Page 20 - Portuguese Journal - SPORL - Vol 55 Nº2
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endoscópicos na cirurgia nasal, a DCR Endoscópica (DCR   Os critérios de exclusão utilizados foram:
          En)  tem vindo a tornar-se o procedimento de eleição   Sintomatologia  do  sistema  lacrimo-nasal,  patologia
          para  o  tratamento  cirúrgico  da  obstrução  do  DNL  em   congénita  ou  adquirida  deste  sistema,  quadro  de
          vez da abordagem externa.                         rinossinusite,  cirurgia  prévia  do  foro  ORL,  idade
          As duas abordagens têm sido comparadas e os estudos   pediátrica (< 18 anos).
          indicam que as taxas de sucesso e os tempos cirúrgicos
          são sobreponíveis, mas apontam para menor número   Protocolo de TC SPN
          de complicações com a DCR En. 2,3,4               Em todos os doentes realizou-se um estudo volumétrico
          O sucesso e a segurança da DCR En dependem de um   axial  com  1,5  mm  de  espessura  com  reformatações
          conhecimento  abrangente  da  anatomia  da  parede   axiais, coronais e sagitais, com baixa dose de radiação
          medial da fossa lacrimal (FL), do DNL, e principalmente     (92 mAs).
          da parede lateral das fossas nasais (FN). As principais     A  análise  dos  cortes  de  TC  foi  realizada  através  do
          referências  endoscópicas  para  aceder  à  FL  incluem  a   sistema PACS Gateway por dois otorrinolaringologistas.
          axila do corneto médio (CM) e a apófise unciforme (AU).
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          A axila do CM corresponde à porção mais anterior da   Análise estatística
          inserção do CM na parede externa das FN. Na literatura,   Os parâmetros estudados foram analisados através da
          a relação desta estrutura com a FL não é clara, alguns   seguinte metodologia:
          estudos indicam que a axila do CM se localiza no limite   1. Relação da porção anterior da cabeça CM e a FL: nos
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          superior do saco lacrimal , enquanto outros reportam   cortes  axiais  foi  definido  um  plano  através  da  junção
          que parte do saco lacrimal fica acima desta estrutura. 7  entre as suturas lacrimo maxilares e observado a porção
          A  AU,  parte  do  etmóide  anterior,  é  uma  fina  lamela   mais anterior da cabeça do CM (Figura 1.). A posição da
          óssea  cuja  porção  anterior  tem  intima  relação  com  a   cabeça do CM foi classificada em anterior, adjacente e
          FL, contudo a sua relação com as estruturas do sistema   posterior. Foram utilizados ambos os lados (N=200).
          lacrimal tem sido pouco documentada. 5,8
          Alguns  destes  estudos  sugerem  que  a  AU  pode   FIGURA 1
          sobrepor-se à FL e que terá de ser removida para aceder   Classificação da posição da cabeça do CM, definido por um plano
          a esta estrutura. A AU localiza-se entre o CM e a parede   (linha vermelha) através da junção entre as suturas lacrimo
          lateral,  a  este  nível  a  pneumatização  do  grupo  de   maxilares. À esquerda a cabeça do CM é anterior e à direita
          células etmoidais explica as variações significativa desta   posterior em relação à fossa lacrimal.
          estrutura em relação à FL.
          A Agger Nasi (AN) é a célula mais constante e anterior
          do etmóide, relacionando-se ínfero-lateralmente com a
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          FL e o inicio do canal naso lacrimal (CNL).
          Alguns  estudos  demonstram  que  para  aceder  à  FL  é
          necessário  remover  esta  célula  devido  à  sua  posição
          anterior em relação à crista lacrimal posterior, podendo
          desta forma sobrepor-se, em diferentes graus, à FL.
          As variações anatómicas significativas do meato médio
          em relação aos seus pontos de referencia convencionais
          (CM, AU) e destes com a via lacrimal tornam difícil a
          reprodutibilidade  de  uma  técnica  de  abordagem
          endonasal  baseada  puramente  em  parâmetros
          anatómicos. Estes aspectos traduzem a dificuldade de
          padronização da DCR-En.
          O  conhecimento  da  morfometria  desta  região
          permite  um  plano  cirúrgico  preciso  e  a  melhoria  da
          estandardização da técnica de DCR En.

          MÉTODOS
          Desenho do estudo:
          Estudo  transversal,  retrospectivo,  realizado  através
          de  imagens  de  Tomografia  Computorizada  dos  Seios   2. Espessura do ramo ascendente do osso maxilar: nos
          Perinasais (TC SPN) em uma amostra de 100 doentes.   cortes  axiais,  utilizou-se  como  referência  o  primeiro
          Os critérios de inclusão foram: doentes em idade adulta   corte abaixo da axila do CM e o bordo anterior da FL.
          (≥18  anos)  com  TAC  SPN  realizada  no  Hospital  Santa   Esta  medida  correspondeu  à  distância  definida  por
          Maria com o mesmo protoloco de execução.          duas linhas paralelas: uma linha tangente à porção mais
                                                            lateral  do  ramo  ascendente  da  maxila,  e  outra  linha


       82  REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL
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