Page 50 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 60. Nº2
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FIGURA 1
          Otorreia aquosa, incolor, de médio débito visualizada à inspeção




































          FIGURA 2
          Tira-teste da amostra de otorreia positiva para glicose  Estes achados confirmaram a suspeita de fístula de LCR
                                                            com meningoencefalocelo temporal. (Figura 4 A, B e C)
                                                            O  doente  foi  internado  e  medicado  com  antibiótico
                                                            (ceftriaxone  2mg,  12/12h,  ev)  e  com  recomendações
                                                            de  repouso,  elevação  de  cabeceira,  dieta  laxante  e
                                                            vigilância  de  sinais  de  infeção  do  sistema  nervoso
                                                            central.
                                                            Foi  proposta  cirurgia  por  abordagem  multidisciplinar
                                                            com  a  equipa  de  neurocirurgia  tendo  sido  realizada
                                                            uma via combinada (via fossa média e transmastoideia).
                                                            Após   exploração,   identificação   e   excisão   do
                                                            meningoencefalocelo,  via  fossa  média,  procedeu-
                                                            se  a  alargamento  da  cavidade  de  esvaziamento  da
                                                            mastoidectomia radical prévia, constatando-se vestígios
                                                            de  meningoencefalocelo,  que  foi  excisado  e  enviado
                                                            para  análise  anátomo-patológica.  Esta  confirmou
                                                            tratar-se de tecido cerebral, excluindo a existência de
                                                            colesteatoma.  O  defeito  osteo-dural  foi  encerrado
                                                            através  de  múltiplas  camadas  de  material  autólogo  e
                                                            heterólogo:  fáscia  lata  liofilizada  (underlay  e  overlay),
                                                            osso de craniotomia, Durassel®, cera de osso, cola de
          De  forma  a  complementar  o  estudo,  realizou-se   fibrina e Surgicel®. (Figura 5 A e B)
          Ressonância  Magnética  Nuclear  (RMN)  craniana  que   O doente manteve-se sobre estritas recomendações no
          revelou  um  componente  tecidual  no  canal  auditivo   pós-operatório (repouso, elevação da cabeceira e dieta
          externo  com  sinal  idêntico  ao  do  parênquima   laxante),  mantendo  terapêutica  com  ceftriaxone  2mg,
          encefálico,  correspondendo  muito  provavelmente   12/12h, ev.
          a  um  meningoencefalocelo  temporal.  Além  disso,  o   A  TC  de  controlo  do  pós-operatório  revelou  aparente
          ouvido médio e o canal auditivo externo encontravam-  encerramento da fístula (Figura 6), tendo o doente tido
          se  preenchidos  por  fluído  hiperintenso  em  T2,  que   alta ao oitavo dia de pós-operatório, com total resolução
          suprimia  na  sequência  FLAIR,  correspondendo  a  LCR.   da otorráquia.


      126  REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO
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