Page 22 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 40. Nº3
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ANTONIO VASCO DE OLIVEIRA; NUNO TRIGUEIROS CUNHA
inquieto, representando por vezes a sensação de que Mais recentemente, Zenner e Pfister apresentam
algo não está bem no sua cabeça. A eventualidode umo classificação sistemó'icc dos ocufenos, baseo-
de que algo de grave se passo com o sua saúde, do nos aspectos onorómicos e funcionais do sistema
implica o existéncio de mecanismos intrínsecos oo auditivo [38]. Distinguem os ocuÍenos, em ocuÍenos
suieito, que por vezes romom (: forma de mecanismos de condução, que se caracterizam por representor
de defesa, mas que iguolmente poderão 'ornor-se umo vibração no Ouvido Médio, falam nos acuÍe—
[odores agravantes do próprio simomo. nos sensorioneurois, que dividem em quo'ro subti-
pos, todos relacionados com aspectos cocleores e
neurais dos ocufenos. Assim encontramos os ocufe
1.1. DEFINIÇÃO nos sensorioneurois de Iipo I, de tipo motor, e liga-
dos ao funcionamento dos célulos ciliodos externos,
Sondlin e Olsson definem ocuÍeno subjective os de tipo II, associados (: rronsduçõo electromecõ
como sendo umo percepção de !ipo ocús'ico para nico das células ciliados internos, os ocuÍenos sen-
o qual não se percepcionc qualquef gerador extef- sorioneurois de Iipo III, cuia ocçõo se refere (: Ironsf
no [33]. formação do sinal nos estrumros otrós referidos e ao
O ocufeno objective (vibratório) é umo sensação longo dos fibres do nervo oferente, e os de tipo IV,
de tipo acústico que pode ser ouvido por outros e que se reportam às estruturas extrosensoriois. Por
que permite umo medição físico. ultimo fazem referência cos ocufenos centrois.
Meyer et al. chamam a atenção de que apesar
de ser uma sensação auditivo, de um ou ambos os
ouvidos, os ocufenos podem também ser localiza- 1.2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
dos no cobeço, sem origem definido, e que opesor
do sua localização, isto não representa que sejam Jó no tempo dos fenícios foi descrito algo seme
gerados nos estruturas correspondentes [24]. lhome às queixas de ocuÍenos, e que alguns hieróglifos
Relotivomente às classificações do ceuÍeno, cuio egípcios [ohm do existência de preocupação relativo
interesse em termos de sistematização é sempre mente o essas queixos no tempo dos Íoroós [33].
grande, os mesmos autores referem ter sido Du Bolles'er e Geoffroy, referem que na India, desde
Verney, o primeiro o ter efectuado umo classificação o século XVI antes de Cristo se faz referência à
científica no final do séc. XVII, dividindoos em de associação de ocufenos com hipoocusio, sintoma
origem cerebral e de origem otológico. Vórios clos- que poderia represemor um atingimento delirante
siÍicoções forum surgindo com o decorrer do tempo, ou umo olucinoçõo [24].
no enkmto sem demonstrar grande compreensão do Feldman apresento Hipócrates (460 A.C.-377 A.C.)
fenómeno. como sendo dos primeiros autores o referirem o
Fowler, em I924, opresenlo umo classificação ocufeno e o hipoocusio como sendo parte de um
em que descreve dois grupos, o dos ocuÍenos coniun'o complexo de sintomas [34].
Vibratórios, divididos em subjectivos e objectives Aristételes (384-322 A.C.) em Problemoto Phy-
(musculares ou voxulores), e o dos ocufenos não sico falo dos fenómenos do ocuÍeno [33], questio
Vibratórios, de origem central. Shulmon, em I99l nondose sobre o que levo o barulho que ouvimos
[34], descreve por um lado os ocuÍenos obiectivos, nos ouvidos a cessar quando existe um ruído exle
que não afectam a audição e que são audíveis rior porticulormente fone [24].
otrovés do utilização de um esretoscópio, cuia Alexandre de Trolles (522-605 D.C.) colocou a
causo poderá ser vascular, muscular, cervical ou hipétese de os ocuÍenos poderem surgir opôs umo
craniano, e por outro lado os ocufenos subiectivos crise emocional ou físico [33].
idiopéticos, de origem otológico, ou neuro—otológi- Joseph du Verney (1648-1 730), médico e profes-
ca. sor de onotomio francés refere, segundo Feldman
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