Page 61 - Revista Portuguesa - SPORL - Vol 49. Nº3
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DISCUSSÃO                                          prognóstico  muito  desfavorável  (mortalidade  de  50-
         A germinação intranasal de esporos fúngicos condiciona   80%). É fundamental suspeitar precocemente e adoptar
                                                                                                  2,8
         a  sua  proliferação,  invasão  e  destruição  dos  tecidos   medidas diagnósticas e terapêuticas imediatas .
         adjacentes, com uma inflamação inespecífica e necrose
         vasculares e ósseas. Pode clínica e histopatologicamente   Referências Bibliográficas
         classificar-se  em  formas:  invasiva  indolor,  invasiva   1.Ramadan H. Sinusitis Fungal. Emedicine; 2009. Consultado a 02 de
         crónica (granulomatosa e não granulomatosa) e invasiva   Abril de 2010.
                        1,2
         aguda fulminante .                                 2.Coste A, Bretanhe S, Jankowski R. Mycoses rhinosinusiennes. Encycl
         Diversos  factores  podem  propiciar  a  ocorrência   Méd Chir Oto-rhino-laryngologie. Elsevier. 2003; 20-455-A-10: 6-11.
         desta  infecção  e  subsequente  propagação,  sendo  a   3.Patron V, Oreel S, Caire F, et al. Endonasal Trans-Ethmoidal Drainage
         imunosupressão  o  mais  relevante.  A  radioterapia,  a   of a Cerebral Abscess. Skull Base. 2010; 20 (5): 389-392.
         antibioterapia  prolongada  ou  a  preexistência  de  uma   4.Kasapoglu  F,  Coskun  H,  Ozmen  OA,  et  al.  Acute  invasive  fungal
         sinusite são outros dos factores a considerar 1,2,8,9 .   rhinosinusitis:  evaluation  of  26  patients  treated  with  endonasal  or
         No  caso  clínico  apresentado  essa  imunossupressão,   open  surgical  procedures.  Otolaryngol  Head  and  Neck  Surg.  2010;
         decorrente de vários ciclos de quimioterapia, não era   143(5): 614-620.                                  CASO CLÍNICO CASE REPORT
         evidente inicialmente, acabando por revelar-se com o   5.Park  AH,  Muntz  HR,  Smith  ME,  et  al.  Pediatric  invasive  fungal
         desenrolar do processo infeccioso.                 rhinosinusitis  in  immunocompromised  children  with  cancer.
         O  aparecimento  de  edema  palpebral  ou  celulite   Otolaryngol Head Neck Surg. 2005; 133(3):411–416.
         orbitária representa frequentemente uma complicação   6.Finkelstein  A,  Contreras  D  ,  Pardo  J,  et  al.  Paranasal  sinuses
         de sinusite aguda, cujo agente poderá ser fúngico.   computed  tomography  in  the  initial  evaluation  of  patients  with
         O  desconhecimento  inicial  da  etiologia  envolvida   suspected  invasive  fungal  rhinosinusitis.  European  Archives  of  Oto-
         obriga  à  utilização  empírica  de  antibioterapia.  A   Rhino-Laryngology. 2011;268: 1157-1162.
         rapidez  de  evolução  faz  com  que  frequentemente   7.Knipping S , Holzhausen HJ, Koesling S, et al. Invasive aspergillosis of
         surjam  apresentações  já  muito  complicadas,  com   the paranasal sinuses and the skull base. European Archives of Oto-
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         invasão  de  estruturas  nobres  adjacentes .  Este  facto   Rhino-Laryngology. 2007; 264 (10): 1163-1169.
         é ainda mais importante quando falamos em doentes   8.Souza  ATCL, Soares YCMM, Valentim Filho J, Santos P C R, et al.
         imunodeprimidos.  No  caso  clínico  em  questão,  a   Aspergioma de seio frontal com expansäo para a órbita: revisão. J Bras
         imunosupressão e a existência de episódios precedentes   Med. 1995; 69(5/6): 124-31.
         de  rinossinusite  poderá  ter  contribuído  para  esta   9.Mannning  S.  Fungal  Sinusitis.  Rhinology  and  Sinus  Disease.  A
         invasão extensa.                                   Problem-Oriented  Aproach. 1998; 12: 99-104.
         A  imagiologia  não  é  diagnóstica,  não  existindo  sinais   10.Dornbusch H J, Manzoni P, Roilides E, Walsh TJ, Groll AH. Invasive
         tomográficos  específicos  da  rinossinusite  fúngica   Fungal Infections in Children. Pediatr Infect Dis J. 2009; 28(8):734-737.
         invasiva,  embora  várias  opacidades  nasossinusais,   11.Herbrecht  R,  Denning  D,  Patterson  T,  et  al.  Voriconazole  versus
         necrose  óssea,  extensão  orbitária  e  intracraniana   Anphotericin B for primary therapy of Invasive Aspergillosis. N Engl J
         possam ser observadas. A ressonância magnética ajuda   Med. 2002; 347: 408-415.
         a delimitar a extensão da lesão 2,9,10 .
         A abordagem cirúrgica é o tratamento de escolha, sendo
         importante  para  drenagem  de  colecções,  bem  como
         para extirpar os tecidos invadidos. O tratamento médico
         é indicado após a cirurgia. Neste âmbito o Voriconazol
         tem-se  mostrado  promissor 2,10 .  O  Voricanozol  é  um
         derivado triazólico de amplo espectro que é activo contra
         espécies de Aspergillus. Em pacientes com aspergilose
         invasiva,  o  tratamento  inicial  com  Voriconazol  parece
         conduzir a melhores respostas terapêuticas e melhorar
         a  sobrevida,  apresentando  menos  efeitos  colaterais
         graves do que a abordagem padrão da inicial de terapia
         com Anfotericina B .
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         COMENTÁRIOS FINAIS
         A  rinossinusite  fúngica  invasiva  é  rara,  no  entanto
         as  suas  formas  invasivas  fulminantes  podem  ter  um



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