Page 12 - Revista SPORL - Vol 58. Nº1
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TABELA 3                                                                      Número de casos (%)
Resultado histológico da biópsia pré-operatória                                       12 (29)
                                                                                       1 (43)
                                  Patologia                                            1 (14)
                             Papiloma Invertido                                       15 (100)
                           Pólipos Inflamatórios
                             Papiloma Exofítico

                                     Total

TABELA 4                                          Número de casos (%)         % Cumulativa
Recidiva de PIN                                           2 (28.6)                 28.6
                                                          3 (42.9)                 71.5
                     Recidiva                             1 (14.3)                 85.8
                       0–1A                               1 (14.3)                  100
                       1–2A
                       2–3A
                       3–5A

apresentaram diagnóstico definitivo de PIN. Verificou-      e idade não influenciaram a taxa de recidiva.13 No nosso
se displasia em dois casos (9%) e não se verificou          estudo, o tabagismo esteve associado a maior taxa de
transformação maligna. Não se verificou relação             recidiva (50% vs. 21.4%, p>0.05) mas não foi um fator
significativa entre alterações histológicas e recidiva      preditor de recidiva.15 Um estudo que incluiu 54 doentes
(p=0.55).                                                   com PIN, reportou maior taxa de recidiva no grupo de
                                                            fumadores (42.9% vs. 8.5%).13 Para além de ser um fator
Recidiva: O intervalo de tempo mediano entre a cirurgia     etiológico de carcinoma epidermoide (CEC), os autores
e recidiva foi de 24 ± 15 meses (mín.: 11 , máx.: 72). A    sugerem que a inflamação e edema da mucosa induzidas
recidiva ocorreu nos primeiros 12 meses em 25% (n=2)        pelo tabaco contribuem para exérese incompleta e
e entre os 12 e os 24 meses em 37.5% (n=3). Apesar da       maior taxa de recidiva.13 Tal como em estudos prévios,
maioria das recidivas ocorrerem nos primeiros dois anos     a exposição ocupacional não foi um fator preditivo de
de seguimento, com incidência cumulativa de 71.4%,          recidiva.12
registaram-se recidivas até 5 anos pós-operatoriamente      Os PIN, tal como outros tumores nasais, tendem
(tabela 4).                                                 a apresentar-se tardiamente com sintomatologia
                                                            inespecífica.1 A obstrução nasal unilateral foi a principal
Fatores Preditivos de Recidiva: Para avaliar os fatores     manifestação clínica. Não ocorreu nenhum diagnóstico
preditivos de recidiva realizou-se análise de regressão     incidental imagiológico, apesar de descritos na literatura
logística multipla (método forward stepwise, likelihood     em 4 – 23% dos casos.2 Ao exame objetivo apresenta-se
ratio). Foram consideradas as seguintes variáveis:          como neoformação unilateral, lobulada e de consistência
género, idade, hábitos tabágicos, estadiamento de           firme, com superfície irregular e friável.1 Contudo, numa
Krouse (precoce vs. avançado), localização no seio frontal  minoria dos casos a avaliação endoscópica apenas revela
e abordagem cirúrgica primária. O modelo contendo o         a presença de pólipos nasais, com diagnóstico presuntivo
estadiamento de Krouse foi significativo [X2(1) = 5.451; p  de polipose nasal (PN) inflamatória. A análise histológica
= 0.020, R2 Cox & Snell = 22%, R2 Nagelkerke = 31%). De     de doentes submetidos a CENS por PN revela PIN em 1%
acordo com esta análise, os PIN com estadio de Krouse       dos casos.1
avançado apresentaram um risco relativo de recidiva 10      Os objetivos do estudo imagiológico incluem a avaliação
vezes superior (OR= 10, IC 95% 1.26 – 79.4, p=0.029).       da extensão tumoral, do local de origem do PIN e de sinais
Não se identificaram outras variáveis independentes         suspeitos de comportamento maligno.1 Apesar de não
preditivas de recidiva.                                     existirem alterações patognomónicas, o PIN geralmente
                                                            apresenta-se como uma massa unilateral com densidade
DISCUSSÃO                                                   de tecidos moles, geralmente centrada no meato médio e
No período do estudo foram submetidos a cirurgia            com extensão nasossinusal.2 A TC é um ótimo método de
primária 22 doentes com PIN. As características             imagem para identificar as alterações ósseas subjacentes.
demográficas da nossa amostra são semelhantes a             Os PIN causam remodelação e reabsorção óssea com
estudos prévios, que descrevem predomínio do sexo           adelgaçamento ósseo. A presença de destruição óssea
masculino (ratio de 2-5:1) e pico de incidência entre a 5ª  indica um comportamento mais agressivo.16 Por outro
e 6ª décadas1,2. Tal como descrito na literatura, o género  lado, áreas de hiperostose focal parecem indicar o local

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