Page 73 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 50 Nº1
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Tratamento de paraganglioma com petrosectomia


          subtotal. Caso clínico



          Paraganglioma treatment with subtotal petrosec-


          tomy. Case report



          Filipa Oliveira   Pedro Cavilhas   Pedro Escada   Gonçalo Neto de Almeida    Pedro Sousa   Madeira da Silva



          RESUMO                                            como um procedimento isolado ou, mais frequentemente,
          Os  paragangliomas  são  tumores  raros,  particularmente  na   é o tempo cirúrgico inicial de uma abordagem que se       CASO CLÍNICO CASE REPORT
          região da cabeça e pescoço. Desenvolvem-se a partir das células   estende a outra área anatómica vizinha do osso temporal.
          do sistema nervoso autónomo, sendo mais frequentemente   A petrosectomia subtotal consiste  na  eliminação  de todas
          encontrados no corpo carotídeo, no corpo jugular, ao longo do   os grupos celulares do osso temporal com preservação das
          nervo glossofaríngeo e no nervo vago. A identificação deste   corticais  ósseas  profundas  e  da  cápsula  ótica.  A  operação
          tipo de lesões no ouvido médio baseia-se na anamnese, na   implica o encerramento definitivo do canal auditivo externo
          observação  e  em  exames  complementares  de  diagnóstico   e do orifício timpânico da trompa de Eustáquio, assim como a
          como o audiograma, a imitância acústica (impedanciometria),   obliteração da cavidade com gordura abdominal autóloga. No
          a tomografia computorizada e a ressonância magnética.  caso clínico em concreto a petrosectomia subtotal, estendida
          O  objectivo  deste  trabalho  é  o  de  demonstrar  a  utilidade   à região infralabiríntica e cervical (via da Fossa Infratemporal
          da petrosectomia subtotal como uma técnica, ou tempo   do tipo A) foi utilizada para remover a lesão do osso temporal.
          cirúrgico, que está incluída nas abordagens realizadas para o   O doente teve alta ao nono dia de pós-operatório,
          tratamento dos paragangliomas do osso temporal.   apresentando com sequela cirúrgica uma hipoacusia
          Um doente de 45 anos de idade foi referenciado para o Serviço   de condução permanente. O follow-up foi realizado
          de Otorrinolaringologia do Hospital de Egas Moniz com o   periodicamente com recurso a exames imagiológicos,
          diagnóstico de paraganglioma jugulo-timpânico à direita, para   nomeadamente a ressonância magnética.
          tratamento cirúrgico. A operação incluiu a petrosectomia   As  opções  terapêuticas  possíveis  para  os  paragangliomas
          subtotal, tendo obtido a excisão completa do tumor.   são várias, desde a vigilância sem tratamento, à radioterapia
          A  petrosectomia  subtotal  é  utilizada  nos  acessos  laterais  à   e  à  cirurgia.  No  entanto,  a  única  terapêutica  curativa  é  a
          base do crânio nos quais seja necessário remover toda a   cirúrgica. No nosso doente optámos pela realização de uma
          porção  pneumatizada  do  osso  temporal.  Pode  ser  realizada   via de abordagem que incluía a petrosectomia subtotal. Um
                                                            ano após a operação a doente encontra-se clinicamente bem,
          Filipa Oliveira                                   tendo voltado à sua actividade.
          Interna do Complementar do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz – Centro   Palavras-chave:  Paraganglioma;  Glómus  timpânico;  Audiograma;
          Hospitalar Lisboa Ocidental
                                                            Tomografia  axial  computorizada;  Ressonância  magnética;
          Pedro Cavilhas
          Interno do Complementar do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz – Centro   Arteriografia; Petrosectomia subtotal; Hipoacúsia de condução.
          Hospitalar Lisboa Ocidental
          Pedro Escada                                      ABSTRACT
          Chefe de Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa
          Ocidental                                         Paragangliomas  are  rare  tumors,  particularly  in  head  and
                                                            neck region. They arise from cells of the autonomic nervous
          Gonçalo Neto de Almeida
          Assistente Graduado de Neurocirurgia do Hospital Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa   system  and  are  more  frequently  found  in  the  carotid  body,
          Ocidental
                                                            jugular  body,  glossopharyngeal  nerve  and  vagus  nerve.  The
          Pedro Sousa                                       identification  of  this  neoplasm  in  the  middle  ear  is  based
          Assistente de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz – Centro Hospitalar Lisboa Ocidental
                                                            on  the  clinical  manifestations  and  complementary  exams
          Madeira da Silva
          Director do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Egas Moniz - Centro Hospitalar Lisboa   (audiogram,  tympanogram,  computed  tomography  and
          Ocidental                                         magnetic  resonance).  The  purpose  of  this  case  report  is  to
          Correspondência:                                  demonstrate that subtotal petrosectomy is a valuable surgical
          Ana Filipa Simões de Oliveira
          Rua Sousa Lopes, nº 8, 6º andar, 1600-207 Lisboa.  technique for the treatment of glomus tumors of the temporal
          Telefone: 919650815                               bone.
          Email: filipaoliveira23mail.com
                                                            A  45-year  old  woman  was  referred  to  our  hospital  for  the
          Apresentado como comunicação livre no 58º congresso Nacional da Sociedade Portuguesa de
          Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial    surgical treatment of a jugulotympanic paraganglioma on the

                                                                                       VOL 50 . Nº1 . MARÇO 2012  71
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