Page 22 - Portuguese Journal - SPORL - Vol 55 Nº2
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O tratamento de dados foi realizado através do R DCR En são as sinéquias entre a cabeça do CM e a parede
statistical software version 3.0.2 for Mac OS X. externa, 5,10 assim como a persistência da axila do CM , os
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autores colocam a hipótese que a turbinectomia parcial
RESULTADOS média anterior seja necessária pelo menos em metade
A amostra foi constituída por 59 doentes do sexo dos procedimentos de DCR En, ou seja, sempre que a
feminino e 41 doentes do sexo masculino, com uma cabeça do CM se encontre anterior ou adjacente à FL.
média de idades de 51 anos, compreendidas entre os Na pesquisa bibliográfica efectuada este procedimento
18 e 87 anos de idade. Os resultados dos parâmetros é realizado em 1.5-74% dos casos 11,12 . Ainda a favor
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analisados foram os seguintes: desta hipótese Basmak et al. , num estudo comparativo
1. Relação da porção anterior da cabeça CM e a FL: entre doentes submetidos a DCR En isolada e doentes
A porção anterior da cabeça do CM foi anterior em submetidos a DCR En e turbinectomia parcial média,
45.5%, adjacente em 10% e posterior em 44.5% dos obtiveram que o procedimento de DCR En isolado
casos (Figura 1). esteve associado a uma maior taxa de insucesso.
2. Espessura do ramo ascendente do osso maxilar: Espessura do ramo ascendente do osso maxilar –
Mediu em média 5.2 mm (3-8.9 mm). Figura 2
O valor médio da espessura do ramo ascendente do
3. Relação da AU com a FL: osso maxilar foi de 5.2 mm, variando de 3-8.9 mm.
A AU foi pós lacrimal em 52% dos casos , lacrimal em 33% Na literatura pesquisada não foram encontrados valores
dos casos e pré lacrimal em 15% dos casos (Figura 3). para esta medida.
Os autores consideram esta medida importante, quer
4. Comprimento do CNL: na avaliação pré cirúrgica, uma vez que poderá ajudar
Mediu em média 8.12 mm (3.75-19.5 mm). na escolha do tamanho da broca a utilizar, e permitir
maior segurança para o alargamento da osteotomia
5. Comprimento da FL: num plano mais anterior.
Mediu em média 11 mm (4.5-17.25 mm). Na literatura, a DCR En assistida por laser parece
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ter menor taxa de sucesso , o valor obtido para a
6. Distância entre CNL e a inserção óssea do CM: espessura do processo frontal explica em parte este
Mediu em média 4.8 mm (0-12 mm). insucesso, uma vez que o laser é apenas eficaz para o
osso lacrimal que tem menor espessura, podendo o
7. Relação da FL com a inserção óssea do CM: uso excessivo de laser utlizado na tentativa de remover
Aproximadamente 60% da FL localiza-se acima da o osso espesso do processo frontal provocar dano da
inserção do CM. mucosa e posterior tecido fibrótico.
8. Distância entre a FL e a AN: Relação da AU com a FL – Figura 3
A incidência de AN foi de 97%. A AU é considerada uma das referências anatômicas
A distância entre o limite inferior da FL e o limite inferior para a DCR En. Não é claro na literatura se a AU é
da AN foi em média 6 mm (0-17.3 mm). Em 60% dos anterior ou posterior à FL. Uma localização anterior
casos esta distância foi inferior a 7 mm. implicaria uma uncifectomia parcial para aceder à FL na
abordagem endoscópica.
DISCUSSÃO Considerando a inserção da porção vertical da AU
Relação da porção anterior da cabeça CM e a FL: na parede externa considerou-se que esta estrutura
Os resultados demonstraram que a cabeça do CM se poderia ser pré lacrimal, lacrimal ou pós lacrimal em
encontrou em posição anterior em 45.5%, adjacente relação à FL. Os resultados obtidos demostraram que a
em 10% e posterior em 44.5% dos casos, relativamente AU foi pós lacrimal em 52% dos casos, lacrimal em 33%
à FL. Estes resultados poderão ter sido influenciados dos casos e pré lacrimal em 15% dos casos.
pelas alterações fisiológicas do ciclo nasal inerentes à Estudos recentes demonstram que existe algum grau de
mucosa da cabeça do CM. Contudo o facto de terem sobreposição da AU à FL 14,15 , sugerindo que para aceder
sido analisados os dois lados da cavidade nasal diminui à FL será necessário realizar uma uncifectomia.
este viés. Este procedimento é feito de forma muito inconsistente
Se consideramos em conjunto as posições anterior na literatura, variando de 0-95% dos casos, para alguns
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e adjacente, o valor obtido é de 55.5%. Sendo estes autores esta estrutura deve ser sempre preservada ,
resultados sobreponíveis aos encontrados por Fayet enquanto outros utilizam este procedimento como
et al. , que reportaram que a axila do CM se projeta standart em todas as DCR En. 8
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na FL em 53.2% dos casos, o que contradiz a noção A necessidade de retirar a AU é ainda muito controversa,
convencionada de que a axila do CM é posterior à FL. contudo em situações selecionadas os estudos parecem
Tendo em conta que, uma das causas de insucesso da demonstrar que este procedimento está associado a
84 REVISTA PORTUGUESA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL

