Page 72 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº4
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FRACTURA DA ESPINHA NASAl ANTERIOR
damente às suas pequenas dimensões e à sua base do nariz, espontânea e agravada pela pal-
posição na porção central da face, no meio de pação, o edema da base do nariz e do lábio su-
outras estruturas maiores e mais proeminentes. perior, e a equimose submucosa ou subcutânea
Essas características parecem protegê-la e do lábio superior, centrada na linha mediana.
torná-la menos vulnerável do que as outras es- A radiografia simples de perfil do nariz, na
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truturas faciais • • mesma incidência que é realizada para a vi-
É ainda possível que, para a raridade das sualização dos ossos próprios do nariz, é diag-
descrições possa contribuir não só a raridade nóstico.
da lesão, mas também a sua não correcta iden- É importante que a avaliação inclua ainda
tificação ot..i a desvalorização uma vez obser- uma rinoscopia anterior com luz frontal, após
vada. retracção da mucosa nasal com vasoconstrito-
O quadro seguinte (Quadro 1) reúne alguns res ou mesmo com anestesia tópica da -mucosa,
dos dados demográficos e clínicos dos 4 casos de forma a permitir o diagnóstico de outras
de FENA descritos até à data actual. lesões intranasais associadas, tais como uma
A distribuição etária (75% dos casos refe- fractura ou luxação do septo nasal.
rem-se a doentes com idade igual ou inferior a Nos 4 casos descritos, apenás um se com-
1 8 anos) é consistente com os estudos epide- plicou de obstrução nasal, que se devia ao
miológicos dos traumatismos da face, que con- desvio do septo nasal associado, result~nte do
firmam que estas lesões são típicas dos jovens 10 • mesmo traumatismo.
Os casos descritos até à data actual resul- Apesar de que, nos casos descritos, não se
taram sempre de acidentes menores. terem demonstrado consequências estéticas ou
A etiologia e mecanismos foram diferentes, funcionais directas da FENA, essas consequên-
mas com predomínio, respectivamente, das que- cias já foram observadas após intervenções ci-
das e do traumatismo ascendente dirigido à base rúrgicas nas quais a espinha nasal anterior foi
do nariz. modificada 11 •
Quanto ao quadro, pensamos poder afirmar- Por essa razão parece-nos útil que esta situa-
-se que se pode descrever um conjunto de sinto- ção seja incluída no diagnóstico diferencial dos
mas e sinais típicos, e que são: a dor intensa na traumatismos do terço médio da face.
Quadro 1. Dados demográficos, clínicos e tratamento dos doentes com FENA
Estudo Idade/ sexo Etiologia Mecanismo Quadro clínico Rinoscopia Tratamento
Mosl etal. 7 18/F AM Trauma Sangramento da boca, Não mencionada Conservador
frontal da boca,
laceração da mucosa
do lábio
Nazif el al. 9 14/M Queda Trauma Edema, dor, e~uimose da Não mencionada Conservador
lateral mu cosa do lábio e da pele
da face
Escada e Penha. 1 18/M Desporto Trauma Edema, dor, equimose da Desvio do Conservador.
ascendente mucosa do lábio septonasal Septoplastia diferida
e obstrução nasal
Escada e Capucho* 56/f Queda Trauma Edema, dor, equimose da Normal Conservador
ascendente mucosa do lábio
FENA: fractura da espimnha nasal anterior; AVM: acidente de automóvel; *: refere-se ao caso descrito neste trabalho
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