Page 101 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 44. Nº1
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PEDRO MARQUES, MARGARIDA SANTOS, FERNANDO VALES, LAUDELINA PAIS CLEMENTE, M. PAIS CLEMENTE
A coloração com Hematoxilina-Eosina, PAS mas ajuda a prevenir a difusão hematogénica
ou Metenamina de Prata permite a demonstra- das partículas fúngicas 15 •
ção da presença de hifas não-septadas nos te- A toxicidade da Anfotericina B parece ser,
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cidos, características das espécies de Mucor • • apesar de tudo, um factor importante, nomea-
Apesar deste quadro histopatológico ser ca- damente nos doentes com alterações metabóli-
racterístico, outras formas de rinosinusite podem cas.
acompanhar-se de necrose vascular ou óssea. Em alternativa e graças à sua menor toxici-
Elas podem ser infecciosas (ex: Psudomonas dade renal, a Anfotericina B lipossómica e a
Aeruginosa, tuberculose, sífilis, rinoscleroma), Anfotericina-Complexo lipídico, podem admi-
inflamatórias e ainda granulomatosas (ex: sar- nistrar-se em doses mais elevadas (5mg/ kg/ dia),
coidose, doença de Wegener) 15 • mas não está comprovado que tenham maior
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É, assim, importante fazer o diagnóstico di- eficácia •
ferencial. O ltroconazol e a Voriconazol também po-
O diagnóstico definitivo é feito por cultura dem ser escolhas viáveis.
e/ou identificação histológica dos microorga- Alguns efeitos laterais, como febre, arrepios,
nismos micóticos em biópsias cirúrgicas. cefaléias, náusea e vômitos têm sido descritos
O tratamento precoce é necessário e deve em até 80% dos doentes e a presença de
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ser iniciado na suspeita de infecção fúngica, hipocaliémia é referida em 20% dos casos .
mesmo sem diagnóstico definitivo, dado que Alguns destes sintomas podem se assemelhar
um atraso no início do tratamento antifúngico aos sintomas causados pela extensão intracra-
está associado a um aumento da morbilidade neana da doença.
e mortalidade. Como sinais indicadores para a finalização
Este deve ser acompanhado por desbrida- do tratamento, os sintomas e sinais clínicos
mento cirúrgico. Mas, apesar destas duas for- como febre, cicatrização, negativação de cul-
mas de intervenção, sem a correcção do esta- turas e diminuição da leucocitose, parecem ser
do imunológico do doente o prognóstico é os melhores indicadores.
mau. Dado ser um agente fungostático e não
No que diz respeito à terapêutica farma- fungicida, o tratamento deve prolongar-se por
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cológica, a utilização da Anfotericina B, é um semanas a meses .
dos factores mais importantes para a melhoria Dado que a doença se desenvolve em ter-
do prognóstico da doença. ritório isquémico, a utilização de oxigénio hi-
No caso de doentes diabéticos, o controlo perbárico é uma opção, apesar de ainda não
da doença leva a um aumento da taxa de so- estar comprovada a sua eficácia mas, em situa-
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brevivência de 37% para 79%. ções life-threatening pode ser adicionada ao
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Nestes casos a terapêutica cirúrgica combi- regime terapêuticd· • •
nada com Anfotericina B e correcção da ace- Nesta patologia, o desbridamento cirúrgico
toacidose conduziu a uma taxa de sobrevivên- desempenha um papel fundamental, uma vez
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cia de 89% • que o fungo cresce, predominantemente, em
Portanto, quando se suspeita de rinosinusite tecido desvitalizado ou necrótico.
fúngica invasiva aguda, após a realização de As áreas de tecido isquémico devem ser
biópsia deve ser iniciado o tratamento anti-fún- removidas, dado que a trombose vascular
gico, nomeadamente com Anfotericina B ( 1 a impede que os agentes químicos alcancem os
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1,5 mg/ kg/ dia ou mais). tecidos com doença • •
Não está provado que esta terapêutica exer- A exérese orbitária pode ser necessária no
ça um efeito directo na regressão da doença, caso da existência de sinais de trombose da
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