Page 11 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 48. Nº3
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A  congestão  nasal  tem  um  impacto  notável  na   situação. Assim, considerou-se como hipótese geral se
          qualidade  de  vida,  ocasionando  complicações  como:   o grau de congestão nasal estaria relacionado com as
          respiração  bucal,  sonolência  diurna,  diminuição  da   condições ambientais e se o índice de congestão nasal
          concentração, da produtividade e do desempenho de   (ICN)  poderia  ser  tratado  como  uma  variável  latente
          tarefas escolares 12,21,22 .                      das seguintes sete perguntas específicas: Q1 – “Nariz
          Tentar  conhecer  e  caracterizar  a  prevalência  da   entupido/congestionado”; Q2 – “ Pressão ou peso nos
          congestão  nasal  em  trabalhadores  hospitalares  foi  o   seios nasais ou dor na cara”; Q3 – “Ouvidos obstruídos,
          principal  motivo  deste  trabalho,  até  porque,  neste   tapados  ou  que  se  destapam”;  Q4  –  “Respirar  pela
          ambiente, existem substâncias e condições que podem   boca  porque  não  consegue  respirar  pelo  nariz”;  Q5
          desencadear e agravar a congestão nasal.          – “Dificuldade em ter cheiro”; Q6 – “Dificuldades em
                                                            descongestionar/desentupir o nariz mesmo depois de
          METODOLOGIA                                       assoar-se  várias  vezes”;  Q7  –  “Corrimento  nasal  ou
          No período de Março a Maio de 2008 foram distribuídos   pingo do nariz”.
          questionários aos trabalhadores do Centro Hospitalar   A  construção  de  uma  medida  de  “Congestão  Nasal”      ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
          de Coimbra EPE, Hospital Sobral Cid e IDT, I.P. Delegação   deve  ter  fiabilidade  adequada,  unidimensional,  de
          Regional do Centro, de forma a participarem no estudo   forma  que,  a  partir  das  componentes  dos  sintomas,
          da “Prevalência da Congestão Nasal em meio Laboral   resulte  uma  variável  latente  homogénea  que  meça
          Hospitalar”.                                      uma só variável -  Congestão Nasal.
          A  distribuição  e  recolha  dos  questionários  pelos   Para  analisar  estas  características,  foi  necessário
          serviços das instituições foram realizadas pela autora,   verificar  se  a  soma  das  sete  perguntas  apresenta
          com  a  colaboração  dos  elementos  de  Enfermagem   uma  medida  de  ICN  com  coeficiente  de  fiabilidade
          do Serviço de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST).   (α)  adequado  e  se  definem  um  só  factor  (ICN)  numa
          Foram explicados os objectivos do estudo e todos os   análise factorial (se é unidimensional).
          trabalhadores participaram voluntariamente.       Após  verificação  de  que  os  dados  cumprem
          Os  questionários  foram  emparelhados  através  de   adequadamente os pressupostos da técnica estatística,
          números  de  identificação,  permitindo  assegurar  o   procedeu-se ao cálculo do coeficiente de fiabilidade α,
          anonimato  dos  participantes  e  a  confidencialidade   através do somatório  das perguntas de 1 a 7, para criar
          das respostas. Participaram neste estudo um total de   a  variável  latente  “Índice  de  Congestão  Nasal”.  Para
          912  trabalhadores,  dos  quais  681  foram  do  Centro   obter  mais  informação  sobre  as  7  perguntas  do  ICN,
          Hospitalar de Coimbra, e 231 do Hospital Sobral Cid e   usou-se a correlação entre as mesmas.
          IDT.                                              Os resultados da análise de fiabilidade, indica-nos que
          O questionário era composto por perguntas específicas   a  correlação  entre  as  sete  perguntas  é  positiva  e  os
          fechadas,  com  cinco  respostas  alternativas  de  nunca   coeficientes de α obtidos por cada pergunta foram: (Q1
          a  sempre,  associadas  a  uma  escala  nominal  para   - 0,842; Q2 - 0.852; Q3 - 0.865; Q4 - 0.854; Q5 - 0.866;
          posterior análise da informação com recurso a técnicas   Q6  -  0.843;  Q7  -  0.862).  Em  conclusão,  o  coeficiente
          estatísticas.  Os  dados  foram  lançados  numa  base   de fiabilidade α = 0.873, indica que o ICN obtido pelo
          de  dados  informatizados  e  tratados  no  programa   somatório das 7 perguntas tem fiabilidade adequada.
          de  estatística  SPSS  (Statiscal  Package  for  the  Social   Um segundo teste, efectuado com recurso às técnicas
          Sciences),  após  operacionalização  das  variáveis  por   da  análise  factorial,  permitiu  verificar  se  todas
          números associados a cada conjunto de respostas. Para   as  perguntas  definem  mais  do  que  uma  variável
          além das perguntas específicas, vocacionadas para as   unidimensional.  O  método  usado  foi  o  “Maximum
          sintomatologias  ocorridas  nas  duas  últimas  semanas   Likelihood”, obtendo-se por este método um valor da
          e última semana, o questionário incluía uma primeira   medida de adequabilidade “KMO” = 0.892.
          secção  constituída  por  variáveis  sociodemograficas,   O  Índice  de  Congestão  Nasal  (ICN)  foi  criado  usando
          e  uma  terceira  secção  com  perguntas  relativas  às   a  mesma  metodologia  do  estudo  realizado  em  2007
          sintomatologias  nasais  durante  a  vida  e  ou  outros   a  nível  Nacional,  “Congestão  nasal  em  Portugal  –
          sintomas associados.                              Epidemiologia  e  Implicações”.  Com  base  nas  sete
          Trata-se  de  um  estudo  exploratório  com  uma   primeiras  perguntas  especificas  que  identificavam
          componente  interna  do  tipo  analítico,  extensível  ao   os  sintomas  ocorridos  nas  últimas  duas  semanas.
          estudo  realizado  a  nível  Nacional,  “Congestão  nasal   Os  seus  indicadores  (1  a  5)  através  do  somatório
          em  Portugal  –  Epidemiologia  e  Implicações”  com  a   ∑(Q1_Q7), foram transformadas na nova variável ICN
          aplicação  das  hipóteses  confirmadas  a  uma  nova   com recurso à fórmula: V = [(X-A)/(B-A) x Coeficiente



                                                                                      VOL 48 . Nº3 . SETEMBRO 2010     125
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