Page 89 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 50 Nº1
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FIGURA 2                                          Nunca é demais ter presente, na altura do diagnóstico,
          Rinoscopia anterior FNE                           a necessidade de estadiamento e despiste de doença
                                                            sistémica, em articulação com a Hematologia Clínica.
                                                            A radioterapia é o tratamento de escolha para o
                                                            plasmocitoma  extramedular,  com  intuito  curativo,
                                                            numa dose de 40 a 50 Gy durante 4 semanas . Se for
                                                                                                   10
                                                            realizada resseção cirúrgica completa da lesão, o papel
                                                            da radioterapia adjuvante está menos definido. Lesões
                                                            pequenas podem ser tratadas apenas com a cirurgia,
                                                            sem necessidade de  associar radioterapia, a não ser que
                                                            haja suspeita de lesão residual. O uso de quimioterapia
                                                            não parece diminuir o risco de recidiva ou aumentar a
                                                            sobrevida livre de doença .
                                                                                 4
                                                            Menos de 7 % dos doentes com plasmocitomas
                                                            extramedulares têm recidiva local  e 10 a 15%          CASO CLÍNICO CASE REPORT
                                                                                           5
                                                            desenvolvem mieloma múltiplo 5,10 .
                                                            A sobrevida global aos 5 anos dos doentes com
          FIGURA 3                                          plasmocitoma extramedular situa-se entre os 40 e
          TC SPN
                                                            os 85% 11,12 . Numa série de 18 doentes, tratados a
                                                            plasmocitomas de cabeça e pescoço, sobrevida global
                                                            média foi de 12,5 anos com sobrevidas aos 5 e 10
                                                                                            10
                                                            anos  de  88  e  55%,  respectivamente .  Seis  doentes
                                                            desenvolveram  mieloma  múltiplo  ou  plasmocitoma
                                                            numa localização distante do tumor prévio. O
                                                            acompanhamento pós-tratamento deve ser periódico
                                                            (3/3 meses nos primeiros 2 anos, 6/6 meses nos 3
                                                            anos seguintes e depois anual), com realização de
                                                            fibroscopia. Todos os doentes devem realizar  TC, PET
                                                            ou RMN pelo menos anualmente durante os primeiros
                                                            5 anos pós-tratamento.
                                                            Assim, é mandatório o acompanhamento do doente
                                                            pela ORL e Hematologia, pelo risco quer de recidiva
                                                            local quer de desenvolvimento de mieloma múltiplo.






          CONCLUSõES
          Os plasmocitomas extramedulares surgem, como o
          nome indica, fora da medula óssea, e os sintomas
          variam de acordo com a localização da massa, sendo,
          no entanto, mais frequentes em topografia de cabeça
          e pescoço. Podem mimetizar outras patologias do foro
          ORL, algumas delas benignas ou podem corresponder a
          uma manifestação ORL de doença multifocal/sistémica.
          A razão pela qual alguns doentes desenvolvem mieloma
          múltiplo ou plasmocitomas isolados ainda não está bem
          definida, mas poderá estar relacionada com a expressão
          de adesinas e de  receptores de quimocinas nas células
          malignas .
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