Page 23 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 40. Nº3
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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DE DOENTES COM ACUFENOS:
                                            RESULTADOS DE UMA POPULAÇÃO DE DOENTES DA CONSULTA DE O,R.L.





          que as sensações ouditivos são produzidos pelo     do ouvido [1881] umo lista de causas responsáveis
          excitação dos fibras que ligam o ouvido ao cérebro  pelos ocuÍenos, onde inclui o sífilis, a anemia,
          após umo es1imu|oçõo por qualquer som exierno,     povologios circulatórias, o quinino, o ácido solicíli-
          mos também devido o mecanismos pmológicos,         co, o morfina, o tabaco, entre outros ospectos onde
          quer no órgão de audição, quer no exrremidode      se incluem os aspectos de tipo psicopatológico.
          dos fibras nervosos do cérebro [34]. Acrescento       Feldman [34] refere que e com a introdução do
          igualmente o existéncio de um som interno ver-     equipamemo de audiometria por Fowler em 1922,
          dodeiro, do tipo do que surge quando bloqueomos    que se realizaram os primeiros medições relativo—
          o ºuvido com o dedo, ou o que apresentava uma      mente precisos dos frequências do acufeno. Jones
          suo paciente, cuio ocufeno pulsõ'il, audível exterior-  and Knudsen, em Los Angeles, tentam em 1928
          mente acompanhava o seu bo'imento cordiaco, e      tratar o OCUÍeno com um estimulo acústico, criondo
          que foi atribuído o umo artéria dilotodo.          poro Iol vários instrumentos. Os seus trabalhos
             Jean Marie Gaspard ltard [1772-1838] faz        demonstrem grande utilidade destes instrumen'os
          referência à existência de verdadeiros acufenos e  no alivio do ocufeno, porticulormeme quando o
          falsos eCuÍenos, dividindo estes em idiopélicos e  paciente tinho dificuldade em dormir.
           sintomáticos, eventualmente referindose ao que       Até aos ones 50 o utilização de prótese auditivo
          ociuolmente consideramos ocuÍenos objectives e     em pacientes com hipoocusio e ocufenos ero contra
           subjectivos. Esteve entre os primeiros o referir que  -indicodo. Nesta altura, surgem vários autores que re
          os ceufenos podem ser moscorodos por fontes exter-  ferem o sua utilidade como efeito de moscoro no
           nos. Folo também de ocufenos fontosistos, que con—  ocufeno. Ainda no décoda de 50, olguns autores,
           sidero serem de origem psíquico [33].             entre os quois Bouche referem o psicoterapia como
             Groppengieser [1773-1813] em 1801 [oi um        umo mais volio no tratamento dos ocufenos [24].
           dos primeiros investigadores o usor umo estimulo-    Ao longo dos tempos que se vem recorrendo à
           ção eléctrico (corrente contínua] no ouvido para tes-  terapia medicomen'oso, no entonto com sucesso re
           tor o ocufeno, utilizando para o efeito umo pilho de  lalivo. Em 1972, Sokolo, Ito e Ivoh utilizaram o
           Volio [34].                                       administração de lidocoino hidroclorido directo—
             Hyrrl, no seu tratado de anatomic comporodo     men'e no [onelo redondo, através de umo perfusão
           (1854) assume a possibilidade de existir habituação  por via Ironstimpônico, o que vem vindo o ser uti-
           oo ocufeno [24].                                  lizado oté hoje [31].
             Em 1855 Duchenne de Boulogne usou umo cor-         Relolivomen'e (: abordagem acústico do eCuÍeno.
           reme alterna Íoródico conduzido por um eléctrodo  Jock Vernon introduziu a utilização do moscorodor
           imerso em água no conol auditivo externo, sem     em I975 [33].
           tocar no pele ou no membrane timpénica. Referiu      Em 1990 JostreboH apresento o seu modelo
           que 8 em codo 10 doentes eram curados, particu-   sobre os oeufenos, e consequentemente umo nova
           larmente em pociemes cujo ocufeno ero atribuído o  terapia, a Tinnitus Retraining Therapy (TRT), que
           histeria. No entanto, pºuco documentação permite  pode ser considerado como umo terapia de hobim
           corroborar estes resul'odos [33].                 ação [19]. Parte do pressuposto de que qualquer
             O primeiro estudo realizado sobre o mascara-    indivíduo 'em o copocidode de se habituar o um
           memo de ocuÍenos, segundo Feldman [34], ocorre    grande número de estímulos externos e internos. Em
           no 8" décodo do século XIX, em Vieno, por Urbanís-  ambiente silencioso podemos ouvir por exemplo o
           chitsch. Usando essencialmente sons produzidos    engolir do saliva, no entanto isto nem sempre é
           por dioposões, demonstro que muitos pacientes re  percebido. Em determinados ambientes, alguns
           ferem alivio, ou mesmo a supressão do ocufeno por  sons, como por exemplo o ruído produzido pelo
           períodos vorióveis. Bollester e Geoffroy [24] refe-  mecanismo de um relógio, opesor de presente e
           rem que este outor faz no seu trolodo de doenças  audível, não é percebido pelo sujeito. Se o estímulo


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