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FIGURA 5 Claramente no caso 2, a volumosa concha bolhosa ao
Caso Clínico 2: Imagem ao 8º dia do pós-operatório da desempenhar um papel na fisiopatologia necessitava
abordagem endoscópica
de algum tipo de abordagem; optou-se por remoção da
lamela lateral da concha resolvendo parte da situação
obstrutiva com preservação das referências anatómicas,
dando ao corneto a sua configuração habitual não
interferindo deste modo com o seu papel na fisiologia
nasal.
CONCLUSÃO
Em ambos os casos a abordagem do corneto médio
foi essencial para a resolução da doença, para o
acesso cirúrgico e desbridamento pós-operatório.
As respectivas técnicas de ressecção conservadora
permitiram conservar as principais referências CASO CLÍNICO CASE REPORT
anatómicas desta estrutura, assim como a preservação
das suas funções mucociliar, condicionamento do ar
inspirado e de orientação do ar para a fossa olfactiva.
DISCUSSÃO
O abcesso subperiosteal da órbita secundário a
rinosinusite aguda em crianças é geralmente de Referências Bibliográficas:
localização medial e ocorre como consequência de 1. Rice D. Management of The middle turbinate in endoscopic surgery.
sinusite etmoidal 5,7-9 . Este facto deve-se às inúmeras Operative Techniques Otolaryngol Head Neck Surg. 1995Sep;6(3):144-
soluções de continuidade existentes na lâmina 148.
2. Lebowitz RA, Galli SKD, Lee KC, Jacobs JB. Management of the middle
papirácea, como ocorreu no segundo caso, que facilitam turbinate during functional endoscopic sinus surgery. Operative
a comunicação entre as células etmoidais e o espaço Techniques Otolaryngol Head Neck Surg. 2001Mar;12(1):13-16.
subperiosteal da parede interna da órbita. O abcesso 3. Biedlingmaier J. The middle turbinate approach in endoscopic
subperiosteal do tecto da órbita como complicação sinus surgery. Operative Techniques Otolaryngol Head Neck
de sinusite frontal só raramente tem sido descrito. Surg.1996Mar;7(3):275-277.
4. Willner A, Lazar RH, Zalzal G. Endoscopic treatment of concha
O modo de progressão da infecção pode ocorrer por bullosa in children. Operative Techniques Otolaryngol Head Neck
tromboflebite das veias avalvulares, extensão directa Surg. 1996Sep;7(3):289-292.
por erosão óssea ou como se verificou no primeiro caso 5. Oxford LE, McClay J. Medical and surgical management of
clínico, através de deiscências do pavimento do seio subperiosteal orbital abscess secondary to acute sinusitis in children.
frontal 5,10 . Int J Pediatr Otorhinolaryngol 2006;70:1853-1861.
Em ambos os casos o tratamento cirúrgico foi necessário 6. Ward RF, April MM. Complications of sinusitis in the pediatric
population. Operative Techniques Otolaryngol Head Neck Surg.
tendo em conta a proptose significativa, a oftalmoplegia 1996Sep;7(3):305-309.
e a ausência de resposta à terapêutica médica. 7. Botting AM, McIntosh D, Mahadevan M. Paediatric pre- and post-
Na cirurgia endoscópica é importante perceber se o septal peri-orbital infections are different diseases: a retrospective
corneto médio constitui por si parte do problema, review of 262 cases. Int J Pediatr Otorhinolaryngol 2008;72:377-383.
está envolvido na doença ou é apenas um espectador 8. Pereira KD, Mitchell RB, Younis RT, Lazar RH. Management of medial
subperiosteal abscess of the orbit in children – a 5 year experience.
inocente. Int J Pediatr Otorhinolaryngol 1997;38:247-254.
Relativamente ao primeiro caso, o corneto paradoxal 9. Manning SC. Endoscopic drainage of subperiosteal orbital
impossibilitava a abordagem do meato médio e devido abscesses. Operative Techniques Otolaryngol Head Neck Surg.
a lateralização exercida sobre a apófise unciforme e 2002Mar;13(1):73-76.
estenose do recesso frontal foi considerado cofactor 10. Pond F, Berkowitz RG. Superolateral subperiosteal orbital abscess
etiológico do quadro clínico. A sua ressecção pareceu- complicating sinusitis in a child. Int J Pediatr Otorhinolaryngol
1999;48:255-258.
nos importante para a resolução da doença. Efectuou-
-se turbinectomia parcial antero-inferior preservando
as zonas de inserção na parede lateral, designadamente
a lamela horizontal, importante para a sua estabilização,
a inserção antero-superior, referência anatómica
fundamental e a região posterior, também referência
do seio esfenoidal.
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