Page 26 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº2

ALGUMAS DIFICULDADES NO PROGNÓSTICO DA REABILITAÇÃO NA SURDEZ INFANTIL

A avaliação protética em campo livre, reve- A avaliação funcional mostra limiares médios
la uma diferença funcional tonal entre os dois com implante de 45 dB (fig.4), tendo deixado
ouvidos, em que o direito revela um ganho fun- de utilizar a prótese auditiva convencional no
cional a 2000 e 4000Hz, contrariamente ao outro ouvido.
ouvido esquerdo que não apresenta ganho pa-
ra os sons agudos.
A criança ao fim de seis meses continua a
apresentar um comportamento contraditório com
os resultados da avaliação funcional.
Apesar dos limiares com prótese, não rea-
gia aos estímulos sonoros no dia a dia, nem ao
próprio nome.
Comportava-se como se não ouvisse ou de-
tectasse qualquer som.
Só mesmo em situações muito silenciosas
esboçava um comportamento auditivo.
A paciente foi implantada no ouvido direito
aos 2 anos e 8 meses, tendo conservado total-
mente os resíduos auditivos conforme audio-
grama pós-implante na fig 3. FIGURA 4: AUDIOGRAMA TONAL
EM CAMPO LIVRE COM IMPLANTE.

Ctu "é Ali( III\ 1~ l <l:
c-:
~
< 8Cl >
ua. O excelente ganho tonal teria, em muitas
circunstâncias, levado a não implantar esta cri-
ança, uma vez que tinha bons limiares tonais
com próteses auditivas.
Wooh<l
Poderia facilmente ter sido integrada num
11B til
101 III grupo de neuropatias auditivas e ser mesmo
retirada de um protocolo de implante.
FIGURA 3: AUDIOGRAMA TONAL Estes resultados mostram contudo que, ape-
COM AUSCULTADORES PÓS-IMPLANTE.
sar dos bons limiares tonais com prótese, não
havia suficiente resolução temporal e frequen-
cial para permitir uma discriminação auditiva,
impossibilitando a sua evolução.
Após implantação, assistimos a uma mudan-
ça radical de comportamento, tendo passado
a repetir o que ouvia, a prestar mais atenção à Caso Clínico 2
televisão e a responder muito bem ao diferen-
tes estímulos sonoros. Trata-se de uma paciente com uma surdez
No início sem identificação e gradualmente neuro-sensorial bilateral profunda, com uma
com identificação. perda média de ll O dB de causa desconheci-
Em 4 meses pós-implante já construía frases da, diagnosticada aos lO meses e aparelhada
com duas palavras. aos 13 meses de idade.

145 - -