Page 20 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 50 Nº1
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das vias aéreas: supraglote, glote, subglote e traqueia. FIGURA 5
Estes exames permitem determinar o comprimento do Reconstrução laringotraqueal standard. A, Exposição
laringotraqueal anterior: 1, cartilagem tiróide; 2, cartilagem
segmento estenótico, a sua localização, espessura e cricóide; 3, incisão. B, Exposição após abertura anterior:
composição . 1,abertura da cartilagem tiróide; 2, abertura da cartilagem
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cricóide; 3, aritenóides; 4, cartilagem cricoide porção posterior.
As estenoses glóticas são classificadas segundo a C, Aspecto da larínge após colocação de cartilagem costal
classificação de Cohen (tabela 2), enquanto o sistema de no defeito posterior: 1, aritenóides; 2, cartilagem cricóide;
classificação de Myer-Cotton é o mais frequentemente 3, enxerto de cartilagem costal. D, Stent laríngeo e enxerto
cartilagem costal no defeito anterior: 1, stent laríngeo; 2,
usado para o estadiamento das estenoses subglóticas cartilagem costal para preenchimento de defeito anterior
(tabela 3) 1,10 .
TABELA 2
Classificação de Cohen para as estenoses glóticas
Classificação Envolvimento Clínica
Envolve até 35% da glote Sintomas
Tipo I anterior; cordas vocais visíveis; ligeiros
sem envolvimento subglótico
Envolve 35% a 50% da glote
Sintomas
Tipo II anterior; envolvimento moderados
mínimo da subglote
Envolve 50% a 75% da glote; Sintomas
Tipo III
não se visualiza cordas vocais severos
Oclusão de 75% a 90% da
Tipo IV glote; estenose concomitante Intervenção
imediata
da subglote
TABELA 3
Sistema Myer-Cotton para o estadiamento das estenoses
subglóticas.
Classificação Obstrução lúmen (%)
Grau I < 50% de obstrução do lúmen laríngeo
Grau II 50 a 70% de obstrução do lúmen laríngeo
Grau III 71 a 99% de obstrução do lúmen laríngeo
Grau IV Obstrução completa do lúmen laríngeo inflamação, malácia e tecido de granulação, podendo
ficar até três anos. As complicações mais comuns são
Os objectivos primários do tratamento da estenose a disfonia e fístula traqueocutânea, consequência da
laringotraqueal consistem no desenvolvimento de traqueotomia prolongada.
uma via aérea adequada com preservação ou melhoria De uma forma geral, o tratamento cirúrgico das
da qualidade vocal. Diferentes técnicas cirúrgicas e estenoses glóticas e subglóticas consiste em técnicas
endoscópicas têm sido utilizadas no tratamento desta menos invasivas, normalmente endoscópicas, com
patologia, porém a reconstrução laringotraqueal dilatações seriadas, mais indicadas para as estenoses
standard com cartilagem costal (figura 5), é considerado membranosas do que nas cartilagíneas, com
o tratamento de escolha na grande maioria dos casos colocação invariável de stents, decidido normalmente
de estenose limitada à subglote e traqueia, com intraoperatoriamente 6,9,11 . O laser CO tem sido
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percentagens de descanulação que rondam os 80 a 90%, largamente usado no tratamento precoce de tecido
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dependendo das séries . A cartilagem costal autógena de granulação ou webs, por não causar hemorragia ou
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é o material de escolha, podendo também ser usado edema significativo .
cartilagem auricular e tiroideia. O tratamento endoscópico tem menor taxa de sucesso
Os stents são usados para manter a área reconstruída nos seguintes casos: cicatrizes circunferenciais, fibrose com
estável e quando se usam enxertos para expansão mais de 1 cm de comprimento, infecção concomitante,
da área estenótica. O stenting temporário (tubo de exposição de pericôndrio ou cartilagem após uso de
Montgomery) é removido quando as características laser CO , estenoses laringotraqueais complexas e
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endoscópicas assim o permitirem, baseado no grau de procedimentos endoscópicos prévios sem sucesso. A
18 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL

