Page 94 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 60. Nº4
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cefaleia, frontal ou retroorbitária, que pode Figura 1
surgir associada a sintomas nasossinusais RM de doente com sarcoma mielóide esfenoidal,
corte coronal em ponderação T1 com gadolínio.
como rinorreia, obstrução nasal, hipósmia ou
epistáxis. Apesar da estreita relação do seio
6,7
esfenoidal com a dura mater, pares cranianos
(III, IV, V1, V2 e VI), quiasma e nervos óticos, seio
cavernoso, hipófise, artéria carótida interna,
gânglio esfenopalatino, artéria esfenopalatina
e canal pterigoideu, os sintomas decorrentes
do envolvimento das estruturas anatómicas
vizinhas são menos frequentes e de
apresentação tardia. No presente estudo
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retrospetivo, os autores propõem-se a analisar
a etiologia, sintomatologia, diagnóstico e
outcomes cirúrgicos, de uma amostra de 19
doentes com patologia isolada do seio esfenoidal
submetidos a intervenção endoscópica
nasossinusal diagnóstica ou terapêutica.
Material e Métodos
Estudo retrospetivo e descritivo de doentes
diagnosticados com lesões isoladas do O sintoma mais frequente foi a cefaleia ou a
seio esfenoidal que foram submetidos a dor retroorbitária (n=7, 38,9 %), seguido de
abordagem endoscópica nasossinusal obstrução nasal (n=6, 33.3%). Rinorreia posterior
com intuito diagnóstico ou terapêutico, (n=1, 5,3%) e rinorreia anterior purulenta (n=1,
entre Janeiro de 2017 e Dezembro de 2021. 5,3%), foram reportadas apenas nos casos de
Para cada doente foram analisadas as micetoma esfenoidal e de displasia fibrosa,
seguintes variáveis: sexo, idade, sintomas de respetivamente. Sintomas compatíveis com o
apresentação, meios de diagnóstico, etiologia, compromisso de pares cranianos ocorreram
estudo microbiológico e anátomo‐patológico, exclusivamente no grupo das neoplasias
cirurgia efetuada, outcome cirúrgico relativo à malignas, com 2 doentes a reportarem
ressecção macroscópica da lesão, sempre que diplopia, 1 doente com ptose palpebral, 1
aplicável. doente com hipoestesia da face e 1 doente
com diminuição da acuidade visual. Em 5
Resultados doentes (27,8%) tratou-se de um diagnóstico
Foram incluídos 19 doentes, 73,7% (n=14) eram incidental em exames de imagem, em doentes
do género masculino. A idade variou entre 15 assintomáticos. A distribuição de sintomas de
e 77 anos, apresentando uma média de 48,0 ± acordo com o grupo de diagnóstico encontra-
18,7 anos. se listada na tabela 2.
Foram identificadas 11 lesões de etiologia Para o estabelecimento inicial do diagnóstico,
inflamatória (57.9%), incluindo 6 sinusites todos os doentes realizaram pelo menos
fúngicas (1 invasiva) e 1 mucocelo, e 7 lesões uma avaliação imagiológica: 13 (68,4%)
neoplásicas (36.8%), das quais 3 eram malignas doentes realizaram TC complementada por
(neoplasias secundárias metastáticas). RM e 6 (31,6%) doentes apenas realizaram
Adicionalmente, foi incluído 1 caso de fistula TC. No grupo cuja avaliação imagiológica foi
de líquido cefalorraquidiano espontânea complementada por RM, estão incluídas a
em doente sem história prévia de cirurgia totalidade das neoplasias malignas, a fístula
nasossinusal ou traumatismo cranioencefálico. de líquido cefalorraquidiano espontânea e o
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