Page 72 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 49. Nº3
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CASO CLÍNICO FIGURA 2
VBP, 32 anos, sexo masculino, raça caucasiana, animador Corte axial de Tomografia Computorizada dos Seios perinasais.
Constata-se atingimento das órbitas, mais pronunciado à
social. Sem antecedentes patológicos e familiares de esquerda (círculo)
relevo. Sem hábitos tabágicos, etílicos, ou consumo de
drogas. Bissexual, admitindo ter tido comportamentos
sexuais de risco.
Recorreu ao serviço de urgência em Agosto 2009, por
quadro de cefaleias periorbitárias, congestão nasal,
rinorreia mucopurulenta com 23 dias de evolução.
Medicado empiricamente com antibióticos mas
sem melhoria clínica. Desde há 2 dias com edema
palpebral, e proptose de agravamento progressivo à
esquerda. Negava alterações visuais, epistáxis, febre
ou outras queixas. Ao exame físico apresentava edema
palpebral e proptose à esquerda e uma adenopatia
cervical submandibular ipsilateral, de consistência
dura, lisa, móvel, indolor e aproximadamente 2 cm de
maior eixo. À nasofibroscopia observava-se rinorreia
mucopurulenta, preenchimento das fossas nasais com
massa friável, tecido granulação/ necrótico com invasão
dos cornetos médios e inferiores e septo nasal. FIGURA 3
A Tomografia Computorizada (TC) dos seios perinasais Corte coronal de Tomografia Computorizada dos Seios
perinasais. Constata-se atingimento (seta) das órbitas, mais
(Figuras 1, 2 e 3) revelou lesão de tecidos moles pronunciado à esquerda (círculo).
que capta homogeneamente contraste, localizada
nas fossas nasais, com extensão aos seios maxilares,
etmoidais, frontais, esfenoidais e cavum. Atingimento
bilateral das órbitas, mais pronunciado à esquerda.
Sem invasão intracraniana. Para além de destruição
das lâminas papiráceas observa-se destruição do septo
nasal e das paredes mediais dos seios maxilares. A TC
cervical revelou adenopatias cervicais jugulodigástricas
e submandibulares bilaterais, a maior submandibular à
esquerda, de 20 x 15 mm e com centro necrótico.
FIGURA 1
Corte Coronal de Tomografia Computorizada dos Seios
perinasais. Constata-se: preenchimento pela massa tumoral
das fossas nasais e seios maxilares; destruição do septo nasal
(círculo) e paredes mediais dos seios maxilares (setas)
Realizou-se biópsia da lesão nasal cujo resultado
anatomopatológico revelou tratar-se de um Linfoma de
Burkitt.
Análise do tumor pelo método FISH (Filter in Situ
Hybridisation) demonstrou positividade para o vírus
EBV (Epstein-Barr Vírus). Foram pedidos marcadores
para os virus HIV-1 e HIV-2 que revelaram ser positivos.
Contagem de linfócitos CD4 era de 314/ µl.
Constatou-se envolvimento da medula óssea, sem
aparente atingimento do sistema nervoso central. Pela
classificação de Ann Harbor este era um estadio IV, sem
198 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL

