Page 21 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº2

SANDRA ALVES, BERTA RODRIGUES, PEDRO OLIVEIRA, ARTUR CONDÉ, AGOSTINHO SILVA
cia por parte da criança. Apesar de estudos
pioneiros IniCiais terem levantado a hipótese
de um efeito benéfico da aplicação sequencial
das duas vacinas anti-Pneumocócicas, esta pos-
sibilidade não se tem demonstrado 26 •
No que diz respeito a outras vacinas, é de
referir a vacina anti-Haemophylus inffuenzae,
limitada pelo facto de ser activa apenas contra
o serótipo B (a maioria das OMA são provo-
9
cadas por estirpes não tipáveis) .
A vacina anti-gripal poderá ter algum interes- drenagem e, sobretudo, a ventilação, permitin-
1
se dada a frequência de OMA s após infecções
15
virais • Estudos de Clements apontam para uma
1 5
redução das OMA s da ordem dos 30% •
O uso de imunoglobulinas, inespecíficas ou
específicas (anti-VSR), tem sido associado a
uma redução dos episódios de infecções respi-
ratórias altas.
No entanto, dados os custos envolvidos, a
sua utilização tem sido limitada aos grandes
prematuros, não sendo conhecida, ainda, a
sua eficácia 23 .
Os imunoestimulantes, que consistem em
fracções ribossómicas ou em produtos resul-
tantes da proteólise de lisados, alegadamente
actuam através da activação do sistema fago-
cítico e da potenciação da resposta imune
local e sistémica, elevando assim a imunogeni-
cidade antigénica.
Apesar de serem escassos os estudos cientí-
ficos independentes disponíveis, parecem estar
associados a uma redução das infecções res- tilidades ciliares.
piratórias víricas e bacterianas da ordem dos
16%, nomeadamente dos casos recorrentes,
diminuindo de forma global as prescrições
1 11 20
antibióticas • • •
O xilitol, um poliol de cinco carbonos uti- mente colonizado, fonte importante de pato-
lizado como adoçante nas pastilhas elásticas,
rebuçados e pastas dentífricas, inibe a capaci-
dade de adesividade e crescimento local dos
Pneumococos e H. influenzae na mucosa naso-
faríngea quando ministrado per os em xarope
ou pastilha 10 •
O seu principal efeito lateral consiste na
possibilidade de diarreia osmótica.
São necessários mais estudos de forma a es-
tabelecer melhor o mecanismo de acção, o re-
gime posológico e os resultados 24 .
Outros métodos com eficácia não demons-
4
trada incluem os quiropráticos e homeopáti-
cos7 .
-- 140 -------------------------- - --
Cirurgia
O tratamento c1rurgico constitui, cada vez
mais, um método fundamental no tratamento de
situações de OMAr, dada a evolução das resis-
tências bacterianas. A cirurgia mais frequente-
mente realizada consiste na colocação de tubos
de ventilação transtimpânicos precedida de ade-
noidectomia. Os tubos de ventilação substituem
duas das funções tubares, nomeadamente a
do a reversão da hiperplasia mucosa e do esta-
do inflamatório crónico do ouvido médio.
Assim, são úteis em crianças com OMAr
mesmo na ausência de efusão crónica do ouvi-
do médio 25 . Segundo a American Academy of
Otolaryngology- Head and Neck Surgery a sua
aplicação está indicada na presença de mais
de três episódios de OMA em 6 meses ou de
mais de quatro em doze meses consecutivos.
No entanto, a decisão não deve ser apenas
baseada num número arbitrário, mas sim na
ponderação de cada caso individual, tendo
em conta diversos factores, como presença de
derrame crónico, retracção timpânica severa,
erosão ossicular ou hipoacusia neurossensorial
concomitante. Outros determinantes a conside-
rar incluem a idade, frequência de infantários,
número de irmãos, morbilidade associada a
cada episódio, resposta à antibioterapia e pre-
sença de anomalias cranio-faciais ou de dismo-
A adenoidectomia permite uma melhoria do
fluxo aéreo nasal, evitando o efeito de Toynbee
e ascensão de secreções até ao ouvido médio.
Além disso, remove tecido linfóide cronica-
génios, promovendo a planificação de epitélio
nasofaríngeo. Embora alguns autores, como
8/uestone, defendam que a adenoidectomia
poderá ser reservada como segunda linha
para situações em que a colocação de tubos
de ventilação não seja suficientemente eficaz 18 ,
muitos outros defendem a realização simultâ-
nea dos dois tempos cirúrgicos, reduzindo a
probabilidade de re-intervenção.
De facto, os resultados da colocação de tu-
bos de ventilação são mais importantes a curto
prazo, ao passo que da adenoidectomia resul-
ta um efeito benéfico particularmente impor-
tante a longo prazo .