Page 100 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 60. Nº4
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da estomatite aftosa, amigdalite críptica ou doente. Os dados colhidos foram gravados
faringite e adenite. Outros sintomas menos numa base de dados Excel (versão MAC) e
comuns incluem náuseas, vómitos, diarreia, as variáveis estudadas foram: idade, género,
artrite, conjuntivite e dor abdominal . sinais/sintomas, antecedentes familiares de
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Marshall descreveu pela primeira vez esta síndrome febril recorrente, tipos de tratamento
síndrome em 1989 . Dez anos mais tarde efetuado (médico e/ou cirúrgico), tempo de
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Thomas1 estabeleceu critérios diagnósticos: remissão (após início de tratamento médico
1.Febres recorrentes com início antes dos cinco e após tratamento cirúrgico) e remissão no
anos de idade. 1º, 3º e 6º mês após amigdalectomia. Todos
2.Pelo menos um dos seguintes sinais: os doentes intervencionados obtiveram
estomatite aftosa, adenomegalias cervicais ou um seguimento mínimo de 6 meses. Os
faringite. dados foram processados e analisados
3.Exclusão de neutropenia cíclica. informaticamente no programa SPSS (versão
4.Ausência de sintomas entre episódios. 28.0) e Excel (versão MAC).
5.Crescimento e desenvolvimento normal. Os critérios de inclusão foram: idade < 18 anos,
síndromes febris recorrentes que cumpriram
A febre tipicamente não responde a os critérios de Thomas para síndrome de
paracetamol, ibuprofeno, ácido acetilsalicílico, PFAPA. Os critérios de exclusão foram: idade
metamizol ou antibióticos. Tem uma boa ≥ 18 anos, outros síndromes febris recorrentes
resposta à corticoterapia: dose única de que não cumpriram os critérios de Thomas
prednisolona (1–2 mg/kg/dia) ou betametasona para síndrome de PFAPA, falta de informação
(0,3 mg/kg/dia) . Geralmente cessa de forma no processo clínico.
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espontânea ao fim de 5 dias, mesmo sem
tratamento. Resultados
O papel da amigdalectomia no tratamento No total foram avaliadas 9 crianças (56 % do
da síndrome de PFAPA foi sugerido em sexo feminino, 44 % do sexo masculino) com
1989 por Abramson, que descreveu um idades que variaram entre 1 e 4 anos (idade
efeito benéfico na remissão da doença . Em média 1,9 ± 1,3 anos). Todos apresentavam
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adultos com síndrome de PFAPA a resposta febre e amigdalite ao diagnóstico (tabela 1),
à amigdalectomia parece ser menor do que sendo que 5 apresentavam adenite (55,6%) e
em crianças . A amigdalectomia pode ser 3 estomatite aftosa (33,0%). Apenas 2 crianças
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associada a adenoidectomia, especialmente
em casos de patologia obstrutiva do sono, no Figura 1
Distribuição por género, n=9
entanto a última não tem utilidade quando
feita de forma isolada .
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Este trabalho pretende realizar uma revisão
da literatura e comparar a efetividade
da terapêutica farmacológica com a da
amigdalectomia na remissão de eventos febris
em crianças com síndrome de PFAPA.
Material e Métodos
Os autores analisaram retrospetivamente
casos com diagnóstico de síndrome de PFAFA,
que ocorreram durante o período entre Janeiro
de 2016 e Dezembro de 2021, no Hospital Pedro
Hispano. O estudo baseou-se na informação
obtida através do processo clínico de cada
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