Page 24 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 40. Nº3
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ANTONIO VASCO DE OLIVEIRA; NUNO TRIGUEIROS CUNHA
auditivo não for considerado ameaçador, ou unicamente pressupor que algo o provocou ou que
chamar a atenção, pode leva à sua habituação. existe uma relação entre determinado incidente
Isto tomo-se muito difícil se n60 mesmo impossivel específico ou um coniunto de condições e o opere-
se a percepção do som implicar uma grande cimento dos ocutenos [33]. Poucos dúvidas existem,
atenção mental ou avaliação. segundo estes autores de que alguma patologia,
O ocuÍeno subjective crónico, perturbador, é um droga ou traumatismo tem”: contribuído para o seu
tipo de sensação acústico poro o qual o indivíduo aparecimento, mas o seu mecanismo não é ainda
não obtém habituação, particularmente porque conhecido, e que 47% dos pacientes não associam
opesor de o sentir não sobe o que o provoco, cou qualquer incidente oos seus ocufenos.
sondo-Ihe um coniunto de sensações que pode levcu Frechet, Soued e Truy [24], assinalam o facto de
ao aparecimento de problemas de tipo psicológico não terem conhecimento da existência de qualquer
ou emocional. estudo que relacione a existência de ocutenos com
Powel Jostrebo“ desenvolve um modelo de abor- o grupo social do individuo, o ambiente onde vive
dogem do ocuÍeno, em que se focaliza preciso (rural cu urbano), e o envolvente sonoro, alertando
mente na capacidade que o indivíduo possui de se para a necessidade de codificar o impacto dos
habituar (: estímulos internos ou externos. Assim, ocufenos numo pessoo, criando grupos homoge
pressupõem que se um indivíduo se habituar o um neos e validando os dodos epidemiológicos.
determinado sinal ou estimulo, este torno-se porte Existem, no entanto fortes correlações, como por
do seu subconsciente, deixando de ser percebido exemplo em pacientes com hipoocusio sensorioneurol
por ele. Posteriormente voltaremos a obordor este induzido por traumatismo acústico, referindo os
modelo. autores otrós citados, um estudo publicado em 1987
por McShone, que refere que 49,8% destes pacientes
apresean ocufenos. Curioso referir que apesar deste
13. CAUSAS DOS ACUFENOS forte correlação, Andersson reÍere que os ocuÍenos
n60 são uma causa de absentismo ao trabalho [1].
Relativamente às causas do aparecimento dos Igualmente associados com frequência 00 acute
ocutenos objectivos, Sondlin e Olsson apontam no, encontramos a surdez súbito, a otosclerose, o
aspectos como mioclonios crónicos (espasmo muy ocuteno associado à exposição ao ruido, e à pres—
Culor crónico) envolvendo o tensor timpõnico, biowsio, bem como a acção frequentemente esque—
estopédico e músculos polotinos, turbulência do cor- cido do hipertensão arterial [2 I ].
rente sanguíneo, bem como barulhos produzidos Frechet e Geoffroy [24] acrescentam os disfun-
pela abertura do trompa de eustóquio [33]. São, no ções crôniomondibulores como responsáveis por
entanto, globalmente pºuco frequentes [24]. Estes olguns ocufenos subiectivos, Íolondo Felício e ol no
autores acrescentam ainda os ocuÍenos de origem eCuÍeno relacionado com as alterações do articu-
tumoral, como os tumores glómicos, de origem vos- loçõo tempoto—mondibulor“ l].
culor, os fístulas ortério—venosas e as anomalias do Relativamente à intensidade do ocuteno, os ou-
seio venoso, entre outros de tipo pulsótil. Referem tores referem nõo hover qualquer correlação entre
também a existência de otoemissões acústicos o sua intensidade e o sua severidade em termos de
espontâneos, presentes em 30 o 50% dos pessoos, componente psicológico OU emocional, e que os
como eventual causo de ocufenos. Mos, no estado perfis psicológicos encontrados em pacientes com
actual do orte, n60 é ainda possivel fazer associo- ocuÍenos nõo vario significotivomente dos do popu-
Ções rigorosos entre estes dois aspectos. loção de controle [24].
Quando se referem aos ocufenos subiectivos, Outro aspecto que Sondlin e Olsson Íocom, diz
Sondlin e Olsson apontam o facto de não ser ainda respeito à inibição residual [33]. Citando Vernon
totalmente conhecido o sua causa, pelo que podemos definem inibição residual como sendo um periodo
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