Page 13 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 48. Nº3

RESULTADOS Da análise do ICN com as perguntas relativas às
Dos 912 questionários, 681 do Centro Hospitalar de sintomatologias nasais durante a vida, e ou outros
Coimbra EPE e 231 do Hospital Sobral Cid e IDT, 78,5% sintomas associados, verificamos que os indivíduos
eram do sexo feminino e 21,5% do sexo masculino, com que referem afirmativamente às questões, “costuma
idades compreendidas entre os 20 e os 69 anos. ter crises de espirros”, “sofrer de asma” e “ter coceira
Apresenta-se no quadro I os resultados das perguntas nasal” (Quadro V), apresentam valores médios de índice
relativas aos sintomas ocorridos nas duas últimas de congestão, variando entre os 8,8 e 9,6 (p<0,0001).
semanas. O ICN foi dividido em quatro classes sintomatológicas:
Cerca de 20.7% dos indivíduos (IC a 95%: 18.2% a 23.5%) classe A (0 a 5) assintomáticos, classe B (5 a 10) sintomas
referem ter “algumas vezes” dificuldades em trabalhar/ ligeiros, classe C (10 a 15) sintomatologia moderada
concentração nas actividades diárias, 2% (IC a 95%: e classe D (15 a 20) sintomatologia grave. Com base
1.3% a 3.1%) responderam a “maior parte do tempo” e no quadro VI é possível verificar que a prevalência
0.3% (IC a 95%: 0.1% a 1%) afirmaram “sempre”. diminui à medida que a classe sintomatológica se vai
O Quadro II, descreve os resultados das questões agravando. ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
relativas aos sintomas verificados na última semana.
Após transformação das sete perguntas do quadro I na DISCUSSÃO
variável ICN, obtiveram-se os resultados expressos no A obstrução nasal é um dos principais sintomas no
quadro III. doente rinítico, podendo provocar roncopatia, precipitar
Da análise da variabilidade entre o índice de congestão o aparecimento de apneia obstrutiva do sono, de fadiga
nasal e as variáveis sociodemográficas: categoria profis- diurna e, consequentemente, diminuição da qualidade
sional, hábitos tabágicos, sexo, idade e habilitações, não de vida 21,22,23 . Nos casos de apneia do sono mantida
se verificam diferenças estatisticamente significativas. e prolongada, pode desencadear o aparecimento de
No que se refere à análise com as perguntas específicas, sintomas sistémicos e contribuir para o desenvolvimento
vocacionadas para as sintomatologias ocorridas na de doenças cardiovasculares 1,5,12 .
última semana, perguntas Q8 a Q12 (Quadro IV) as A obstrução nasal é o sintoma major, aquele que o doente
diferenças são altamente significativas em função da mais valoriza e que mais o incomoda 5,11 .
frequência verificada. Pela sua prevalência, a rinite alérgica é uma das principais
doenças crónicas respiratórias, podendo ser um factor
Quadro III – Análise descritiva dos índices de congestão nasal de risco para o desenvolvimento ou para o agravamento
de outras patologias como a asma, a polipose nasal, a
100.0% Máximo 19.3 conjuntivite e a otite média.
99.5% 16.7 O presente estudo, que inquiriu 912 trabalhadores com
97.5% 14 idades compreendidas entre os 20 e 69 anos, de dois
Centros Hospitalares do Concelho de Coimbra, permitiu
90.0% 11.3
atingir uma taxa significativa de resposta global, que
75.0% Quartil 9.3
variou de acordo com a variável pesquisada, obtendo-
50.0% Mediana 6.7
se um total de 874 questionários válidos no somatório
25.0% Quartil 4.7 das sete perguntas específicas, constituintes da variável
10.0% 3.3 latente “Índice de Congestão Nasal”.
2.5% 1.3 Dos estudos epidemiológicos efectuados em Portugal,
0.5% 0.7 citamos os que pretenderam avaliar o impacto da doença
0.0% Mínimo 0.6 alérgica nasal na população portuguesa nomeadamente:
24
O estudo ARPA Kids , realizado em Portugal Continental,
Média 7.1
em crianças dos 3 aos 5 anos, evidenciou que a rinite é uma
Desvio Padrão 3.2
doença frequente neste grupo etário, e que a prevalência
Erro Padrão 0.1 é mais elevada nos centros urbanos.
Média Superior 95% 7.4 Um outro estudo realizado em Portugal em jovens
Média Inferior 95% 6.9 estudantes, com idades compreendidas entre os 15 e
25
N 874 25 anos , concluiu que a rinite atinge 40% dos jovens
portugueses.
N: tamanho amostral O estudo ARPA, efectuado em utentes dos cuidados de
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saúde primários em Portugal , permitiu concluir que

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