Page 57 - Revista SPORL - Vol 59. Nº2
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TABELA 2
Sensibilidade (S), Especificidade (E), VPP e VPN da PET/CT na deteção de doença locoregional residual no controlo imagiológico pós
QRT
LOCAL* REGIONAL*
PET/CT
S E VPP VPN S E VPP VPN
Overall 50% 73,9% 50% 73,9% 77,8% 80,8% 58,3% 91,3%
< 12 semanas 33,3% 88,8% 50% 80% 50% 72,7% 25% 88,9%
> 12 semanas 62,5% 71,4% 55,6% 76,9% 83,3% 85,7% 71,4% 92,3%
* doentes com resultado inconclusivo em que não se atingiu consenso na classificação (n=3) foram excluídos dos cálculos
com estudo histopatológico positivo para a presença primeiros meses pós tratamento calculou um VPP e VPN
de células tumorais viáveis; 1 doente apresentou de 58% e 98%, valores próximos dos obtidos na nossa ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE
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concomitantemente progressão na localização primária, amostra. Uma possível explicação para o VPN menor
pelo que não realizou EGC e foi tratado com recurso a na nossa amostra é o facto de a PET/CT ser realizada
quimioterapia paliativa. No total da amostra, foram para esclarecimento de TC com resultado equívoco ou
realizados 7 EGC, com 3 resultados positivos para a discrepante de avaliação clínica e não ser realizada por
presença de doença residual. rotina em todos os doentes com CECCP diagnosticados
A PET/CT realizada para avaliação da resposta ao na instituição em certas localizações. A não inferioridade
tratamento demonstrou a presença de metástases à da tomada de decisões com base nos achados da PET/
distância não identificadas em outras modalidades em CT 12 semanas após a conclusão do tratamento face à
17,1% dos indivíduos e identificou o desenvolvimento realização de EGC sistemático em todos os doentes com
de um segundo primário em 1 doente. A presença de CECCP foi demonstrada por Mehanna et al. num estudo
uma hipercaptação locoregional e/ou à distância na prospetivo, randomizado e controlado. 12
avaliação por PET/CT tem associação estatisticamente Neste estudo, que incluiu 564 indivíduos, em que mais
significativa com menor sobrevida, refletindo o seu de 75% dos casos apresentavam doença nodal N2a ou
elevado valor preditivo negativo (p=0,006; figura 2). N2b, não foram encontradas diferenças na sobrevida
entre o grupo de doentes que realizou EGC de forma
FIGURA 2
Comparação entre resultado da PET/CT realizada para sistemática após a conclusão do tratamento e o grupo
avaliação da resposta ao tratamento e a sobrevida de doentes que realizou vigilância imagiológica. Apenas
se realizou EGC se detetada doença nodal residual na
PET/CT, com cerca de 80% dos doentes deste grupo a
não realizarem EGC sem impacto negativo na OS. A
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recomendação atual é a realização de EGC em doentes
com PET/CT positiva ou de resultado equívoco.
O estudo de Moeller et al. suporta a conclusão que
a realização de PET/CT não aporta vantagens sobre
imagiologia convencional por TC na avaliação de
doentes não selecionados com CECCP em estadio
avançado, exceptuando doentes com alto risco de
falência terapêutica. Na nossa amostra, não se
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verificou associação entre a classificação de resposta
completa na TC e SLD (p=0,364); no entanto, quando
comparadas PET/CT negativa para doença residual
locoregional e SLD, obtém-se uma associação
estatisticamente significativa (p=0,004). Os achados
deste estudo suportam uma superioridade da avaliação
combinada PET/CT face à avaliação convencional por TC
DISCUSSÃO isoladamente. Na amostra em estudo, verificou-se uma
O presente trabalho demonstra que a PET/CT é uma taxa de FP de 65% na avaliação por TC, que decresce
modalidade de imagem eficaz na exclusão de doença para 20% após avaliação subsequente por PET/CT.
metastática cervical residual pós tratamento, com VPN Uma vez que avaliações imagiológicas tardias são
para o desenvolvimento de doença nodal a 12 meses mais precisas, uma possível limitação desta conclusão
de 91,3%. Uma meta-análise recente que englobou 22 baseia-se no facto de a avaliação por TC e PET/CT se
estudos com 1423 doentes que realizaram PET/CT nos 6 realizarem, em média, com 5,5 semanas de diferença.
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