose de radiação elevada. 7
Está descrito um aumento 7 vezes superior de rutura carotídea
Prevenção quando associada a história de radioterapia prévia. 1,2,3,4
Diagnóstico de suspeição Os radicais livres produzidos no campo irradiado causam
A prevenção depende muito de um seguimento atento e de um trombose e obliteração dos vasa vasorum, fibrose da
diagnóstico de suspeição prévio à rutura tipo III da carótida. adventícia, aterosclerose prematura, alterações na espessura
Os exames complementares de diagnóstico são armas que da parede arterial e subsequente enfraquecimento da
podem fornecer informação detalhada e útil atempadamente. mesma. 3
A tomografia computorizada (TC) e a ressonância magnética Este efeito contribui para a sensibilidade aumentada aos
(RM) são úteis no diagnóstico de lesões tipo I, como seja a mediadores inflamatórios derivados da infeção dos tecidos
exposição da carótida num trajeto fistuloso ou a invasão da (ex. necrose tecidual, fistula mucocutânea, exposição a
mesma por recorrência tumoral. saliva). 3
A AngioTC, a AngioRM e a angiografia são úteis na avaliação Em consequência, a decomposição da parede arterial resulta
de lesões tipo II - incluindo irregularidades endoluminais das em defeitos endoluminais, formação de pseudoaneurismas e
paredes do vaso e a formação de pseudoaneurismas - e na ultimamente em rutura. 3
identificação de lesões tipo III – extravasamento. Uma das teorias iniciais tenta explicar as complicações
A angiografia é o Gold standard para o diagnóstico de patologia inerentes a este tipo de tratamento e dita que a radioterapia
50 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL