Page 16 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 49. Nº3
P. 16
FIGURA 6 FIGURA 8
Exames complementares de diagnóstico efectuados (FR). Focos infecciosos identificados (FR). Inf odontog – infecção
NFLC – nasofibrolaringoscopia; OPG – ortopantomografia; TC – odontogénica; Inf quisto branq – infecção quisto branquial; Inf
tomografia computadorizada peri-amigd – infecção peri-amigdalina.
termos analíticos, apenas se encontraram registos
dos resultados em 78 processos, verificando-se um Relativamente ao tratamento médico destes doentes,
aumento dos parâmetros infecciosos bacterianos 41,9% encontrava-se medicado com antibiótico oral
(leucócitos, neutrófilos e proteína C reactiva – PCR) na previamente, a maioria das vezes com um macrólido
maioria dos doentes, com preponderância do aumento (azitromicina), sendo o tempo médio de evolução do
da PCR, como parâmetro mais consistentemente quadro até à chegada ao nosso serviço de urgência
elevado (em 96,2% dos doentes – figura 7). As análises e o início da terapêutica antibiótica endovenosa
não apresentavam alteração destes parâmetros apenas cerca de 5,2 dias. A antibioterapia endovenosa usada
em 2,6% dos casos. para tratar estes doentes foi semelhante à usada na
literatura e o tempo médio de internamento foi de 6,6
FIGURA 7
Distribuição dos parâmetros infecciosos nas análises efectu- dias. Efectuámos drenagem sob anestesia local em 212
adas (FR; %). Leuc – leucocitose; Neutr – neutrofilia; PCR – doentes (71,4%) e drenagem cirúrgica sob anestesia
proteína C reactiva.
geral em 21 doentes (7,1%), 20 das quais foram
cervicotomias, associadas a toracotomias com ou sem
outros procedimentos em 50% dos casos (em doentes
com complicações), e uma por via oral, num caso de
abcesso para-faríngeo.
Em termos de evolução, 50 doentes (16,8%) tiveram
complicações, registando-se onze casos (3,7%)
de mediastinite – por sua vez associada a outras
complicações – 3 casos (1%) de dispneia alta isolada
– com necessidade de traqueotomia e ventilação
mecânica invasiva (VMI) –, e dois casos de celulite
cervical. No total, 294 doentes evoluíram para a cura,
o que perfaz uma taxa de mortalidade de 1%, relativa a
O foco infeccioso foi identificado em 254 doentes três doentes que evoluíram para uma mediastinite.
(85,5%), constatando-se um predomínio da patologia A mortalidade registada neste subgrupo de doentes
peri-amigdalina (96,5%) enquanto causa mais frequente levou-nos a analisar com mais atenção as características
de infecção cervical profunda, seguida da presença de demográficas, clínicas, terapêuticas e evolutivas do
corpos estranhos (1,2%) e da patologia odontogénica mesmo. Registaram-se 11 doentes neste subgrupo, 7 do
(0,8% – figura 8). sexo masculino e 4 do sexo feminino, com uma média
de idades de 48,8 anos (desvio padrão 20,6 – quadro
142 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL

