Page 11 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 49. Nº3
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Na  avaliação  subjectiva,  a  diminuição  de  68%  da   aérea  poderão  melhorar  a  taxa  de  sucesso  da  UPPP,
          roncopatia  é  concordante  com  o  que  é  descrito  na   nomeadamente  em  doentes  não  adaptados  ou  que
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          literatura (46-71%).  Dos doentes submetidos a UPPP   recusem outras modalidades terapêuticas.
          no nosso estudo 64% consideraram que a intervenção
          foi  recompensadora.  Num  trabalho  semelhante
          que  envolveu  o  estudo  a  longo  prazo  de  49  doentes
          submetidos  a  UPPP,  51%  destes  consideraram  que
          a  intervenção  tinha  sido  recompensadora,  17  anos
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          após  a  cirurgia.   Estudos  prévios  demonstram  que
          a  UPPP  diminui  a  roncopatia  e  a  sonolência  diurna,
          melhorando  a  qualidade  de  vida  do  doente.  No
          entanto  esta  melhoria  subjectiva  não  se  correlaciona
          com IAH final pós-cirurgia , tal como se demonstrou
                                22
          pela  diferença  obtida  no  nosso  estudo.  Esta  falta  de                                             ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
          correlação entre a melhoria subjectiva percepcionada
          pelo doente e a taxa de cura efectiva salienta, mais uma
          vez, a necessidade de seguimento destes doentes, com
          repetição do estudo do sono.
          Verificou-se  ainda  uma  diminuição  da  eficácia  a
          longo-prazo:  o  benefício  na  melhoria  da  roncopatia
          diminuiu de 90% para 68% e o benefício na melhoria da
          sonolência  diurna  excessiva  manteve-se  somente  em
          61% dos doentes. Isto está de acordo com o relatado
                                   9
          na  publicação  de  Goh  et al   em  que  se  descreve
          uma  diminuição  a  longo-prazo  no  benefício  obtido
          na  roncopatia  de  67,3%  para  40,8%  e  na  excessiva
          sonolência diurna de 49% para 34,7%.
          De  um  modo  geral,  a  UPPP  esteve  associada  a  uma
          baixa  morbilidade  quer  no  pós-operatório  imediato,
          em  que  apenas  as  queixas  álgicas  tiveram  expressão
          significativa, quer a longo-prazo.


          CONCLUSÕES
          Apesar  da  UPPP  ser  a  abordagem  cirúrgica  mais
          frequentemente  utilizada  nos  doentes  com  SAOS,
          apresenta  uma  taxa  de  sucesso  variável.  Os  critérios
          de  selecção  utilizados  não  têm  um  valor  preditivo
          significativo. Neste estudo a UPPP associou-se a baixa
          morbilidade  cirúrgica,  contudo  a  taxa  de  cura  obtida
          para esta cirurgia isolada foi baixa (33%), o que contrasta
          claramente  com  os  resultados  subjectivos,  em  que  a
          maioria  dos  doentes  relata  benefício  nomeadamente
          na  diminuição  da  roncopatia.  Esta  melhoria
          percepcionada  pelo  doente  não  deve  substituir  a
          reavaliação  pós-operatória  com  PSG,  uma  vez  que
          a  manutenção  de  SAOS  moderada  a  grave  implica
          tratamento  complementar.  O  IMC  correlacionou--
          se  significativamente  com  o  IAH,  pelo  que  deverá
          ser incluído nos critérios de selecção para cirurgia. A
          melhoria  dos  métodos  de  avaliação  diagnóstica  pré-
          operatória e a associação de procedimentos cirúrgicos
          que  abordem  outros  locais  de  obstrução  da  via



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