Page 59 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 49. Nº3
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Aspergilose rinossinusal invasiva
Invasive nasal and paranasal aspergillosis
Conceição Peixoto José Bastos Carlos Ribeiro
RESUMO ABSTRACT
A aspergilose rinossinusal é uma entidade clínica rara. Rhinosinusal aspergillosis is a rare clinical entity. However,
Contudo, particularmente em doentes imunodeprimidos, particularly in immunocompromised patients, can present
pode apresentar-se sob a forma de quadros invasivos graves itself as a severe invasive form and can be potentially fatal. CASO CLÍNICO CASE REPORT
e potencialmente fatais. A identificação desta patologia e das The identification of this pathology and its associated
complicações associadas nem sempre é fácil. A divulgação das complications is not always easy. The disclosure of the different
diferentes apresentações auxilia o diagnóstico. presentations helps the diagnosis.
Os autores apresentam o caso clínico de uma doente com The authors present the case of a patient with a fulminate
uma forma invasiva fulminante de aspergilose rinossinusal, invasive form of rhinosinusal aspergillosis, which highlights
onde se sobressaem dificuldades diagnósticas e aspectos diagnostic difficulties and relevant therapeutic aspects.
terapêuticos relevantes. Prompt diagnosis and treatment may prevent the high
O pronto diagnóstico e tratamento podem evitar a elevada mortality associated with this condition. Orbital and
mortalidade associada a esta condição. Complicações intracranial complications are the most frequent and should
orbitárias e intracranianas estão entre as mais frequentes e be promptly identified and treated. The combination of
devem ser prontamente identificadas e tratadas. A associação medical and surgical treatment is a good therapeutic option.
de tratamento médico e cirúrgico é uma boa opção terapêutica. Keywords: Aspergillosis, rhinosinusal, complications.
Palavras-chave: Aspergilose, rinossinusal, complicações.
INTRODUÇÃO
A infecção fúngica dos seios perinasais é uma entidade
clínica que não deve ser esquecida na prática diária. Os
agentes patogénicos mais frequentes são o Aspergillus e
Mucor . Assume apresentações variadas, que vão desde
1
formas benignas e não invasivas até formas agressivas
fulminantes .
1,2
A forma mais comum de infecção é o micetoma, que é
uma lesão benigna e com bom prognóstico .
3
A aspergilose invasiva fulminante é uma forma grave
de invasão e destruição nasossinusal, podendo estar
associada a uma mortalidade elevada de até 80% 2,3,4,5,6 .
Condiciona uma infiltração e destruição óssea, com
invasão frequente da órbita e intracraniana . Está
3,7
fortemente associada a estados de imunossupressão,
contudo, vários relatos recentes mostraram invasão
Conceição Peixoto
Interno Complementar de ORL – Centro Hospitalar de Coimbra, EPE fúngica em indivíduos imunocompetentes 1,3,4,5,7 .
José Bastos São poucos os estudos relativos a esta patologia, sendo
Assistente Hospitalar Graduado de ORL – Centro Hospitalar de Coimbra, EPE
uma grande parte deles relativos à descrição de casos
Carlos Ribeiro
Director do Serviço de ORL – Centro Hospitalar de Coimbra, EPE clínicos, sendo por isso os dados epidemiológicos
pobres e variáveis entre diferentes populações .
7
Correspondência: Os autores apresentam o caso clínico de uma
Maria da Conceição de Paiva Peixoto
Travessa do Merouço, 137 forma invasiva fulminante num contexto de uma
4535-425 Santa Maria de Lamas - Portugal
E-mail: saopeixoto@gmail.com imunossupressão.
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