Page 51 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº2
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A. MARGARIDA AMORIM, SANDRA COSTA, JC NEVES, S. PAIVA, C. GAPO, V. SOARES, J. R IBEIRO,
J ROMÃO, P . T OMÉ, A. PAIVA
OBJECTIVO As lesões primárias intrínsecas ao ápex são
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menos comuns mas não ra ras .
Rever as principais lesões do ápex petroso O granuloma de colesterol é a lesão mais
em termos de etiologia, clínica, características comum e é 1 O x mais frequente do que o coles-
imagiológicas e tratamento no contexto de um teatoma e 40 x mais frequente do que o muco-
caso clínico raro. celo1.
Os estudos imagiológicos, TC e RM, aumen-
taram muito a capacidade de diagnosticar
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MÉTODOS estas lesões .
A TC fornece excelente informação sobre a
Análise retrospectiva e revisão bibliográfica. anatomia do osso.
A literatura sobre RM sugere que as diferen-
tes lesões têm uma intensidade de sinal mais ou
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INTRODUÇÃO menos distinto .
Muitos dos processos são d iagnosticados
O ápex petroso é a porção mais inacessív- como achados acidentais e depois em consulta
el do osso temporal. decide-se como actuar.
Pode estar envolvido em processos congéni- Só o exame histopatológico após exérese da
tos, infecciosos, inflamatórios e neoplásicas. lesão permite o diagnóstico de certeza deste
A verdadeira incidência das diferentes pato- tipo de patologia.
logias é difícil de calcular- o grupo House rela- O caso que apresentamos trata de uma le-
tou que os neurinomas do acústico são - 30x são, com resolução pouco frequente, diagnos-
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mais comuns na sua práctica clínica · · · . ticada numa TC CE realizada num contexto
As lesões do ápex petroso são clinicamente clínico inespecífico.
silenciosas durante um longo período de tem-
po, com os doentes referindo sintomas vagos e
inespecíficos que atrasam o diagnóstico. CASO CLÍNICO
Cefaleias (pela tracção da dura), dor facial atí-
pica, hipoacusia mista, vertigem, disfunção da ASSO, sexo feminino, 12 anos, raça cauca-
tuba auditiva, efusão no ouvido médio- são quei- siana, solteira, estudante, recorreu à consulta
xas otoneurológicas comuns mas podem ser o sin- de ORL em Janeiro 2003, por cefaleias com
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toma inicial de lesões extensas do ápex petroso . início em Novembro de 2002.
Estas lesões principalmente as quísticas be- Estas caracterizavam-se por ser localizadas
nignas, geralmente atingem grande tamanho e à região temporal direita, pulsáteis, persisten-
causam erosão óssea antes de serem diagnos- tes, com início matinal e mantendo-se ao longo
ticadas pelo que é necessário um elevado grau do dia, provocando por vezes o despertar noc-
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de suspeição . turno.
Depois de identificadas, o diagnóstico dife- Não tinham irradiação e acompanhavam-se
rencial inclui, entre outras, o colesteatoma con- de fotofobia e apresentavam alívio temporário
génito, granuloma de colesterol, mucocelo pri- com paracetamol.
mário, neurinoma, meningioma, condroma, con- Aparentemente sem sinais de agravamento.
drosarcoma ou metástases. Referia concomitantemente crises de vertigem
A causa mais frequente de destruição do rotatória, de aparecimento súbito, relacionada
ápex petroso é um processo secundário a le- com os movimentos da cabeça, com duração
sões contíguas ou metástases. de segundos.
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