Page 26 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 50 Nº1

Como esperado, observou-se uma correlação inversa entre o amostra ou pela sua heterogeneidade, nomeadamente devido
score de sintomas e a RAC (ASTm e volume) e entre o score de à presença de alterações anatómicas em 90,9% dos doentes
sintomas e o PFNI, bem como uma correlação directa entre a e aos diferentes perfis de sensibilização. Apesar de todos os
RAC e o PFNI. Contudo a correlação entre os métodos não foi doentes terem sido avaliados numa fase sintomática e de
estatisticamente significativa. elevada exposição a aeroalergénios aos quais demonstraram
Na Tabela 3 apresenta-se o FC avaliado pelos diferentes sensibilização (ex: ácaros, gramíneas, parietária), a exposição
métodos. a diferentes níveis e/ou a diferentes fontes (nos doentes
polisensibilizados) poderão ter contribuído para uma menor
TABELA 3 resposta ao tratamento dos mais expostos. A presença de asma
Factor de congestão (FC) de cada um dos métodos em 36,4% dos doentes poderá também ter condicionado um
valor inferior do PFNI nesses doentes, dada a sua dependência
FC T0 T1 p
da função pulmonar.
Score de
obstrução 29,4% 0% ns Um FC elevado sugere uma reversibilidade importante,
ASTm 1,9% 9,1% ns sendo a favor de edema da mucosa, enquanto um FC baixo
16,23
Volume 12,6% 11,5% ns sugere a presença de obstrução fixa . Hilberg O et al
reportaram um FC de 14% em doentes alérgicos avaliados
PFNI 19,5% 12,4% ns por RAC . No nosso estudo, o FC avaliado pelos diferentes
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Legenda: ASTm – área de secção transversal mínima; PFNI – peak flow métodos foi variável mas, à excepção do ASTm, verificou-se
nasal inspiratório; ns - sem diferença estatisticamente significativa uma reversibilidade importante da obstrução nasal após
descongestão nasal, a qual diminuiu de forma não significativa
Observou-se uma correlação linear entre o FC-ASTm e o FC- após um mês de tratamento com corticóide tópico nasal. O
volume em T0 (p=0,038) e T1 (p=0,005), inexistente quando FC-ASTm e o FC-volume não se correlacionaram com o FC
avaliados de forma estática. do score de obstrução, o que reforça a complexidade da
percepção subjectiva da obstrução nasal. Consistente em T0
Discussão e T1 foi a correlação linear entre o FC-ASTm e o FC-volume,
A percepção subjectiva de obstrução nasal é um processo o que traduz uma importante interdependência do FC destes
complexo e dependente de vários factores, nomeadamente dois parâmetros da RAC. É curioso que dois parâmetros
da dimensão da cavidade nasal, do fluxo aéreo, da dilatação previamente sem correlação significativa (ASTm e volume)
venosa, da secreção glandular, dos receptores de pressão, passem a ter correlação linear quando avaliados de forma
temperatura e dor, da permeabilidade da unidade ostiomeatal dinâmica através da sua reversibilidade (FC).
e do limiar de sensibilidade de cada doente, altamente De acordo com o grau de hipertrofia dos cornetos (HC), a
dependente da sua experiência de vida e da duração da ASTm pode localizar-se na valva nasal (DASTm = 0,5-1 cm;
obstrução . padrão normal), no corneto inferior (DASTm = 2-4 cm; rinite
1,6
Neste estudo, a ausência de correlação entre o score de alérgica ou vasomotora) ou no corneto médio (DASTm =
6
obstrução e os métodos objectivos usados vai ao encontro do 4-6 cm) . Nos nossos doentes com RA e em que 72,7% dos
descrito por alguns autores 5,6,14-16 . Contudo, esta correlação doentes apresentavam HC inferiores à rinoscopia anterior,
tem sido largamente estudada e alvo de grande controvérsia. seria espectável uma DASTm entre os 2-4 cm. A localização na
Relativamente ao peak flow nasal, enquanto alguns autores valva nasal poderá dever-se a um enviesamento pelo facto de
descrevem uma correlação significativa com a gravidade 45,5% dos doentes apresentarem desvio do septo.
da obstrução nasal reportada 17-22 , esta correlação não foi O score de sintomas, pela facilidade e rapidez de aplicação e
encontrada por outros . No que respeita à RAC, alguns por reflectir todo o espectro de manifestações clínicas da RA
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autores encontraram correlação significativa com as queixas continua a ser o método de eleição para a monitorização da
dos doentes enquanto outros não confirmaram qualquer resposta ao tratamento na prática clínica. Contudo, os nossos
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correlação entre os dois métodos 15,16 . Também controversa dados sugerem que a partir de certo grau de melhoria as
é a existência de correlação entre os métodos objectivos diferenças deixam de ser perceptíveis pelos doentes, sendo
de avaliação da obstrução nasal. A ausência de correlação captadas apenas pelos métodos objectivos, pelo que estes
entre o PFNI e a RAC nos nossos doentes com RA corrobora devem ser preferidos para fins de investigação.
o estudo de Lam DJ et al , reforçando a complexidade da
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relação entre a anatomia e a função nasal. Contudo, alguns CONCLUSÃO
autores demonstraram uma forte correlação entre estes A ausência de correlação significativa entre os métodos
dois métodos . Não podemos excluir que esta ausência de usados poderá ser explicada pela complexidade da percepção
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correlação tenha sido influenciada pelo pequeno tamanho da subjectiva da obstrução nasal e pela avaliação de diferentes

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