Page 18 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 50 Nº1
P. 18

por hemorragia com necessidade de revisão no bloco   Por último, no caso 3, apresentamos um doente com
          operatório  (doente  anticoagulada).  O  restante  pós-  edema marcado da glote e subglote, a determinar
          operatório decorreu sem intercorrências e o tubo   estenose  da  via  aérea,  confirmado  por  TC  (figura  3)
          de  Montgomery  foi  removido  ao  fim  de  11  meses.  A   e  Laringoscopia  (figura  4).  A  broncofibroscopia
          doente  encontra-se  assintomática  desde  há  10  anos,   apresentava,  na  continuidade  das  cordas  vocais,
          com controlos regulares anuais em consulta de ORL.  uma estenose infundibiliforme com calibre de cerca
          Em dois casos procedeu-se unicamente a traqueoplastia   de 3-4 mm e 2 cm de extensão, com grande edema
          com colocação de tubo de Montgomery, um dos       e malácia. Com a colaboração da Pneumologia,
          casos (caso 2) num doente com Síndrome de Lance   procedeu-se a dilatação com balões até ao calibre de
          Adams  (mioclonias  como  sequela  de  encefalopatia   15  mm,  verificando-se  um  agravamento  do  edema
          anóxica), complicação da  pneumonia vírica a  H1N1.   e  necessidade de traqueostomia  urgente.  O  doente
          Não  se  verificaram  complicações  no  pós-operatório,   encontra-se actualmente a ser seguido em outra
          com remoção do tubo aos 10 meses e sem recidiva de   instituição hospitalar.
          estenose ao fim de aproximadamente um ano de cirurgia   Em todos os casos, com excepção dos casos 3 e 5, os
          (figura 2-a e 2-b). No caso 4, por estenose subglótica   tratamentos  foram  eficazes  no  controlo  da  estenose,
          idiopática progressiva com extensão à traqueia, optou-  estando os doentes assintomáticos e sem dependência
          -se pela colocação de tubo de Montgomery durante 20   da traqueostomia. Em dois casos houve necessidade de
          meses.  A  doente  manteve-se  assintomática  durante   tratamentos posteriores com dilatação endoscópica.
          quatro anos após a remoção do tubo, com recidiva no   Em nenhum dos casos foram detectadas complicações
          terceiro trimestre da gravidez. Foi pedida colaboração   major.  Podemos  admitir  uma  percentagem  de
          pela  Pneumologia,  tendo  sido  submetida  a  dilatações   aproximadamente 70% de descanulação na nossa
          com balões de 15 mm, com sucesso, encontrando-se a   amostra, ligeiramente inferior às percentagens descritas
          doente assintomática há cerca de 6 meses.         na literatura, porém enviesada por uma amostra
          O caso 6, doente com carcinoma papilar da tiróide com   reduzida e pelo facto de incluirmos um doente que ainda
          invasão  traqueal,  foi  submetido  a  tiroidectomia  total   se encontra em fase de tratamento e outro doente de
          com ressecção segmentar  dos dois primeiros anéis   mau  prognóstico  para  a  reconstrução  laringotraqueal
          traqueais e anastomose topo a topo, com traqueotomia   (por Policondrite Recidivante).
          provisória. Num segundo tempo cirúrgico procedemos a
          traqueoplastia com colocação de tubo de Montgomery,
          removido  ao  fim  de  18  meses,  estando  o  doente
          actualmente assintomático há 22 meses.


          FIGURA 2
          2-a – Caso 2 - Laringoscopia com tubo de Montgomery; 2-b – Laringoscopia actual após remoção de tubo de Montgomery.
































       16  REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL
   13   14   15   16   17   18   19   20   21   22   23